USP abre inscrições para Especialização em Assessoria Técnica a Melhorias Urbanas e Habitacionais

Curso de pós-graduação lato sensu contará com atividades práticas a serem realizadas em Diadema e concederá bolsas de estágio para 20 estudantes; especialização é voltada para profissionais de arquitetura e urbanismo interessados em trabalhar com projetos para população de baixa renda

As assessorias técnicas foram historicamente importantes para viabilizar projetos de habitação de interesse social em regime de mutirão. Registro de 2014 do Mutirão Florestan Fernandes e José Maria Amaral, do MST Leste 1, localizado na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo – Foto: Francisco Emolo/USP Imagens

Estão abertas inscrições para o curso de Especialização em Assessoria Técnica a Melhorias Urbanas e Habitacionais (HABITATHIS) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Lançada em convênio com a prefeitura de Diadema, município da região metropolitana de São Paulo, a especialização HABITATHIS é um curso de pós-graduação lato sensu voltado principalmente para profissionais de arquitetura e urbanismo interessados em trabalhar com projetos de habitação para população de baixa renda, que tem dificuldades em acessar seu direito constitucional à moradia.

As inscrições para o processo seletivo vão até dia 10 de setembro e podem ser feitas pelo site do sistema Apolo USP. O curso é gratuito e parte de experiências de formação continuada anteriores, realizadas na FAU desde 2016, com a participação de pesquisadores do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabHab).

O projeto é voltado principalmente para interessados em trabalhar com projetos de habitação para população de baixa renda – Foto: Francisco Emolo/USP Imagens

A especialização tem duração de um ano, com início em outubro de 2023. Divididas em seis bimestres, as disciplinas passam por noções gerais do campo da habitação de interesse social, da assessoria técnica, das políticas habitacionais e suas formas de financiamento e da relação entre moradia e meio-ambiente. As atividades mesclam encontros em sala de aula, períodos de estudo livre e trabalhos de campo.

A frequência do trabalho de campo aumenta progressivamente ao longo do curso: de um dia por semana, no primeiro bimestre, para três por semana, a partir do terceiro bimestre. Os estudantes terão a oportunidade de desenvolver ações concretas em núcleos habitacionais localizados em Diadema, já selecionados para realização de levantamentos, leituras de necessidades, planos, projetos, estudos de viabilidade e acompanhamento de obras de melhorias urbanas e habitacionais, sempre em diálogo com os moradores e suas organizações e com os técnicos da municipalidade.

A parceria com a prefeitura de Diadema também permitirá a remuneração direta a 20 estudantes do HABITATHIS com bolsas de estágio para pós-graduação lato sensu, mediante cumprimento de um plano de atividades de projeto e supervisão de obras no município.

O curso terá 20 vagas para profissionais de arquitetura e urbanismo e 5 vagas para profissionais de outras áreas, com até oito anos de conclusão da graduação. Também são previstas cotas de 36% para pessoas pretas, pardas ou indígenas (9 vagas) e 5% para pessoas com deficiência (1 vaga) no processo seletivo, que ocorrerá em duas fases. A divulgação do resultado está prevista para 25 de setembro, com início das aulas no dia 17 de outubro.

Especialização HABITATHIS de pós-graduação lato sensu abre inscrições. Registro de mutirão em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, em 2014 – Foto: Francisco Emolo/USP Imagens

O que é o campo de assessoria técnica?

O campo de Assessoria e Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) se formou nos anos 1980, durante o processo de transição democrática do Brasil, a partir da organização de profissionais de arquitetura e urbanismo em entidades dedicadas a dar apoio para projetos de habitação de interesse social. Denominadas “assessorias técnicas”, essas entidades fizeram a interlocução de associações de moradores e movimentos de moradia com o poder público para viabilizar a realização de projetos habitacionais em regime de mutirão.

As assessorias técnicas também tiveram um papel importante na luta pelo direito à cidade no País. Além de profissionais ligados a elas terem participado dos debates sobre política urbana durante a Assembleia Nacional Constituinte, várias dessas entidades integraram as mobilizações pela aprovação do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001) e da Lei de Assistência Técnica Pública e Gratuita (Lei Federal nº 11.888/2008), que assegura às famílias de baixa renda o direito de contar com apoio profissional qualificado para a construção, a reforma ou a ampliação de habitação de interesse social.

O programa da nova especialização da FAU prevê o envolvimento de profissionais de uma dessas entidades, a Peabiru Trabalhos Comunitários e Ambientais, junto ao curso. Com experiência no campo da assessoria e habitação popular, os profissionais da Peabiru serão responsáveis pelo apoio aos docentes e pela orientação de atividades em campo dos discentes.

Inscrições para o processo seletivo do HABITATHIS e mais informações sobre o cursona plataforma Apolo USP.

Por Jornal da USP – Com informações da Assessoria de Comunicação da FAU

Arte: Carolina Borin – Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado

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