São sete publicações, com downloads gratuitos, que sugerem passeios como uma visita ao Observatório da USP em São Carlos ou à Reserva Legal da Universidade Federal de São Carlos
Projeto do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos, a série de roteiros educativos acaba de ser lançada no Portal de Livros Abertos da USP, integrando as comemorações de 40 anos da instituição. No total são sete roteiros, que incluem informações sobre os locais e como funcionam as visitas monitoradas em cada um deles. O objetivo dos roteiros é que funcionem como um convite para professores, alunos ou interessados, para visitarem os locais descritos nos livros, aproveitando todos os recursos educativos disponíveis.
O Observatório Dietrich Schiel do CDCC, situado na Área 1 do campus da USP na cidade de São Carlos é um dos roteiros. Segundo a diretora Salete Linhares Queiroz, desde os seus primórdios, ainda na década de 1980, o CDCC oferece atividades que permitem a aproximação do público com a astronomia. “No local é possível, com o auxílio de telescópios, observar o céu noturno e diurno, apreciar exposições, manusear instrumentos astronômicos e participar de palestras e minicursos. Os números que traduzem a visitação ao Observatório são grandiosos, incluindo milhares de estudantes da Educação Básica de São Carlos e região, além de público espontâneo”, acrescenta a diretora, uma das autoras do livro, ao lado do professor André Luiz da Silva.
“É com o objetivo de divulgar, entre os profissionais que atuam no âmbito da educação formal e não formal, as possibilidades de ações nas suas dependências que o CDCC lança este Roteiro Didático, pertencente a uma série mais ampla. Nele, grupos de educadores que prezam pelo ensino e divulgação da ciência encontram elementos para guiá-los nas suas decisões frente às abordagens de ensino a adotar antes, durante e após as visitas de seus alunos ao Observatório”, afirma Salete.
O Observatório é o Roteiro 5 da série, e reúne informações sobre como funcionam as visitas aos espaços expositivos e observação em telescópios. “Os objetivos que permeiam as atividades oferecidas vão ao encontro da complementação do ensino formal nos temas pertinentes à astronomia e áreas afins, assim como do fomento à compreensão acerca da construção do conhecimento científico, sua natureza e influência na vida cotidiana”, dizem os autores na introdução, enumerando algumas questões sobre como a ciência trabalha para produzir explicações sobre o funcionamento natural: como saber que o Universo está em expansão? Como calcular a distância até o Sol? Por que os planetas são redondos? A Terra terá um fim? Por que Plutão não é mais planeta? O que são buracos negros?. “O atendimento aos objetivos traçados é também alcançado nos minicursos e oficinas oferecidos”, concluem.
Mais roteiros
O primeiro roteiro didático da série é Trilha da Natureza da UFScar, organizado pelas professoras Sílvia Aparecida Martins dos Santos e Salete Linhares Queiroz. A Universidade Federal de São Carlos localiza-se às margens da Rodovia Washington Luís, e atualmente possui uma área de Reserva Legal de 22,26% da área do campus, que é utilizada em atividades de pesquisa, ensino e extensão, como o projeto Visitas Orientadas à Trilha da Natureza. Mais do que um passeio, trata-se de uma interpretação ambiental, traduzindo e explicando os fenômenos naturais. São oferecidos três percursos, um deles é a Trilha Cerrado + Lago Mayaca + Mata Galeria (tempo estimado de 3 horas); é o mais completo e inclui uma caminhada de 3,5 km (ida e volta), considerando como ponto de partida o portão de entrada da área de Cerrado do Campus da UFSCar. Durante o percurso os monitores incentivam os visitantes a perceberem o ambiente utilizando os cinco sentidos.
O segundo roteiro propõe uma visita ao Bosque Santa Marta , uma parceria entre o CDCC e a ONG Veredas – Caminho das Nascentes e a Associação dos Moradores e Proprietários de Imóveis do Parque Santa Marta. O bosque é um fragmento florestal remanescente da Fazenda Santa Adélia, que foi loteada, dando origem ao Bairro Parque Santa Marta, localizado na zona norte da cidade de São Carlos, legalmente protegido no âmbito do Plano Estratégico Municipal. Sua área é de aproximadamente 27.000 m2, possui uma relevante diversidade de fauna e flora, importante para a manutenção da biodiversidade urbana da cidade. Mesmo sendo um fragmento pequeno de vegetação, já foram observados no local vários animais, como lagarto-teiú (Tupinambis teguixim), falso-camaleão (Polychrus sp), gambá (Didelphis ssp) e preá (Cavia sp), além de várias espécies de aves e morcegos, que realizam a importantíssima função de dispersores de sementes.
