Cultura e história são pilares essenciais para a Universidade e conhecer o patrimônio cultural de seus campi e seus prédios centenários é importante para se saber mais a respeito da própria existência da USP
“No universo da cultura, o centro está em toda parte.” Esta frase, do ex-reitor da USP Miguel Reale, se destaca na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, em São Paulo. E se reveste de uma verdade imperiosa quando se trata da Universidade: na USP, a cultura está realmente em toda parte, em muitos e variados centros. Porque o universo cultural uspiano vai além das importantes salas de aula e dos essenciais laboratórios de pesquisa. Que o digam os livros que tratam do patrimônio cultural da Universidade.
São publicações organizadas principalmente pela Comissão de Patrimônio Cultural, a CPC–USP, que vem fazendo, ao longo dos anos, um levantamento daquilo que também constitui a riqueza da Universidade. São imóveis históricos tombados, como a conhecida Casa de Dona Yayá, obras escultóricas de artistas renomados espalhadas tanto nos campi da USP quanto em algumas de suas unidades – a Faculdade de Direito é um ótimo exemplo. Isso, sem deixar de observar a questão ambiental – o meio ambiente nos campi também é um patrimônio cultural, evidenciando sua importância como tema constitutivo de diversas áreas de conhecimento.
Os livros a seguir demonstram como a Universidade de São Paulo, ao longo de suas nove décadas de existência, soube construir, manter e cuidar desse patrimônio cultural que também é um dos importantes pilares que a sustentam.
Meio Ambiente: Patrimônio Cultural da USP, da CPC – Comissão de Patrimônio Cultural da USP. Edusp/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 208 p.
Dedicado ao tema do meio ambiente, relacionando-o com a questão dos bens culturais, este livro – editado em 2003 e coordenado pela professora Ana Lúcia Duarte Lanna – procura refletir, sistematizar e consolidar a questão do patrimônio cultural e evidenciar a importância do meio ambiente como tema constitutivo de diversas áreas de conhecimento. Essa edição conta com a contribuição de autores professores da USP, cujos textos possuem o mérito de evidenciar a variedade de enfoques, a diversidade de opiniões e de temas e a importância da USP para a sociedade. Também inclui capítulo correspondente ao inventário das áreas físicas da Universidade, reconhecidas pela comunidade de seus campi como áreas ambientais importantes. Finaliza o volume a apresentação dos programas e pesquisas que a USP desenvolvia à época nessas áreas. Esta publicação aponta o papel da Universidade como instituição capaz de gerar novas formas de atuação para enfrentar a crise da biodiversidade, destacando as iniciativas institucionais que respondem à demanda técnico-científica sobre o tema.
As Esculturas da Faculdade de Direito, de Heloisa Barbuy. Ateliê Editorial, 316 p.
Este livro destaca detalhes de cada escultura, de cada objeto e também a história que motivou a sua projeção no espaço e a integração no acervo da Faculdade de Direito da USP. Há muito tempo havia a intenção de se desenvolver um trabalho sobre o patrimônio histórico da faculdade, e a comemoração de seus 190 anos – em 2017 – foi a ocasião para dar início ao projeto de forma sistemática. O leitor ou o visitante pode apreciar 23 obras do acervo institucional, acrescido de quatro obras do Patrimônio Municipal de São Paulo, alocadas no Largo São Francisco. Os artistas que assinam mais de uma obra na galeria deste catálogo são: Amadeu Zani, Luiz Morrone, Victor Brecheret e Willian Zadig, cada um com duas esculturas. A maior parte das esculturas está no Salão Nobre e duas delas estão em destaque: o busto do Barão do Rio Branco e o busto de Rui Barbosa. Outra obra que merece destaque é a escultura Beijo Eterno, uma das partes do monumento ao poeta Olavo Bilac, de autoria de Willian Zadig. Foi inaugurada originalmente na Avenida Paulista, em 7 de setembro de 1922, permanecendo ali até 1935. O monumento foi desmontado e montado em outros locais, até uma das partes, justamente Beijo Eterno, ser transferida para o Largo São Francisco, em 18 de outubro de 1966. “Essa escultura mostra que a Faculdade de Direito é um lugar plural, onde convivem múltiplos matizes de pensamento”, afirma a autora Heloisa Barbuy.
Por Jornal da USP