Plataforma monitora áreas verdes urbanas de São Paulo e fornece dados para políticas públicas

Desenvolvido com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP, projeto UrbVerde oferece solução inovadora para o tratamento de imagens de satélite e análise espacial de áreas verdes, permitindo o acesso a dados abertos de maneira simples e intuitiva

Foto: Divulgação / UrbVerde

A crescente preocupação com a preservação ambiental e a necessidade de promover a sustentabilidade nas cidades paulistas levou à criação da Plataforma UrbVerde, Plataforma de Monitoramento de Áreas Verdes Urbanas do Estado de São Paulo, que traz mapeamentos anuais e em escala intraurbana, relatórios sobre ilhas de calor, índices de vegetação por setores censitários urbanos e distribuição e acessibilidade de espaços institucionais como parques urbanos e praças para os 645 municípios do Estado de São Paulo.

A UrbVerde foi financiada pelo Programa de Projetos Integrados de Pesquisa em Áreas Estratégicas (Pipae) da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da USP e desenvolvida por três unidades de pesquisa: o Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), além de contar com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Marcel Fantin, professor do IAU e coordenador do projeto UrbVerde – Foto: Divulgação/IAU

O lançamento foi realizado no início do mês, na Semana do Meio Ambiente, e representa uma iniciativa inovadora e inédita que apresenta uma escalabilidade espacial e temporal que fornece informações precisas para embasar tomadas de decisões fundamentais para a adaptação às mudanças climáticas e para o desenvolvimento justo e sustentável das cidades paulistas.

“Um aspecto fundamental no desenvolvimento da UrbVerde é o uso de dados abertos, incluindo informações provenientes de sensoriamento remoto, censos e o OpenStreetMaps. Essa abordagem permite o acesso fácil e transparente às informações, garantindo a replicabilidade e escalabilidade oferecidas pela computação em nuvem. Além disso, a plataforma busca uma interação estreita com os municípios interessados, promovendo o engajamento e a participação ativa na aquisição de dados para políticas públicas locais”, explica o professor do IAU Marcel Fantin, coordenador do projeto. Ele trabalhou dois anos com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores no desenvolvimento da plataforma, que incluíram estudos de viabilidade, levantamentos de dados, desenvolvimento de algoritmos e testes de funcionalidade.

Plataforma mostra porcentual de cobertura vegetal nas cidades paulistas. Na imagem, a cidade de São Carlos – Foto: Divulgação / UrbVerde

Ilhas de calor do Estado de São Paulo – Foto: Divulgação / UrbVerde

Dados para políticas públicas

A plataforma oferece soluções para o tratamento de imagens de satélite e análise espacial, permitindo o acesso a dados abertos de maneira simples e intuitiva, com métricas e informações para apoiar a tomada de decisões em políticas públicas. Está dividida em três produtos principais, oferecendo análises e acompanhamento de dados em coleções anuais, que englobam:

  • Parques e praças: panorama completo sobre a disponibilidade e qualidade desses espaços utilizados para o bem-estar da população. Um dado preocupante revelado pela plataforma é que apenas 11,33% dos municípios paulistas atendem às diretrizes da ONU de 9 m² de áreas verdes por habitante. Além disso, a análise demonstra uma grande desigualdade na distribuição desses espaços que refletem a disparidade de renda. Zonas de menor renda tendem a ter menos áreas verdes qualificadas, evidenciando a necessidade de ações para promover uma distribuição mais equitativa.
  • Cobertura vegetal urbana e Índice de Vulnerabilidade Socioambiental: permite a análise detalhada da cobertura vegetal nas áreas urbanas, além de fornecer indicadores de vulnerabilidade socioambiental. Essas informações são essenciais para compreender as características e os desafios específicos de cada região, facilitando a implementação de estratégias adequadas para melhorar a qualidade de vida da população, como as políticas de arborização urbana.
  • Temperatura de Superfície Terrestre (TST) e ilhas de calor: através do sensoriamento remoto, disponibiliza dados sobre a temperatura de superfície e a ocorrência de ilhas de calor nas áreas urbanas. Essas informações são fundamentais para a adoção de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, visando ao conforto térmico e à qualidade ambiental nas cidades.

Estande do projeto em evento sobre sensoriamento remoto – Foto: Divulgação / UrbVerde

Equipe do projeto durante evento de lançamento da plataforma – Foto: Divulgação / UrbVerde

Os resultados preliminares das análises realizadas pela plataforma, de acordo com Fantin, indicam a necessidade de ações efetivas para melhorar a disponibilidade e qualidade das áreas verdes urbanas em São Paulo. Com base nessas informações, as próximas etapas do projeto envolvem a atuação extensionista junto aos municípios, incentivando o uso da Plataforma UrbVerde na aquisição de dados para políticas públicas locais. Além disso, será desenvolvido material pedagógico sobre o tema para uso nas escolas, visando conscientizar e engajar as novas gerações em busca de um planejamento urbano mais sustentável.

“O lançamento da UrbVerde reafirma o compromisso da USP e das instituições parceiras com a função social da universidade pública e de seu papel no desenvolvimento sustentável de nossas cidades”, destaca o coordenador.

Para acessar a plataforma UrbVerde e visualizar os dados para a sua cidade, acesse www.urbverde.com.br

Por Jornal da USP

VEJA TAMBÉM ...