A cientista que nos protege

Conheça a história de Kalinka Castelo Branco, professora da USP que desenvolve pesquisas para aprimorar a segurança na internet. Durante o festival de divulgação científica Pint of Science, o público terá a oportunidade de conhecer mais sobre os estudos realizados nessa área e verificar o quanto ainda estamos vulneráveis

A professora Kalinka (à esquerda) e alguns de seus orientandos realizam testes usando drones

Ela acorda todos os dias para entrar na “montanha russa” que é a sua rotina. Diante dos altos e baixos dessa aventura, a passageira Kalinka Castelo Branco dedica todo seu trabalho como cientista para ajudar a nos proteger de criminosos virtuais. Os desafios diários desse campo de atuação é o que mais a motiva na empreitada: “Não existe nada desenvolvido com 100% de segurança. É uma área que exige muita criatividade e que a gente tente imaginar o que os outros estão tramando. Sempre terá alguém propondo um novo ataque virtual e isso estimula a pesquisa, pois a torna contínua”.

Desde muito pequena, Kalinka foi apaixonada pelos estudos e, talvez por isso, a opção pela carreira acadêmica não tenha sido tão difícil de ser escolhida. Ela se graduou em Tecnologia em Processamento de Dados pela Fundação Paulista de Tecnologia e Educação (FPTE), em Lins, no interior do Estado de São Paulo. Durante a pós-graduação, especializou-se em Ciências de Computação no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, onde é professora desde 2008.

Para Kalinka, o ensino é um complemento à atuação como cientista. “Quando estamos em sala de aula, conseguimos respirar e ter mais ideias, pois os alunos nos trazem novos questionamentos. É um ciclo que se completa ao levarmos essas dúvidas às atividades de pesquisa e, posteriormente, trazer os resultados de volta aos estudantes”, ensina a professora-cientista. “Esperamos que nossos alunos sejam melhores do que a gente”, completa.

Já são 22 anos de contribuições científicas que, se depender de Kalinka, estão longe de terminar. Há uma década trabalha com segurança e sistemas embarcados críticos, área de pesquisa que estuda as vulnerabilidades de sistemas ligados à internet. Dessa forma, é possível propor meios de impedir possíveis invasões de criminosos virtuais.

Para Kalinka, sensibilidade e dedicação são primordiais para um pesquisador. A rotina é dinâmica, não existe feriado ou finais de semana e uma nova ideia pode surgir nas situações mais imprevisíveis. “Um dia estava em casa com minha filha na piscina e passou um avião com sistema de som fazendo propaganda de um circo. Achei curioso e resolvi testar aquele sistema em um drone para propor uma possível campanha de marketing. Isso é ciência”, relata Kalinka.

Em sua área de pesquisa, a professora começou a investigar uma nova vertente chamada internet das coisas voadoras: “Imagine que drones, por exemplo, estejam conectados à internet. Se essa rede não for segura, qualquer um pode ter acesso e fazer um grande estrago”. A cientista explica que, antigamente, não se dava muita importância à segurança virtual, mas, de alguns anos para cá, com as pessoas cada vez mais conectadas, a área passou a ser enxergada como essencial e inovadora.

Aliás Socorro: fui hackeado e o drone sumiu é o título de um dos bate-papos que acontecerão durante o festival de divulgação científica Pint of Science, no dia 17 de maio, em São Carlos. Além da professora Kalinka, participarão da conversa a doutoranda Natássya da Silva e o aluno de graduação Marcelo da Silva, ambos do ICMC, e o advogado Guilherme Guimarães. “Vamos dar uma dimensão do quanto todos nós estamos sem privacidade e vulneráveis. Também vamos mostrar que, nas universidades, existem pessoas trabalhando para diminuir os problemas que isso acarreta”, diz Kalinka.

Nova regulamentação da ANAC para drones foi aprovada dia 2 de maio

Regulamentação – Uma nova regulamentação aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) no último dia 2 de maio evita o uso indiscriminado dos drones, delimitando o escopo de uso comercial e recreativo dessas e de outras aeronaves não tripuladas, incluindo aeromodelos. Na opinião da professora, a regulamentação é positiva, já que, quando são estabelecidas regras onde antes não havia, isso contribuiu para que a sociedade olhe para o setor de forma mais cuidadosa.

“Antes, as pessoas compravam um drone, não importa de que tamanho, e podiam usar para filmar uma multidão em uma passeata ou em um casamento, por exemplo. Agora, isso é crime se for realizado com uma aeronave que pesa mais de 250 gramas sem cadastro prévio na ANAC”, explica a especialista.

Além de demandar cadastro na ANAC, aeronaves que pesam mais de 250 gramas devem respeitar os 30 metros horizontais de distância das pessoas não envolvidas com a operação ou que não autorizaram aquela ação. Os drones também só podem ser pilotados por maiores de 18 anos: “Com a regulamentação, os pais não podem mais comprar um drone sem se importar com seu tamanho e dá-lo de presente para uma criança como se fosse um simples brinquedo, sem se preocupar com as consequências”.

De qualquer forma, a professora ressalta que o regulamento é apenas um primeiro passo em prol da promoção do desenvolvimento sustentável e seguro do setor. Há, por exemplo, dúvidas em relação ao tipo de curso que a ANAC exigirá dos pilotos. Mas Kalinka ressalta que as novas regras contribuem para preservar a segurança das pessoas.

Sobre o Pint of Science – Na opinião da professora, ainda há uma grande distância separando a sociedade e a ciência. Para ela, eventos como o festival Pint of Science podem ser importantes ferramentas de aproximação. Como nos dias de hoje a maioria das pessoas possuem um celular, promover uma conversa com especialistas que darão dicas para as pessoas aumentaram a segurança ao navegarem em seus dispositivos eletrônicos também pode contribuir para promover essa aproximação.

Este ano, o festival acontecerá em 22 cidades brasileiras nas noites de 15, 16 e 17 de maio. Diversos pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento estarão à disposição para conversar com o público nos bares e restaurantes onde a iniciativa ocorrerá. A participação no evento é gratuita e os interessados só pagarão o que consumirem nos locais.

Em São Carlos, o evento é realizado pelo ICMC e conta com o apoio de diversas instituições como a Embrapa, a regional do interior paulista da Sociedade Brasileira de Química, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a rádio UFSCar e o Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (LAHMIEI) da UFSCar.

Em âmbito nacional, o festival é patrocinado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, eScience Unicamp, Verakis e por quatro Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): o Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria; o Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos; o Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros; e o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades. Confira a programação completa no site www.pintofscience.com.br.

Convidados do bate-papo Socorro: fui hackeado e o drone sumiu, que acontece dia 17 em São Carlos

Texto: Denise Casatti e Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do Pint of Science Brasil

 

Mais informações

Confira a entrevista da pesquisadora na Rádio UFSCar: icmc.usp.br/e/8f9a1

Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666

E-mail: comunica@icmc.usp.br

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