Crianças da Creche e Pré-Escola do Campus visitam a PUSP-SC

No último dia 20, o grupo Rosa dos Ventos, composto por crianças de 5 e 6 anos da Creche e Pré-Escola USP São Carlos, fez uma visita à Prefeitura do Campus (PUSP-SC).

Para compreender o sentido desta visita, é preciso entender um pouco do que acontece na Creche com este grupo.

Desde o início do ano, as professoras Gabriele Fernandes e Ismalia Silvatti observam e registram o crescente interesse das crianças por brincadeiras nas quais constroem parques, ruas, estacionamentos, prédios e elementos da cidade. Partindo daí, as professoras, em parceria com o formando Gabriel Vedovello, estagiário do projeto Cientista do Amanhã IFSC, planejaram diferentes experiências que instigassem as crianças a investigarem o tema de interesse e também proporcionassem o acesso ao conhecimento científico. Assim, o grupo construiu uma rosa dos ventos gigante, realizou diversas brincadeiras de percursos com mapas e pesquisas de campo no entorno da Creche para decifrar sinais de orientação, culminando na investigação do mapa da Área 1 do Campus da USP.

Num primeiro momento, as crianças localizaram a Creche e com o mapa em mãos, o grupo passou a explorar, nas pesquisas de campo, os percursos entre o setor em que seus pais trabalham ou estudam e a Creche. Estas visitas proporcionaram muitos aprendizados sobre o trabalho e as pesquisas realizadas dentro da universidade, graças ao empenho e colaboração das famílias.

As explorações feitas pelas crianças trazem questões que são discutidas diariamente em Assembleias (um momento mediado pelas professoras em que as crianças dialogam sobre temas de seu interesse, buscando resolver problemas, planejar ações e o exercício do respeito à opinião do outro e as decisões coletivas). As professoras identificaram na curiosidade das crianças nas incursões pelo campus, uma possibilidade de abordar não apenas a localização, mas assuntos relacionados à organização da sociedade como: direitos e deveres, coletividade, autonomia, utilização de espaços coletivos etc.

Uma das primeiras questões trazidas pelo grupo foi sobre mobilidade. Para tratar do tema, as professoras e o estagiário convidaram o escultor Inácio Vandier, que é deficiente visual. Ele acompanhou o grupo em um percurso no Campus mostrando como é possível transitar em um local adaptado e acessível. Apresentando outra perspectiva, ele chamou a atenção das crianças para sinais além da visão, como o vento e os sons.

Os professores buscaram também a parceria com o Projeto Cartilha da Cidade do IAU, que corroborou com questões sobre: coletividade, espaços públicos e privados, acessibilidade, abastecimento hidráulico e elétrico, coleta de lixo etc. A partir das discussões feitas no projeto, as crianças concluíram que o Campus universitário funciona com uma “minicidade”. Elas elegeram alguns locais que consideram importantes para o funcionamento do Campus e decidiram conhecê-los para descobrir o que acontece por lá. Escolheram começar pela Prefeitura.

Conhecendo a Prefeitura

Enquanto se preparavam para a visita, em assembleia, a Turma Rosa dos Ventos elencou temas que gostariam de tratar com o Prefeito. Desejavam compreender as funções do Prefeito do Campus, professor Sergio Paulo Campana Filho, saber se a Universidade era pública ou privada e falar sobre o corte das árvores no campus.

O grande dia finalmente chegou, e as crianças eufóricas foram recebidas pela Helen Regina Nunes Alves (secretária do Gabinete do Prefeito), Élio Tarpani Junior (Chefe da Divisão de Atendimento à Comunidade – DVCOMUN), Natalina Giusti (também da DVCOMUN) e o professor Campana e acomodadas na sala de reuniões da Prefeitura do Campus, onde presentearam o prefeito com um quadro feito por eles. Em uma só voz apresentaram-se dizendo ser a Turma Rosa dos Ventos e a conversa fluiu. As crianças fizeram suas perguntas e também foram questionadas pelo prefeito Ao fim da entrevista foram conhecer o Gabinete do Prefeito, a sala do Élio e o setor de Compras.

Já na Creche, as crianças ainda falavam sobre a visita daquilo que haviam gostado:
Gostei porque conversei com o prefeito. (Tomás)
Eu gostei da sala do prefeito por que é grandona. (Ettore)
Eu gostei por que ele falou o nome do papai Fernando. (Arthur)
Ele perguntou se a gente sabia o que era autonomia, eu disse: autonomia é aquilo que você consegue fazer sozinho e coletivo é que é de todo mundo. (Iara)
A gente falou assim: Prefeito é a turma da rosa dos ventos. (Eduardo)
Gostei da sala de reuniões porque senta todo mundo junto pra conversar (Yasmin)
Conversamos sobre coisas que acontecem na USP. (Gabriela)
O prefeito falou que não cuida sozinho da USP. (Iara)
Descobrimos que eles compram os materiais pra gente. (Brenda)
Eu falei que quem não é aluno da USP não pode entrar aqui, mas ele (o prefeito) falou que pode sim. (Gabriela)
Tá cortando as árvores por que elas estavam doentes e é perigoso cair e machucar. (Helena)
As árvores estavam quase caindo, elas são tão lindas…mas cortou. (Moisés)

Em assembleia, concluíram que o prefeito não cuida da USP sozinho. As crianças voltaram realizadas com a visita à prefeitura, sentiram-se respeitadas e acolhidas. Para além desse sentimento, vivenciaram uma rica experiência de diálogo dentro do campus. Oportunidade de aprender na prática que através dele é possível se comunicar, dar sugestões e resolver conflitos.

Conforme o depoimento de Daniele Peppino Di Foggi, mãe de Gabriela, que acompanhou o grupo durante a visita:

“Hoje tive a oportunidade de estar presente no passeio da nossa turma até a Prefeitura do Campus USP. Fiquei encantada com o que vi, crianças de 5, 6 anos fazendo perguntas sobre autonomia, questionando o porquê de cortes de tantas árvores e mostrando que eles sabem discutir um assunto importante através de assembleia. (…) Fomos muito bem recebidos”.

A Creche e Pré-escola USP São Carlos atua como um centro de ensino, pesquisa e extensão dentro da universidade, estabelecendo parcerias com os Institutos de Ensino do campus para promover práticas educativas de qualidade e que inspirem outras instituições de educação infantil públicas. Práticas que respeitem as especificidades da criança e considerem-na como sujeito capaz de pensar e se apropriar do conhecimento científico.

Com informações da Creche e Pré-Escola USP São Carlos

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