Ciência da Computação, Direito e Nutrição em Saúde Pública são alguns dos programas de pós-graduação da USP que abrirão processos seletivos no segundo semestre. Ao todo, 37 cursos foram selecionados para adotar o novo modelo

Imagem: Montagem com Freepik e Freepik
A Pró-Reitoria de Pós-Graduação divulgou, no dia 6 de junho, a lista dos 37 primeiros programas de pós-graduação a aderirem ao novo Programa de Aperfeiçoamento da Pós-Graduação (PAPG) da USP.
A discussão sobre a modernização do formato de pós-graduação no Brasil não é recente. Há alguns anos, a USP e outras universidades públicas têm discutido alternativas para a pós-graduação brasileira, para torná-la mais flexível, diversificada e compatível com as demandas da sociedade.
“Esses primeiros 37 programas estão inaugurando uma nova etapa da pós-graduação no Brasil e servirão de modelo para muitos outros programas, tanto da USP quanto de outras universidades brasileiras”, comemora o pró-reitor de Pós-Graduação, Rodrigo Calado.
Para apoiar e incentivar a transição para o novo modelo, a Capes disponibilizará bolsas de doutorado para cada programa selecionado, que deverão ser implementadas após a aprovação do estudante no Exame de Qualificação. Além das bolsas oferecidas pela Capes, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) também se comprometeu a fazer a complementação do valor da Bolsa de Doutorado Capes para a Bolsa de Doutorado Fapesp DD-1.
O campus de Ribeirão Preto é o que teve mais programas selecionados, 17 ao todo, seguido do campus da capital, com 15 programas. Como cada programa de pós-graduação possui um processo de seleção próprio, para mais informações, consulte a página das Unidades da USP.
Piracicaba
Cena
Ciências (Energia Nuclear na Agricultura)
Esalq
Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas)
Entomologia
Ribeirão Preto
EERP
Enfermagem em Saúde Pública
Enfermagem Fundamental
FCFRP
Biociências e Biotecnologia
Ciências Farmacêuticas
Toxicologia
FFCLRP
Psicologia
Química
FMRP
Biologia Celular e Molecular
Bioquímica
Ciências Biológicas (Genética)
Fisiologia
Ginecologia e Obstetrícia
Imunologia Básica e Aplicada
Medicina (Neurologia)
Oncologia Clínica, Células Tronco e Terapia Celular
Forp
Odontologia (Odontopediatria e Ortodontia)
Odontologia Restauradora
São Carlos
ICMC
Ciências de Computação e Matemática Computacional
Matemática
São Paulo
EE
Enfermagem
Enfermagem na Saúde do Adulto
FD
Direito
FEA
Administração
Controladoria e Contabilidade
Economia
FFLCH
Ciência Política
História Social
Sociologia
FO
Ciências Odontológicas
FSP
Nutrição Em Saúde Pública
IME
Ciência da Computação
IO
Oceanografia
IQ
Ciências Biológicas (Bioquímica)
Química
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) foi a unidade da USP com mais programas selecionados, oito ao todo. Entre as principais mudanças, destacam-se a simplificação do processo seletivo, a redução do tempo de titulação no mestrado e o fortalecimento da estrutura curricular, com maior estímulo à interdisciplinaridade e à adoção de trilhas formativas que considerem os diferentes interesses dos estudantes.

Luis Lamberti Pinto da Silva – Foto: FMRP
“O novo modelo valoriza o mestrado como um curso importante para aprofundar o conhecimento em uma área específica, em prazo compatível com sua natureza. Ao mesmo tempo, incentiva o doutorado direto como estratégia para formar pesquisadores preparados para liderar projetos e produzir novos conhecimentos. A valorização de trajetórias diversas amplia o acesso e favorece a inclusão, permitindo que alunos com diferentes experiências encontrem caminhos compatíveis com seus interesses. Além disso, ao integrar vivências fora do ambiente acadêmico, o modelo estimula a formação de profissionais mais completos, com visão crítica, compromisso social e capacidade de atuação em múltiplos contextos, dentro e fora da universidade”, explica o presidente da Comissão de Pós-Graduação da FMRP, Luis Lamberti Pinto da Silva.

Gustavo Monaco – Foto: Reprodução/FD-USP
“Por se tratar de uma área com muita correlação com as atividades de cunho profissional da área jurídica, nossa tradição era de ter pouquíssimos estudantes bolsistas. Nos últimos anos, entretanto, essa realidade veio se alterando, e hoje temos vários bolsistas. Aderir ao PAPG é uma forma de incentivar a vocação acadêmica de nossos pós-graduandos. A adesão de nosso programa de pós-graduação ao modelo demandará alguma adequação normativa, que já estamos providenciando”, explica o presidente da Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito, Gustavo Monaco.

Denis Deratani Mauá – Foto: Fapesp
“Nosso programa possui uma taxa de evasão alta, assim como o tempo de titulação médio dos alunos de mestrado. Boa parte dessa evasão ocorre quando o aluno permanece por mais de dois anos no programa, ele acaba encontrando uma outra oportunidade ou simplesmente perde o interesse inicial. Com o novo formato, esperamos que o tempo de titulação médio do mestrado se aproxime de 24 meses e também que haja um aumento do número de alunos promovidos ao doutorado direto, melhorando também o impacto das pesquisas realizadas. Além disso, existe um esforço contínuo do programa em oferecer disciplinas optativas que possibilitem uma formação mais ampla, contemplando temas mais recentes ou temas interdisciplinares”, explica o coordenador do programa, Denis Deratani Mauá.
Novo modelo de pós-graduação
A principal mudança no formato dos cursos de pós-graduação é a possibilidade de o estudante optar por mudar do mestrado para o doutorado após um ano do curso.
De acordo com o novo modelo, o ingresso dos estudantes será exclusivamente pelo mestrado. Nos primeiros 12 meses da pós-graduação, o aluno frequentará disciplinas da matriz curricular do curso, formativas e interdisciplinares, além de construir um projeto de pesquisa e identificar um orientador.
Ao final desta primeira etapa do mestrado, o estudante será submetido ao exame de qualificação, para verificar a aquisição de conhecimentos, e a avaliação do projeto de pesquisa. Se aprovado no exame, o aluno terá duas possibilidades: prosseguir no mestrado, para concluí-lo em mais um ano, ou converter o mestrado em doutorado, que deverá ser concluído em até quatro anos.
Os programas também deverão oferecer modelos formativos para a atividade científica dentro e fora da Universidade, com habilidades ligadas à inovação, ao empreendedorismo, à inserção social e às atividades industriais e públicas, dependendo do perfil do programa e das expectativas dos estudantes, com a atuação direta de pesquisa em empresas ou em órgãos estatais.
A implementação do PAPG está sendo acompanhada por uma comissão da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, responsável por monitorar os impactos da iniciativa e propor eventuais ajustes para sua melhoria.
Texto: Erika Yamamoto – Jornal da USP
Arte: Jornal da USP