Evento que aconteceu em setembro, no Reino Unido, premiou projeto de alunos da Escola de Engenharia de São Carlos da USP na categoria de drone autônomo, que navega sem o auxílio de GPS, utilizando sensores e inteligência artificial
Um drone projetado por estudantes de graduação de diversos cursos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e integrantes do Grupo Semear – Soluções em Engenharia Mecatrônica e Aplicação em Robótica – foi destaque durante a International Micro Air Vehicles Conference and Competition (Imav), a maior competição e conferência internacional na área de drones e veículos aéreos não tripulados. O evento aconteceu entre os dias 16 e 20 de setembro, na Universidade de Bristol, no Reino Unido. O projeto recebeu o prêmio de drone mais autônomo da competição e ficou em 3º lugar na categoria indoor.
Neste ano, a competição teve como tema a preservação ambiental, desafiando os participantes a aplicarem as tecnologias de veículos aéreos não tripulados (Vants) para monitoramento e proteção da biodiversidade. O drone destacado desenvolvido pela equipe brasileira, que participou pela primeira vez da competição, chama-se Harpia. Ele foi projetado para navegar de forma autônoma em ambientes fechados e sem o auxílio de GPS, utilizando sensores e inteligência artificial.
“Na área de sensoriamento, se destaca a odometria visual, que consiste no uso de câmeras em conjunto com algoritmos de visão computacional para mapear o ambiente ao redor do veículo, para que o equipamento seja capaz de se orientar durante suas atividades autônomas”, explica Vitor Garcia Ribeiro, estudante de Engenharia Mecatrônica na EESC e diretor do Núcleo de Robótica Aérea do Grupo Semear.
Para o estudante, o sistema funcionou como o previsto, e a Harpia conseguiu percorrer e identificar pistas visuais de diferentes animais num circuito, como era proposto no desafio. “O equipamento respondeu muito bem, superou nossas melhores expectativas e conseguimos com ele não só alcançar a terceira colocação na categoria, como também lhe conferir, com muito orgulho, o prêmio de ‘Drone mais autônomo da competição’”, celebra Ribeiro.
Atenção internacional
O grupo também levou para a Imav o drone Carcará, projetado com o objetivo principal de realizar voos outdoors de mapeamento. “O equipamento foi feito com alumínio e fibra de carbono em sua estrutura, possui câmeras potentes e dois GPS para a navegação, além de outras tecnologias embarcadas, que lhe permite mapear áreas de preservação e identificar animais com o uso de inteligência artificial”, explica Ribeiro.
O Carcará concorreu na categoria outdoor da competição e alcançou o 6º lugar. “Foi outro motivo de muita alegria e de recompensa pelo esforço, dedicação e aprendizado ao longo dos últimos 12 meses”, destaca o estudante da EESC.
Os projetos dos drones apresentados no evento foram desenvolvidos sob a liderança de Marcelo Becker, professor no Departamento de Engenharia Mecânica da EESC, líder do Grupo de Robótica Móvel do SEM-EESC-USP e coordenador e membro do Conselho Diretor do Centro de Robótica de São Carlos (CRob-SC). Os projetos também tiveram apoio do Grupo Semear, do professor Glauco Caurin e também da Latam Airlines.
Com os bons resultados obtidos na competição, o grupo acredita ter atraído atenção internacional aos projetos de robótica desenvolvidos na universidade. “Conseguimos trazer reconhecimento da engenharia brasileira e, principalmente, da excelência da nossa Escola. Esperamos que com essa iniciativa possamos evoluir ainda mais a área de robótica e drones no campus, e possibilitar a participação de outros eventos como esse, bem como ampliar o contato com profissionais e equipes de todo o mundo, o que é bastante enriquecedor”, ressalta Ribeiro.
O grupo de estudantes agora avalia como próximo passo realizar uma ampla documentação de tudo que foi aplicado na competição. Além disso, eles passam a focar completamente na Competição Brasileira de Robótica (CBR), que acontece em novembro.
“Esperamos que nosso desempenho reflita aquilo que alcançamos em contexto internacional. Será mais uma oportunidade de sermos expostos a desafios de engenharia reais, em escala ou não, e que nos preparam para o mercado de trabalho”, conclui o estudante.
Texto: Assessoria de Comunicação da EESC
Por Jornal da USP