Planejamento de estações e linhas de trem e Metrô exige profissionais de diversas áreas

Segundo Antonio Clóvis Ferraz, o trabalho é multidisciplinar e envolve profissionais das áreas de engenharia, arquitetura, economia, urbanismo e história

O processo logístico leva em conta a análise do trajeto origem-destino, a demanda e o local de construção – Foto: Pixabay

 

As linhas de trem e de Metrô paulistas transportam diariamente cerca de 5,3 milhões de passageiros, conforme a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. A rede metroferroviária paulista é a maior do País, com 13 linhas e 183 estações.

O Metrô difere do trem, como explica o professor Antônio Clóvis Ferraz, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP: “A gente fala de Metrô quando é um transporte em geral subterrâneo ou aéreo, que não interfere com o sistema viário existente. No caso do trem, ele opera transportando passageiros dentro de uma cidade que cresceu, ele aproveita uma linha existente no transporte ferroviário normal”.

Mas, quanto à questão de planejamento para a construção e logística, ambos exigem o mesmo nível de atenção e preparo de uma equipe multidisciplinar.

Antônio Clóvis Ferraz – Foto: Reprodução/Fapesp

Equipe

Para começar o planejamento da obra é necessário verba. O professor pontua que é muito comum o governo municipal, o Estado e a União se unirem para arcar com as despesas desse novo transporte.

Além disso, uma equipe multidisciplinar atua no projeto: “Envolve profissionais de diversas áreas: engenharia, arquitetura, economia, urbanismo e história. Enfim, é um trabalho que envolve profissionais de diferentes áreas”, pontua o professor.

Estações 

O processo logístico leva em conta a análise do trajeto origem-destino, a demanda e o local de construção, além de saber como as viagens se distribuem no espaço e no tempo, quais são os locais com maior concentração de pessoas e até questões de patrimônio histórico.

A pressão sociopolítica também é um fator determinante para a construção de estações. A maioria gostaria de morar próximo a uma linha de Metrô, já que isso facilitaria o deslocamento entre diversos pontos urbanos. Mas a requisição pode vir de forma contrária também: “Nós tivemos, algum tempo atrás, uma pressão política muito forte que os planejadores foram obrigados a mudar a posição da estação. Isso porque os moradores que viviam no bairro nobre sentiam que a estação de Metrô poderia comprometer a qualidade de vida do bairro, trazer violência, trazer muito movimento”, pontua o professor. Esse caso aconteceu em Higienópolis. Os moradores alegaram que a estação Angélica, da linha 6 – laranja, traria inconvenientes.

São Paulo

Para Ferraz e outros profissionais da área de transporte, São Paulo precisa investir bastante em ampliar sua rede de linhas para promover uma boa qualidade de vida para a população e ficar ainda melhor. O professor adiciona: “O modelo de São Paulo é fantástico, é exemplo até para os outros países do mundo. O Metrô é muito caro, mas de grande valor para o povo, considerando a qualidade do transporte”.

Por Alessandra Ueno – Jornal da USP

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