O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP e a Total Energies, empresa multinacional francesa do setor energético, assinaram ontem, dia 20 de junho, um convênio para o desenvolvimento de projetos voltados para geração e operação de energias renováveis.
Serão investidos R$ 80 milhões em um total de 11 projetos voltados para pesquisas sobre geração e operação de energias renováveis mais eficientes e o desenvolvimento de tecnologias para parques eólicos onshore e offshore, com o envolvimento de 150 pesquisadores. Os projetos criarão bases teóricas e práticas para a identificação dos impactos provocados pelas atividades e as formas de mitigá-los. Entre os programas, destaca-se uma pesquisa que avalia a combinação de usinas fotovoltaicas com agricultura e captura de CO2, em linha com os compromissos da TotalEnergies com a sustentabilidade e responsabilidade nas regiões em que atua.
A Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) participará com convênios com dois projetos:
» MitTrans – Mitigação da limitação da geração renovável por meio da alocação ótima de recursos energéticos e dispositivos FACTS no Sistema Interligado Nacional (“MitTrans”)
Coordenador: Professor Eduardo Nobuhiro Asada (EESC – Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação)
» faultAIfinder – Localização de faltas em redes coletoras de parques eólicos onshore baseada em inteligência artificial e supervisão de drones
Coordenador: Professor Mário Oleskovicz (EESC – Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação)
“É uma grande oportunidade para a Universidade poder colaborar com a sociedade, ajudando a promover uma transição energética planejada e lógica, que resulte em um planeta melhor”, afirmou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior. Ele lembrou que o modelo do RCGI, de trabalhar a pesquisa em rede, envolvendo várias unidades da Universidade, serviu de inspiração para a criação de outros centros na USP e é uma tendência no mundo. “Estados Unidos, Europa, Ásia, todos estão criando centros temáticos para poder solucionar problemas específicos, com boa velocidade e produção acadêmica”, disse.
Segundo Carlotti, no caso da USP, o modelo de financiamento desses centros também está mudando. Inicialmente apenas com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), depois com recursos conjuntos da Fundação e das empresas, e agora com investimento direto das empresas.
Ele ressaltou que “quando uma empresa investe em pesquisa, seu objetivo é incorporar isso como inovação, não apenas como algo incremental. E nós precisamos estar preparados para responder às perguntas da empresa. Ninguém mais quer saber quantos papers foram publicados por ano, as pessoas querem saber o que fizemos para mudar a sociedade em que vivemos”.
O diretor científico do RCGI, Julio Meneghini, lembrou que “nós estamos aqui para resolver não apenas os grandes problemas do Brasil, mas os grandes problemas globais, que estão surgindo no século XXI, como as mudanças climáticas, que podem impactar toda a humanidade”. Meneghini destacou as contribuições das diversas instâncias da USP, da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP) e da Total Energies, envolvidas na preparação da proposta do convênio firmado, além da importância da cláusula de P,D&I dos contratos para exploração e produção de petróleo e gás natural da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Essa cláusula exige que os concessionários façam investimento em projetos de pesquisa da ordem de 1% de sua receita bruta.
“Importante mencionar que, em 2021, a ANP estendeu o uso dessa norma para projetos em energias renováveis com o objetivo de fomentar uma economia de baixo carbono em nosso País e desenvolver a capacidade científica e tecnológica local nesse setor. Nós, da TotalEnergies, saudamos essa iniciativa, pois ela auxilia no esforço de assegurar que o Brasil consolide sua transição energética”, disse a diretora de P&D da TotalEnergies, Isabel Waclawek.
Ainda segundo Isabel, o portfólio de projetos da TotalEnergies no Brasil está focado em projetos alinhados com a estratégia de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, desenvolver energias mais limpas, diminuir os custos das operações, o que melhora a integridade dos ativos, traz maior segurança às operações e garante menor impacto ambiental. “Hoje, 48% dos nossos projetos no Brasil estão voltados aos segmentos de novas energias. E nossa missão para os próximos anos é aumentarmos ainda mais os investimentos em tecnologias que contribuirão para a transição energética e para a redução da pegada de carbono”, finalizou.
Texto de Erika Yamamoto (Jornal da USP), adaptado pela
Assessoria de Comunicação da EESC-USP