Como transformar cidades em refúgios verdes? Confira 18 ações que os municípios podem adotar

Ações são sugeridas em publicação gratuita organizada por pesquisadores de diversas unidades da USP e profissionais de educação; material se baseia em observações elaboradas pelo uso da Plataforma UrbVerde

Até 2050, de acordo com dados de um relatório mundial publicado pela ONU-Habitat em 2022, 68% da população mundial viverá em cidades. Embora existam incontáveis vantagens para todos os que adotarem o ambiente urbano, a vida nas cidades também gera uma série de impactos negativos para o meio ambiente. Mas isso não precisa ser uma regra.

Lançado recentemente no Portal de Livros Abertos da USP, o e-book ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis: Explorando o Potencial da Plataforma UrbVerde para o Planejamento Ambiental Urbano oferece uma alternativa para que gestores públicos e membros da sociedade civil formulem políticas que estimulem a sustentabilidade e a transformação das cidades em refúgios verdes e saudáveis.

Foto: Divulgação/IAU

Marcel Fantin, professor do IAU e coordenador do projeto UrbVerde – Foto: Divulgação/IAU

Organizado por pesquisadores de diversas unidades USP e profissionais de educação, o material se baseia em observações elaboradas pelo uso da Plataforma UrbVerde, uma ferramenta projetada para monitorar, analisar e impulsionar políticas públicas focadas no enriquecimento da vegetação urbana, na criação e manutenção de áreas verdes e no combate às ilhas de calor.

De acordo com o professor Marcel Fantin, um dos organizadores da obra e docente do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos, “o livro é fruto de um trabalho colaborativo de nossa equipe de pesquisa, dentro do Projeto Políticas Públicas da Fapesp e do CNPq. Ele surge da necessidade de conectar a plataforma UrbVerde com políticas públicas efetivas, fornecendo um ferramental essencial para essa integração”.

A obra foi desenvolvida com foco inicial nos gestores urbanos e é a primeira de uma série de trabalhos que serão publicados posteriormente. Sobre a abordagem deste primeiro e-book, o professor destaca a importância de se explorar a relação entre a plataforma UrbVerde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 11, que trata de cidades e comunidades sustentáveis: “Esse trabalho não apenas orienta sobre o uso da plataforma UrbVerde, mas também oferece um panorama das políticas públicas globais relacionadas aos ODS, além de propor sugestões práticas para ações municipais alinhadas com a sustentabilidade”, esclarece.

Neste contexto, o livro discute uma ampla gama de questões que, inclusive, vão além do aspecto puramente ambiental. Fantin salienta a importância de considerar indicadores de racismo ambiental e demográfico – prática de deslocar comunidades racialmente marginalizadas para áreas contaminadas expõe esses grupos a poluição e impactos ambientais prejudiciais – além de propor ações que levem em conta a realidade local de cada município, revelada por dados do IBGE.

Publicação está disponível para download gratuito – Foto: Divulgação/IAU

Em essência, o trabalho discute a importância de um planejamento ambiental urbano efetivo, com a proposta de 18 ações concretas que os municípios podem adotar, como estabelecer percentuais mínimos de cobertura vegetal, criar autoridades climáticas municipais e monitorar indicadores de evolução dos objetivos definidos.

Entre elas, o professor argumenta sobre a necessidade de estabelecer percentuais mínimos de áreas verdes nos municípios: “Essa medida não só contribui para a expansão urbana de forma sustentável, mas também visa garantir uma distribuição justa de áreas verdes, priorizando regiões carentes que historicamente foram negligenciadas”.

Na opinião do especialista, a implementação dessas políticas demanda um acompanhamento rigoroso e sistemático. Nesse sentido, Fantin reitera o papel fundamental das autoridades climáticas municipais, que devem monitorar e fiscalizar o cumprimento dessas metas, sugerindo intervenções quando necessário.

Além dos benefícios ambientais, a presença de vegetação urbana é crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida nas cidades. “As ilhas de calor são um exemplo claro dos desafios enfrentados pelas áreas urbanas, e a vegetação desempenha um papel crucial na redução desse fenômeno”, defende Fantin.

Por fim, o professor reforça o caráter colaborativo e extensionista do projeto. “Este é um marco importante em nossa jornada, pois reafirma o compromisso da USP em trabalhar em conjunto com a sociedade para construir cidades mais sustentáveis e resilientes em todo o estado”, conclui.

O e-book pode ser baixado gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP neste link.

Texto: Denis Pacheco – Jornal da USP

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