Pós-graduandos da USP podem cursar nova disciplina sobre riscos e catástrofes globais

Parceria entre institutos de estudos avançados de universidades brasileiras oferece 15 vagas para curso ministrado a distância; inscrições vão até o dia 16 de fevereiro 

Nova disciplina reflete sobre riscos globais, como as enchentes e deslizamentos – Foto: Paulo Hebmuller/Arquivo Jornal da USP

Alunos da pós-graduação da USP podem se inscrever na nova disciplina Riscos Globais, oferecida pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Ela é resultado de uma parceria entre institutos de estudos avançados baseados em universidades brasileiras, integrantes do Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (Fobreav), rede da qual o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP faz parte. As aulas acontecerão às quartas-feiras, das 19h às 21h30, a partir de 6 de março, via plataforma de conferência remota. No total são 15 vagas. A pré-matrícula acontece até as 18h do dia 16 de fevereiro, por meio de formulário on-line.

Elaborada pelo Instituto de Estudos Avançados e Convergentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pode ser oferecida simultaneamente para alunos das universidades da rede. O responsável pela disciplina na USP é o professor Mauricio Pietrocola Pinto de Oliveira, da Faculdade de Educação (FE). O objetivo é abordar riscos e catástrofes globais segundo as vertentes do transumanismo, da teoria da decisão e de sistemas complexos globais, além da saúde e educação. Veja mais informações sobre a disciplina neste link.

De acordo com a ementa, a vida moderna é permeada por formas de perigo produzidas pela própria sociedade. Assim, “viver hoje é assumir riscos em uma atitude calculista em relação às possibilidades de ação, positivas e negativas, com que somos continuamente confrontados”. O curso pretende abordar de que forma essa avaliação da modernidade social impacta o projeto educacional em geral e a educação científica em particular.

Módulos

A disciplina é formada por quatro módulos teóricos (com três aulas cada) e um trabalho de conclusão, contabilizando cinco créditos em 15 semanas de duração. A aula inaugural será realizada no dia 6 de março. Na sequência, acontecerá o primeiro módulo, Riscos globais: a emergência do fator tecnológico (dias 13/3, 27/3 e 3/4), que vai abordar como, ao longo do último século, os conhecimentos geológico e paleontológico eliminaram a visão romantizada da natureza. Evidências científicas demonstram que o planeta Terra já passou por pelo menos cinco eventos de extinção em massa capazes de eliminar a maior parte das formas de vida então existentes. Contudo, um novo fator se fez presente a partir do fim do século 19: a tecnologia humana tem se desenvolvido de modo intenso, a ponto de tornar pálido o poder de extinção da própria natureza.

O segundo módulo, Riscos complexos e catástrofes globais (10/4, 17/4 e 24/4), faz uma introdução de discussões filosóficas da noção de risco a partir da teoria da decisão; a seguir, apresenta como riscos globais se entrelaçam em sistemas complexos – detendo-se na análise das grandes secas do El Niño do século XIX e das mudanças climáticas atuais, introdução à teoria da decisão e filosofia do risco.

Riscos ambientais – O desafio das políticas públicas e da participação cidadã (8/5, 15/5 e 22/5) apresenta como as ações de mitigação e adaptação à mudança do clima conformam um importante desafio à construção de sociedades mais resilientes e sustentáveis. Esse terceiro módulo vai refletir sobre as políticas públicas, que assumem um importante papel nessa estratégia, envolvendo pessoas, modos de uso e ocupação da terra, formas de desenvolvimento, promoção de tecnologias, conservação dos ecossistemas, inclusão da diversidade cultural e suas formas de vida, etc.

O último módulo, Riscos globais, saúde e educação (29/5, 5/6 e 12/6) coloca em debate as crises sociais, políticas e sanitárias do mundo contemporâneo, que se vê obrigado a rever suas práticas e modos de vida. Temas ligados ao meio ambiental, social e de governança figuram nas preocupações mundiais desde o final das décadas do século passado. Nesse contexto, os impactos são de complexa mensuração na medida em que são igualmente – em sua maioria – multivariáveis e interdependentes. Todavia, ações de sustentabilidade em ESG (Environmental, Social and Governance) se mostram como uma promessa de transformação ou mesmo mitigação dos efeitos desse contexto de crise. Nessa esteira, entrecruzam-se as concepções de saúde, educação, cidadania, desenvolvimento global e sustentabilidade.

O presente módulo se propõe à reflexão das potencialidades do humano, em suas dimensões bioéticas, sobretudo sustentadas pelos conceitos de contemporaneidade, estética da existência, resiliência e resistência, nos domínios de riscos globais e catástrofes. Para tanto, serão discutidas, em convergência de técnicas quantitativas e qualitativas, diferentes concepções de educação e saúde. Haverá aulas de encerramento nos dias 19 e 26 de junho.

Mais informações na página do IEA. Inscrições até 16 de fevereiro via formulário.

Por Jornal da USP – Texto Fernanda Rezende, da Assessoria de Comunicação do IEA/USP

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