Ex-aluna do ICMC é a nova presidente da Unión Matemática de América Latina y el Caribe

Jaqueline Mesquita, mestra e doutora pelo Instituto, é a primeira representante do Brasil a ocupar o cargo

 

A ex-aluna do ICMC tem um currículo carregado de experiências internacionais, fez parte do doutorado na República Tcheca, além de pós-doutorados no Chile e na Alemanha (crédito da imagem: SBM)

 

A pesquisadora Jaqueline Godoy Mesquita, ex-aluna do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, assumiu a presidência da Unión Matemática de América Latina y el Caribe (UMALCA). A nomeação foi oficializada no último dia 27 de março, durante a Assembleia da União.

Carregando a missão de promover a colaboração, o intercâmbio e a comunicação entre matemáticos da América Latina e do Caribe, a UMALCA foi criada em julho de 1995, reunindo as lideranças das sociedades nacionais de matemática da região. Segundo Jaqueline, a intenção é estreitar ainda mais os laços que sustentam esse alicerce, tendo em vista a projeção global da área. “Meu compromisso é contribuir para o desenvolvimento e a integração da comunidade matemática latino-americana, consolidando ainda mais a presença e a influência da UMALCA no cenário internacional”, declara.

História no ICMC – Natural de Boa Vista, estado de Roraima, mas radicada em Brasília, no Distrito Federal, desde a infância, a egressa do ICMC iniciou sua trajetória acadêmica na Universidade de Brasília (UnB), onde concluiu o Bacharelado e a Licenciatura em Matemática em 2003. Sua história com a USP São Carlos começou em 2007, quando ingressou no mestrado. Em seguida, obteve o título de doutora em Matemática pelo ICMC, em 2012 — ano em que também deu início a um pós-doutorado.

Considerada uma referência na área de análise matemática, com ênfase em equações diferenciais e equações diferenciais funcionais com retardamento, Jaqueline marcou presença em outras instituições do Brasil. De 2013 a 2015, lecionou no Departamento de Computação e Matemática da USP, em Ribeirão Preto, e atualmente é professora do Departamento de Matemática da UnB, já estando aprovada para iniciar sua trajetória na Unicamp em breve.

 

A nomeação de Jaqueline foi oficializada no último dia 27 de março, durante assembleia da UMALCA (crédito da imagem: UMALCA)

 

Primeira e mais jovem brasileira na presidência – O processo de nomeação dos membros do comitê executivo da UMALCA, órgão que inclui a presidência, ocorre com base em méritos científicos e no desempenho dentro da comunidade matemática. Calcada no pioneirismo e na excelência acadêmica, a nomeação de Jaqueline para o cargo representa um marco histórico: ela é a primeira brasileira e a pessoa mais jovem a ocupar essa posição. “Esse marco representa um avanço significativo para o Brasil em termos de representatividade na América Latina e no Caribe”, afirma a professora.

Além de colocar o Brasil como protagonista nas lideranças científicas internacionais, a presença de Jaqueline Mesquita nesse posto também simboliza um importante avanço no campo da representatividade feminina. Em toda a história da UMALCA, apenas duas mulheres ocuparam a presidência. A primeira foi Liliana Forzani, docente da Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé, na Argentina, agora sucedida pela brasileira. “A presença de mais mulheres na matemática, especialmente em cargos de liderança, é fundamental para inspirar novas gerações e mostrar que elas também podem alcançar esses espaços”, reflete.

O pioneirismo de Jaqueline se repete em outros contextos: ela também é a atual presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), sendo uma entre as três únicas mulheres que estiveram à frente da entidade desde sua fundação, em 1969.

Diante de um cenário desafiador, marcado pela falta de investimento no ensino e na pesquisa, Jaqueline tem como objetivo fundamental a busca de recursos por múltiplas vias, como a participação em editais, o diálogo com empresas e a aproximação com os setores público e privado em toda a região. Ela demonstra entusiasmo diante das possibilidades do ciclo que se inicia: “Tenho grandes expectativas e diversas ideias, com destaque para a ampliação do papel da UMALCA na organização de eventos em toda a região, o fortalecimento de iniciativas que promovam a diversidade de gênero e uma participação mais ativa em ações voltadas para o aprimoramento tanto da pesquisa quanto do ensino de matemática”, conclui.

 

Por Raquel Sampaio, da Fontes Comunicação Científica
Com informações da Sociedade Brasileira de Matemática

 

Mais informações
Leia mais sobre a trajetória de Jaqueline: icmc.usp.br/e/9ee1c

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