“Pyladies- São Carlos” – Computação no feminino

Comunidade incentiva mulheres e meninas a mergulharem na área de programação

A designação é Pyladies e trata-se de uma comunidade mundial que tem o objetivo de incentivar as mulheres a entrarem e explorarem o mundo das ciências da computação, contrariando, assim, o domínio dos homens nessa área.

O Pyladies foi criado em 2011, em Los Angeles (EUA), por sete jovens que tinham uma paixão comum: as ciências da computação. As fundadoras tinham perfis distintos, algumas com formação em cursos diretamente ligados à computação e atuantes no mercado de desenvolvimento de programas de computador e outras arriscavam os primeiros passos na área de programação. A ideia de criar o Pyladies surgiu quando esse grupo de jovens decidiu organizar um workshop de “Django” – um framework que utiliza o sistema “Python”, que é uma das linguagens mais amigáveis para novatos em computação. Esta linguagem é não só utilizada na Academia, principalmente nas áreas de biologia, astrofísica e mecânica quântica, como também no mercado de trabalho, em ciências de dados, que englobam procedimentos de pesquisa de mercado, organização de bases de dados, perfil do consumo de clientes, controle de estoques e inteligência artificial, entre outros. Recorde-se que o “Django” foi criado com o objetivo de resolver todos os problemas mais comuns do processo de desenvolvimento de aplicações web, fornecendo aos seus programadores uma construção de sites rápida e com o uso de poucos códigos.

O workshop realizado pelas jovens universitárias foi um sucesso, contudo, a participação de mulheres nesse evento foi muito reduzida, pelo que o grupo decidiu inverter a situação, ao organizar, posteriormente, uma série de workshops apenas dedicados ao sexo feminino e não apenas para estudantes universitárias. O resultado foi que, após algum tempo, o grupo se apresentou na Conferência Internacional de Python (Pycon) e a ideia se propagou pelo mundo, integrando não só mulheres das comunidades acadêmicas, como também todas aquelas que desejavam aprender programação e todas as restantes que trabalhavam já como desenvolvedoras e profissionais na área de tecnologia de informação, no mercado de trabalho (TI). Foi um grito de incentivo para as mulheres se interessarem por carreiras de programação e esse apelo foi escutado em todo o mundo, atendendo a que atualmente existem centenas de Pyladies por todo o mundo, abrangendo cinco continentes e se concentrado no designado Pyladies Global – Veja o mapa.

O Brasil não fugiu a essa tendência e entusiasmo, com a criação de 30 grupos espalhados pelo país, sendo que o Pyladies São Carlos foi o quarto a ser criado, entre outros cinco existentes no Estado de São Paulo.

O Pyladies São Carlos foi fundado em Novembro de 2015 por cerca de quinze alunas do curso de ciência da computação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade de São Paulo (USP). Em pouco tempo, o grupo cresceu e passou a receber também alunas de outros cursos e institutos, incluindo do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP). Krissia Zawadzki, ex-aluna do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), atualmente pós-doutoranda no International Center for Theoretical Physics – South American Institute for Fundamental Research (ICTP-SAIFR) é integrante do Pyladies de São Carlos desde 2018 e salienta o entusiasmo que envolve o grupo. “Nosso grupo Pyladies é uma comunidade onde você se sente abraçada e que quer abraçar cada vez mais mulheres. Embora apenas duas das fundadoras – Juliana Karoline de Souza e Ana Dulce Padovan Torres – continuam no grupo até hoje, só no último processo seletivo, em Agosto de 2021, o número de integrantes do Pyladies São Carlos pulou de 20 para cerca de uma centena. Ao longo desses seis anos, nossas integrantes têm desenvolvido um trabalho fantástico com a organização de cursos, seminários e workshops para a disseminação do “Python” entre o sexo feminino local, obedecendo aos objetivos do Pyladies Global. Foi organizada uma série de atividades para ensinar as mulheres a trabalhar desde o básico da programação até cursos mais avançados e destinados ao mercado de trabalho, como, por exemplo, ciência de dados e machine-learning, usando o Python. O legal desta proposta é que tudo isso não é apenas dedicado a estudantes universitárias, mas sim a todas as mulheres e meninas que queiram aprender estes conceitos e que estejam fora da Academia. Do público, aquelas que cumprem a carga horária dos cursos e atividades promovidas pelas Pyladies não apenas ganham experiência, como também recebem um certificado que pode contar como formação complementar. “Embora o certificado seja importante, as habilidades e prática computacionais adquiridas nos cursos parecem estar se tornado cada vez mais relevantes no mercado de trabalho. Cada vez mais empresas têm focado seus processos seletivos no desempenho nos testes práticos, que são realizados e superados pelas candidatas. Seus conhecimentos e competências para lidar com problemas reais têm contado até mais do que diplomas e certificados”, enfatiza Krissia.

Os capítulos do Pyladies ao redor do mundo têm recebido propostas de parcerias com empresas que oferecem estágios para esse tipo de profissionais e o grupo de São Carlos não fugiu à regra, recebendo um grande número de convites a cada dia que passa.

Krissia Zawadzki (32) encontrou na Pyladies um motivo generoso e útil para poder entusiasmar mulheres e meninas a atuarem na área da programação. “Prata da Casa” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), onde viveu toda sua formação universitária, não esquece o choque que teve quando, ainda no ensino médio, participou de um curso profissionalizante de eletricista industrial (SENAI): entre 120 alunos ela era a única mulher. “Foi quando me dei conta da inexistência absoluta de mulheres em cursos com base em ciências exatas”, recorda Krissia. Com várias formações superiores universitárias em Boston (EUA), Krissia Zawadzki está prestes a partir para Londres para se juntar a seu marido (já colocado nessa cidade) para ocupar uma vaga na Royal Holloway University of London e seguir seu sonho de ser professora universitária, mas continuando a apoiar o Pyladies.

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Contate – saocarlos@pyladies.com
Mídias da Py
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Rui Sintra – Jornalista – IFSC/USP

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