O terceiro roteiro traz visitas ao Quintal Agroecológico do CDCC, que vem acontecendo desde 2014, com a finalidade de resgatar a prática de cultivar quintais em residências, como forma de garantir a segurança alimentar, o consumo livre de insumos químicos e o uso consciente dos recursos. No Quintal Agroecológico os visitantes podem conhecer diversas espécies de plantas alimentícias, aprender suas características biológicas e entender processos de produção agroecológicos. Os monitores conduzem debates críticos sobre a sustentabilidade da agricultura convencional e contextualizam a agroecologia enquanto ciência que visa à integração de diversos saberes científicos, em busca de produção sustentável e de desenvolvimento socioeconômico. Segundo os autores, a agroecologia aplicada em espaços como os quintais domésticos pode significar soberania alimentar para produtores e para famílias, alimentação saudável, sustentabilidade, manutenção de serviços ecossistêmicos em áreas verdes urbanas e a difusão de trocas de saberes culturais e geracionais.
Outro roteiro, Exposição Bicho: Quem te viu, Quem te vê!, resultou de parceria interinstitucional regional estabelecida entre o CDCC, o Laboratório de Educação Ambiental do Departamento de Ciências Ambientais da UFSCar, o Instituto Florestal e a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, com apoio financeiro da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. De caráter itinerante, a exposição foi inaugurada em março de 2015 e, até o início da pandemia da covid-19, em 2020, já havia sido visitada por mais de 125 mil pessoas. O objetivo é contribuir para a construção de valores relacionados à proteção da diversidade biológica, exibindo, por meio de painéis, registros fotográficos e ilustrações, como se deu a evolução da ocupação dos ambientes naturais da região central do Estado de São Paulo e o que restou de tais ambientes, desencadeando reflexões sobre as ameaças às quais espécies da fauna regional estão expostas e sensibilizando a população no que tange à sua conservação.
A trajetória do gênero humano na face da Terra acomodada em uma valise. Este é o mote da exposição Valise Origens do Homem Revisitada, concebida pelos pesquisadores Alain Mathis e Marylène Patou Mathis, com moldes originais elaborados pelo Atelier Dexet-Auger, na França. Foi o convênio entre a USP e o Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica (Cendotec), firmado em outubro de 1995, que resultou na produção conjunta de quatro cópias da Valise Origens do Homem. O roteiro tem como objetivo subsidiar ações didáticas e/ou de divulgação científica e destina-se, principalmente, a professores que pretendam utilizar a Valise em suas aulas. Mas, como lembram os autores da obra, a Valise abrange um amplo leque de recursos e conhecimentos, e não o oferecimento de “receitas” e sequências prontas de mediação. “É necessário reforçar que as sugestões de abordagem aqui colocadas são passíveis de adaptações para os diversos contextos nos quais ela ocorrerá”, declaram.
O último roteiro é a Sala da Eletricidade. O CDCC possui um vasto conjunto de artefatos que permite a realização de experimentos que são apreciados pelo público em visitas ao local, e parte deles esteve disponível em espaço denominado de Sala da Física. Em 2012 este espaço foi reestruturado, passando a abordar uma temática específica: energia elétrica. Na Sala da Eletricidade do CDCC, o visitante tem contato com experimentos que tratam sobre fenômenos eletromagnéticos reais, modelados em leis fundamentais da natureza. A apresentação dos fenômenos e do conteúdo textual, nos painéis que cercam a sala expositiva, foi elaborada com o intuito de permitir a abordagem de tópicos relevantes da relação entre eletricidade e magnetismo, e de aplicações de efeitos eletromagnéticos. Como afirmam os autores, “a geração, a transmissão e a distribuição da energia elétrica disponível para consumo nas indústrias, empresas e em nossas casas torna-se, assim, um objeto de reflexão, favorecendo a percepção de que as decisões que forem socialmente tomadas no futuro próximo com relação à produção e consumo da energia elétrica terão impacto profundo na vida das pessoas e na sua relação com a natureza”.
Para conferir estes e outros títulos produzidos na USP acesse o Portal de Livros Abertos neste link.