Centro de Síntese USP Cidades Globais: Projeto em andamento no IEA-USP – Polo de São Carlos

(Créditos – UNICEF)

USP Cidades Globais – Uma abordagem em sustentabilidade a partir da educação é o tema de um dos grupos de pesquisa aplicada que atualmente compõe um dos vetores do trabalho desenvolvido no Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA) e no IEA – Polo de São Carlos, essencialmente dedicado ao ensino, desenvolvido por vários pesquisadores, entre docentes, pós doutorandos e alunos de pós-graduação, inclusive com um mestrado profissional no Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB) – VER AQUI -, que está sendo coordenado pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), em conjunto com mais oito universidades. O Prof. Tadeu Malheiros, docente e pesquisador da EESC/USP, é o coordenador desse grupo de pesquisa cujo público alvo é o conjunto de educadores que atuam em espaços formais e não formais de  educação. “São pesquisas aplicadas para o desenvolvimento de diversos materiais educacionais para o ensino das ciências ambientais, todas conectando a USP com a sociedade.

O primeiro desses projetos, talvez o mais longo, é uma parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além de outros, na própria USP, com financiamento através de editais da Pró-Reitoria de Extensão (PRCEU) e da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), informa Tadeu Malheiros, acrescentando que,  no caso da PRCEU, esse projeto leva ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para dentro das escolas, enquanto o da PRG estimula os alunos da graduação a trabalharem os ODS num contexto de ensino “extramuros”.

Água… Tema fundamental e sempre presente

Ariane Baffa Lourenço

A importância da preservação da água no contexto geral deste grupo de pesquisa apresenta-se como tema fundamental, além de outros dois componentes que integram a abordagem do NEXO – alimento e energia. Com experiência na área de Educação, com ênfase em Processos de Ensino e Aprendizagem e Formação de Professores de Ciências, Ariane Baffa Lourenço, com doutorado na Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências na Universidade de São Paulo, é pós-doutoranda do Programa Centro de Síntese Cidades Globais IEA/USP – Polo São Carlos e comenta os objetivos de sua pesquisa. “O meu projeto “Implementação e análise de ações educativas no contexto do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais” faz, primeiramente, uma análise dos materiais produzidos no contexto do PROFCIAMB que podem ser introduzidos em sala de aula ou em espaços de aprendizagem não-formal, possuindo, como foco, o tema água e a gestão dos recursos hídricos. Ou seja, pensar e propor projetos e ações educativas que, através de fascículos, ou de guias educacionais, possam enriquecer o mestrado profissional de forma a que esse conteúdo possa ser amplamente utilizado e disseminado pelos professores junto dos alunos da Educação Básica e sempre no âmbito temático da água”, sublinha Ariane. Além disso, segundo a pesquisadora, está sendo ofertado o curso de extensão “Água e Gestão de recursos hídricos: abordagens em contexto educacional pelo método de estudo de caso“ cuja finalidade é entrar na temática de água e a gestão de recursos hídricos e associá-la com uma estratégia de ensino. Este curso abriu 100 vagas, e é resultado de um trabalho integrado que conta com o engajamento de docentes e pós doutorandos dos mestrados profissionais, o PROFCIAMB e o PROFÁGUA (Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos), contando com a colaboração da Profa. Dra. Salete Linhares Queiroz, do Instituto de Química de São Carlos da USP.

Abastecimento de água e universalização do saneamento básico

Thelmo Branco Filho

O Prof. Thelmo Branco Filho, é Pesquisador-Colaborador no Programa Centro de Síntese Cidades Globais IEA/USP, Professor Visitante na Universidade Federal do Rio Grande – FURG/FaDir, Professor da Rede do Programa de Pós Graduação Mestrado Profissional em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais – Associada USP, Avaliador do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – BaSis – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP e Pós-doutor pelo Programa Centro de Síntese Cidades Globais IEA/USP; e integra essa equipe interdisciplinar, uma vez que sua formação é em Direito e em Ciências Sociais. Sua experiência levou-o a trabalhar numa espécie de interface deste projeto, atuando em um contexto político da universalização do saneamento básico, sobretudo o acesso à água potável aos menos favorecidos, sendo sua missão levar esse cenário para dentro da sala de aula. “Venho desenvolvendo uma pesquisa na linha das questões da regionalização, na questão de saneamento básico nos municípios da bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari, Jundiaí), com um destaque especial relativo ao abastecimento de água e como toda a dinâmica se processa”, enfatiza o Prof. Thelmo, que defende uma integração sólida entre instituições, academia e sociedade civil, para poder alcançar, em 2030, um índice satisfatório dessa universalização no contexto da saúde pública, segundo as metas do ODS 6 – Água Potável e Saneamento. Para o coordenador do grupo, Prof. Tadeu Malheiros, as questões relacionadas com saneamento básico têm a ver com informação sobre direitos fundamentais. “No contexto da saúde pública, as populações têm direitos assegurados pela legislação brasileira. Então, mesmo que elas estejam em condição de vulnerabilidade, ou seja, em aglomerados subnormais ou em favelas, nem por isso elas devem ser deixadas de fora da universalização que defendemos.

