Novo material, um revestimento nanométrico, poderá contribuir para reduzir impactos ambientais dos fertilizantes, além de dar um destino mais nobre ao isopor, material de difícil descarte

À direita, foto microscópica do grão de potássio revestido pelo novo material – Fotos: Diego Fernandes da Cruz e Pexels
“O potássio é importante para praticamente todas as produções porque ele ajuda a realizar a formação de algumas proteínas que protegem as plantas e auxiliam seu sistema metabólico”, acrescenta o professor do IQSC. Durante a pesquisa, grãos de potássio revestidos com o material feito com o uso de isopor foram colocados dentro de recipientes com água. O objetivo foi avaliar se o material era capaz de reter o nutriente e estudar o comportamento do revestimento ao ser submerso. Os resultados mostraram que o filme obtido apresentou alta maleabilidade, plasticidade e forte resistência à água.
Quanto à liberação controlada do potássio, os dados também foram positivos: após 72 horas imerso, pelo menos 25% do fertilizante ainda estava retido junto ao revestimento e não havia sido liberado, comprovando a viabilidade da nova tecnologia para a função. Também foi constatado que o grão de potássio com o revestimento levou muito mais tempo para ser liberado totalmente em comparação com o nutriente não revestido.

Efeitos da falta de potássio para as plantas – Foto: Dissertação de Mestrado de Diego/Divulgação

Esquema ilustra a liberação controlada de nutrientes a partir de um revestimento – Foto: Wagner Polito
Agora, os próximos passos do estudo envolvem a realização de testes com outros tipos de nutrientes e a avaliação de desempenho do novo revestimento diretamente no solo. A expectativa é de que, em até dois anos, a nova tecnologia já esteja disponível no mercado.
O trabalho realizado por Cruz, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), não foi o primeiro da área com participação da Embrapa Instrumentação. A parceria com o IQSC existe desde 2016, por meio da ligação do professor Polito com o pesquisador Cauê Ribeiro, e já rendeu até um prêmio internacional, o Scholar, conferido pelo Instituto Internacional Nutrição de Plantas (INPI), dos Estados Unidos, ao então doutorando do IQSC, Ricardo Bortolettos. A honraria foi entregue pelo trabalho “Desenvolvimento e avaliação de sistemas poliméricos a base de óleos vegetais para a liberação controlada de ureia no campo”.
Diversos artigos científicos que são fruto da parceria também já foram publicados. Os trabalhos são os seguintes:
Por Henrique Fontes, da Assessoria de Comunicação do IQSC