Alunos da EESC realizam diagnóstico para certificação de qualidade do Banco de Sangue

Como a engenharia pode colaborar com outras áreas do conhecimento a fim de proporcionar melhorias para sociedade? Uma possibilidade na área de saúde pública foi apresentada por alunos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP em uma parceria com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.

Como avaliação da disciplina SEP 0701 – Gestão da Qualidade, o professor do Departamento de Engenharia de Produção da EESC, Mateus Cecílio Gerolamo, dividiu os alunos em equipes e propôs o desafio de desenvolverem projetos em parceria com instituições e empresas de qualquer segmento que aplicassem na prática os conceitos aprendidos em sala de aula.

Entre os oitos grupos, a equipe formada pelos alunos do curso de Engenharia de Produção da EESC – Vitor Bernardo, Vinicius Lemos, Leonardo Ruli, Andrew Medina e Matheus Dall’agnol – optou em sair do escopo da engenharia e firmou uma parceria com o Banco de Sangue da Santa Casa, com o objetivo de desenvolver um diagnóstico para a certificação ISO 9001– um conjunto de normas de padronização vinculadas à gestão da qualidade de um determinado serviço ou produto. “Achamos interessante trabalhar com a área de saúde e sair do escopo de processos mecânicos e de manufatura”, comentou Bernardo.

A Santa Casa é referência no atendimento de alta complexidade para aproximadamente 400 mil habitantes de São Carlos e região. Entre as diversas áreas de atuação, o Banco de Sangue era o setor que almejava há algum tempo a certificação ISO 9001. “Estávamos em busca da certificação, porém por questões financeiras ainda não tínhamos tido a oportunidade de contratar uma consultoria para realizar o diagnóstico. Assim que a Provedoria tomou conhecimento do projeto, aprovou o início do trabalho”, explicou o gerente do Banco de Sangue, Cesar Martins da Costa.

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Os alunos dividiram o trabalho em quatro frentes de avaliação, partindo da entrevista com o gerente do banco de sangue, em seguida entrevista com os funcionários, mapeamento dos processos e informação documentada. “Desde o início foi um desafio, pois o trabalho era extenso e ficamos incertos se conseguiríamos fazer um diagnóstico completo e profissional para o Banco de Sangue. No final conseguimos. São nos desafios que mais aprendemos e nos desenvolvemos”, comentou Lemos.

De acordo Ruli, alguns dos requisitos da normativa já eram cumpridos, e os que não estavam em concordância foram apresentados de uma forma compreensível e estruturada para que fossem alcançados. O gerente do Banco de Sangue ficou muito motivado e confiante com o empenho dos alunos. “Foi uma parceria muito legal. Eles vestiram a camisa pela causa social, estudaram, aplicaram a teoria, bateram cabeça com os conceitos e por fim apresentaram bons resultados”, comentou Costa, que ainda destacou a importância do diagnóstico ao somar com as exigências estabelecidas a Portaria 158 do Ministério da Saúde, de 4 de fevereiro de 2016, que redefiniu o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos, de acordo com a Vigilância Sanitária.

O sucesso dessa parceria foi tão evidente, que o professor decidiu abrir a apresentação final para o público geral, contanto com a presença de Costa. Na ocasião, o grupo mostrou o passo a passo do primeiro contato com o setor, as reuniões, atividades, recomendações e o diagnóstico.

“Esse documento é uma foto atual de como o Banco de Sangue está em relação à certificação da ISO 9001 e o que deve ser adequado para a implementação. Elaboramos também um ‘wordmap’, que são os passos que os gestores devem seguir diariamente para melhorarem as partes mais críticas”, comentou Medina.

O gerente hospitalar da Santa Casa, Edson Eduardo Pramparo, que esteve presente na apresentação, afirmou que a parceria tem grande valia para ambas as instituições, pois estão retornando benefícios para a sociedade, que contribuiu nos investimentos para a saúde e educação do país.

“A confiabilidade do Banco de Sangue para o público é muito importante. Nesse setor colhe-se o material ‘in natura’, adapta-o para qualquer necessidade dos pacientes e encaminha-o para diversas regiões do país. A ISO 9001 ainda pode contribuir com a ampliação que estamos planejando de área de hematologia para oncologia hematológica (por exemplo, para casos de leucemia), o que estenderá ainda mais os atendimentos”, destacou Pramparo.

Para o professor, o projeto desenvolvido também pode despertar novas ideias para os alunos, principalmente na área de empreendedorismo. “É um trabalho diferenciado e pode incentivar o grupo ou outros alunos a investirem em uma ‘startup’ para realizar o processo completo do diagnóstico, auditoria e certificação da ISO 9001”, salientou Gerolamo.

Por Keite Marques da Assessoria de Comunicação da EESC
Fotos: Keite Marques

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