(Créditos – “Cidades Inteligentes”)

Então, é preciso trabalhar esse conceito dos direitos fundamentais e sociais, e claro, das obrigações, a partir da escola. Esse é um papel também que a gente tem levado às escolas, principalmente no que diz respeito à água, que é um direito humano a partir da saúde e do próprio direito à vida. Tudo isso está implicado e aí a escola é o ponto de partida desse processo”, sublinha o pesquisador. Assim, para ampliar essas reflexões em âmbito escolar, sobretudo, na Educação Infantil, o Prof. Thelmo Branco Filho orienta a pesquisa de mestrado, no Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Rede para Ensino das Ciências Ambientais-PROFCIAMB, da acadêmica Karen Cristina Pinheiro Mussetti, que tem como objetivo planejar, implementar e avaliar uma sequência didática para a Educação Ambiental, elaborado em colaboração aos professores da Educação infantil, da Escola CEMEI Walter Blanco, no Município de São Carlos/SP, sobre a temática do consumo consciente da água, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos do Desenho Universal para a Aprendizagem com o intuito de minimizar possíveis barreiras em sala de aula e favorecer uma educação para todos.

Sistemas integrados de educação em defesa da sustentabilidade

Vinicius Perez Dictoro

Vinculado a um projeto da PRCEU/USP, o tema do pós-doutorado do pesquisador Vinicius Perez Dictoro no Programa Centro de Síntese Cidades Globais IEA/USP- Polo São Carlos, é bastante amplo, alinhado com a tríade das universidades, congregando o Ensino – apoio às monitorias das disciplinas universitárias -, Pesquisa e Extensão, esta última considerada como principal. “O nosso objetivo é desenvolver sistemas integrados de educação, tendo em vistas a sustentabilidade. Com isso, visa-se a realização de ações específicas com sistema de aquaponia, aproveitamento de água da chuva, energia solar, horta e compostagem, que são alguns dos exemplos que estamos desenvolvendo e aprimorando em duas escolas de ensino formal, na circunstância, a Escola Sebastião de Oliveira Rocha, aqui em São Carlos, e na Escola Dr. João Gilberto Sampaio, em Ribeirão Preto, e também no ensino não formal, por meio da parceria com o CDCC aqui da USP, na cidade”, relata o pesquisador.

Tadeu Malheiros

Embora essas instituições de ensino já apresentem algumas infraestruturas relacionadas com sustentabilidade, a ideia é contribuir com professores e alunos, identificando novas possibilidades de ensino, atividades e práticas que podem contribuir com o ensino e aprendizagem dos alunos. “No CDCC, por exemplo, existe a intenção de montar um sistema de aquaponia integrado no quintal agro-ecológico. O objetivo é que as pessoas, os visitantes, outras escolas possam conhecer o que é aquaponia, que é o cultivo de plantas e peixes no mesmo sistema, com um consumo muito baixo de água. A única água que é trocada no sistema é a água de evaporação, então essa fica sempre como água de recirculação. É uma produção que contribui e impacta menos o meio ambiente, então ela tem um papel fundamental ao pensarmos na sustentabilidade”, pontua Vinicius, acrescentando que todo o embasamento teórico sobre esses sistemas, que incluem água, alimento e energia, é feito a partir da pesquisa científica, e que todos esses projetos irão ser acompanhados mesmo após serem concluídos, para que permaneçam ativos.

Missão em Portugal

Pronta para viajar para Portugal em missão, a equipe do Prof. Tadeu Malheiros está planejando ampliar o alcance do mestrado profissional aos países de língua oficial portuguesa. “Sabendo que Portugal é um interlocutor privilegiado junto dos países de língua portuguesa, principalmente no continente africano, a ideia é juntar esforços para criar uma turma internacional, recebendo aqui os alunos, obviamente em tempo não integral. A intenção é que os alunos venham por um ou mais períodos, atendendo a que as pesquisas devem ser feitas nos seus países de origem, quer seja em Angola, Moçambique, Guiné, etc. Esse projeto, essa intenção, estabelece uma ponte importante quando olhamos para o programa “USP Cidades Globais” do IEA. Porque nós estamos falando num contexto onde surge o Brasil e outros países que têm situações de vulnerabilidades similares, principalmente nessa intenção de realinhar as cidades dentro dos paradigmas do desenvolvimento sustentável. Estamos bastante ansiosos com os resultados potenciais que esse projeto pode trazer, salientando que isso perpassa todas as questões de saneamento básico e sua universalização já comentada anteriormente”, enfatiza o pesquisador.

De fato, a água permanece um problema global e o acesso a ela, principalmente pela população mais pobre, é uma questão ainda mais crítica, algo que, segundo o Prof. Tadeu Malheiros, é o maior desafio das pesquisas que estão sendo realizadas. “Obviamente, temos que levar essa preocupação para dentro das escolas e torná-la abrangente”, conclui o pesquisador, enaltecendo os apoios que foram e estão sendo concedidos para todo o projeto, emanados não só da Universidade de São Paulo (USP), como, também, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que têm aportado os mais diversos recursos, algo que se enaltece.

Por Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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