Trabalho premiado de computação propõe novas formas para avaliar algoritmos, reduzindo distorções e gerando dados que podem ser usados no planejamento de infraestrutura

O estudo usou como base diferentes malhas urbanas de cidades ao redor do mundo, como São Paulo, Maceió, Barcelona e Bogotá, para avaliar algoritmos de visualização de dados – Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: E_Pluribus_Anthony/chris 論/Wikimedia Commons; Nikhil Kurian/Pixabay
Cidades e grandes centros urbanos concentram enormes quantidades de dados que, muitas vezes, precisam ser adequadamente tratados para servirem de informações relevantes em áreas como transporte, segurança e planejamento de uma determinada região. Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP publicaram um artigo sobre a eficácia de diferentes algoritmos de organização de dados espaciais de áreas urbanas pautadas na ordenação de vértices em grafos.
Grafos nada mais são que estruturas matemáticas que representam relações entre conjuntos de informações. Eles são formados por vértices ou nós que são interligados por arestas. O conjunto dessas conexões é capaz de formar diagramas, que ajudam na visualização de grandes quantidades de informações e são úteis para a área de ciência de dados. A tarefa dos pesquisadores era organizar grafos e vértices de forma que pudessem representar localizações do mundo real e suas conexões.

Os grafos são como teias de informações, conectadas umas às outras por arestas – Foto: Martin Grandjean/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0

Thales Vieira – Foto: Arquivo pessoal
“Cada ponto da cidade pode ter uma série de dados diferentes, que podem ser usados no planejamento de infraestrutura, seja ela pública ou privada”, comenta Thales Vieira, professor associado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e um dos autores do artigo. Utilizando contextos urbanos, o estudo se baseou na análise dessas teias de informações. Formadas a partir de mapas de cidades como São Paulo, Maceió, Barcelona e Bogotá, elas concentram os dados de interesse somente nas esquinas (vértices) das ruas.
O desafio desse tipo de organização envolve as possíveis distorções que ocorrem na etapa de ordenação dos dados espaciais em único eixo, como ao inseri-los em um gráfico. A ideia é similar a representar o mapa-múndi do globo terrestre: ao lidar com mais de duas dimensões, qualquer representação em menores dimensões – como numa folha de papel ou numa tela de computador – sofrerá distorções. “Esses vértices estão em 2D e você precisa ordená-los em uma reta. Não tem como fazer isso sem perder informações”, diz Vieira.

Victor Barella – Foto: Arquivo pessoal
O professor explica que, sabendo que as esquinas estão espalhadas pelo mapa de uma cidade e que não é possível escapar dessas distorções, o ideal seria manter vizinhanças, ou seja, estabelecer intervalos próximos na ordenação que representem esquinas próximas no mapa. “Tem várias maneiras de se fazer essa ordenação, e no artigo a gente trabalha em como medir se uma ordenação ficou boa ou não”, completa Victor Barella, pós-doutorando no ICMC e integrante da pesquisa.
Texto: Fernanda Zibordi – Estagiária com orientação de Tabita Said. Com informações do ICMC
Arte: Diego Facundini – Estagiário sob supervisão de Moisés Dorado
Por Jornal da USP