USP e Universidade de Cambridge promovem desafio para combater as superbactérias

O objetivo do The Trinity Challenge é levantar soluções através da análise de dados e inovação tecnológica; inscrições vão até 29 de fevereiro

Desafio propõe a busca por soluções para combater as superbactérias, que se tornaram uma ameaça à saúde pública – Foto: Matthew Modoono/Northeastern University

A criação de superbactérias através do uso exagerado de antibióticos é um problema que atravessa décadas e só foi ganhar reconhecimento como ameaça à saúde pública nos últimos 20 anos. Em países de baixa e média renda, como o Brasil, a situação se intensifica devido à escassez de dados levantados.

Visando a combater esse problema, a The Trinity Challenge está promovendo um desafio para levantar soluções através da análise de bases de dados e inovação tecnológica. As inscrições para a etapa principal do evento estão abertas até o dia 29 de fevereiro, na qual os pesquisadores deverão enviar suas propostas para concorrer a um apoio financeiro de £1 milhão (6,2 milhões de reais) da fundação.

Uma das etapas do desafio ocorreu na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, no último dia 2 de fevereiro, em parceria com a Universidade de Cambridge, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Instituto de Administração. Especialistas em diferentes metodologias — como bases de dados de mobilidade, saúde, mudanças climáticas e machine learning, por exemplo — foram chamados para apresentar seus trabalhos. Depois, foi proposto um problema hipotético, no qual os participantes deveriam discutir e apresentar soluções para uma crise epidêmica utilizando as estratégias apresentadas anteriormente.

“A ideia é estimular aplicações para o evento principal e reunir pessoas que trabalham em diferentes áreas de estudo. Esses são os dois objetivos dessa etapa: construir um pensamento interdisciplinar e estimular as aplicações para o evento principal”, explicou Marc Mendelson, diretor do The Trinity Challenge e professor da University of Cape Town, especialista na área de doenças infecciosas. Outras etapas do evento ocorreram na Índia e na África do Sul, países que também enfrentam o problema da escassez de dados.

Para Moacir de Miranda, professor do Departamento de Administração da FEA-USP e coordenador de inovação do Cepid Aries — parceria da USP e Unifesp voltada ao enfrentamento da resistência antimicrobiana —, as pesquisas em inovação podem ser a resposta para solucionar a questão. “Não adianta ter uma ideia mirabolante se não é viável na sua execução. O desafio é transformar pesquisa em inovação, em algo que tenha impacto no mundo real através do desenvolvimento de novos produtos, novos fármacos, novos exames que ajudem no diagnóstico e no combate à resistência antimicrobiana”, explicou o professor.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a resistência antimicrobiana (RAM) como um dos 13 maiores desafios a serem enfrentados nesta década. É tida como um dos grandes problemas de saúde pública contemporâneos, contribuindo para a morte de 4,95 milhões de pessoas por ano, segundo Mendelson.

A Universidade de Cambridge é uma das fundadoras do The Trinity Challenge, projeto criado em resposta à pandemia da covid-19, dedicado a levantar fundos para trazer soluções para problemas epidêmicos utilizando análise de dados e inovação. Miranda acredita que a parceria entre as universidades pode render frutos positivos. “Estamos felizes de estarmos conectados nessa rede internacional de pesquisa e inovação. Isso mostra que aqui na FEA estamos atentos junto à fronteira do conhecimento da pesquisa da inovação no mundo, com uma das universidades mais importantes do planeta”, concluiu o professor.

Mais informações sobre a inscrição no desafio e submissão de projetos podem ser encontradas neste link.

Assessoria de Imprensa da FEA-USP

Por Jornal da USP

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