Em 2024, equipe marcou presença na etapa mundial do International Collegiate Programming Contest (ICPC), que ocorreu no Cazaquistão
O GEMA foi um dos oito times que representaram o Brasil na Final Mundial do International Collegiate Programming Contest 2024, realizada de 15 a 20 de setembro, no Cazaquistão | Foto: Reprodução
Códigos de programação, trabalho sob pressão e um forte espírito de equipe compõem o ambiente competitivo que impulsiona os talentos do Grupo de Estudos de Maratona de Programação (GEMA). Em 2024, a equipe do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, reafirmou sua posição entre as melhores em competições do tipo.
Na principal delas, intitulada Maratona de Programação, promovida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), o GEMA ficou em 15º lugar na etapa nacional, ocorrida em 9 de novembro em João Pessoa (PB). Antes disso, nas etapas regionais, o grupo havia alcançado a primeira e a terceira colocação da prova realizada em São Carlos e que reuniu competidores da USP Ribeirão Preto, Unesp de Rio Claro, Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), entre outras instituições .
Desde sua formação em 2008, o grupo tem sido presença constante nas finais nacionais da Maratona. Além disso, entre 2019 e 2023, seus integrantes também garantiram a participação na final mundial da competição do International Collegiate Programming Contest (ICPC). Em 2024, a competição reuniu 420 concorrentes de mais de 50 países no Cazaquistão e a equipe do GEMA, composta pelos alunos Dikson Ferreira dos Santos, Kenzo Yves Yamashita Nobre, André Luis Mendes Fakhoury e Thiago Sena de Queiroz, representou não só a USP, como o Brasil.
Para o professor João Batista, coordenador do GEMA, as conquistas do grupo refletem não só a qualidade do ensino do ICMC, mas também o empenho dos estudantes, que se reúnem voluntariamente para aprimorar seus conhecimentos. “O ensino dentro do grupo segue um ciclo virtuoso: os veteranos ensinam os calouros. Esse sistema permite que o conhecimento seja transmitido de forma eficiente e dinâmica”, relata.
Outro marco para a equipe foi sediar, pela primeira vez, a etapa regional da Maratona da SBC, que ocorreu em agosto de 2024 no ICMC. “Isso nos fortaleceu e trouxe ao grupo uma experiência nova e enriquecedora”, destaca a estudante Pietra Gullo, coordenadora discente do GEMA.
“Participar do GEMA é uma experiência desafiadora e divertida ao mesmo tempo”, garante o professor João | Foto: Reprodução
Outras conquistas – Em 2024, o GEMA também se destacou na Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), competição voltada para calouros do ensino superior. Dos 25 estudantes do ICMC que participaram da prova, seis se destacaram, conquistando uma medalha de prata, três bronzes e duas menções honrosas.
Na Maratona Feminina de Programação (MFP), que incentiva a participação de mulheres na programação competitiva, o GEMA também teve um desempenho notável. Pela primeira vez, a Maratona foi aberta à participação de mulheres de toda a América Latina. Dividida em uma fase seletiva online e uma final presencial na Unicamp, o grupo do ICMC conseguiu classificar oito competidoras para a fase decisiva, sendo que a estudante Pietra Gullo conquistou o segundo lugar geral, o primeiro entre as b
rasileiras. “Isso é muito importante porque fortalece a participação feminina na programação competitiva e leva o nome do ICMC para o topo dessas competições”, afirma o professor João.
Em 2024 a aluna Pietra, do GEMA, alcançou o segundo lugar da Maratona Feminina de Programação (MFP) | Foto: Reprodução
Como funcionam as competições? – As maratonas de programação, organizadas desde 1996 pela SBC, reúnem equipes universitárias formadas por três alunos e um técnico. No dia da competição, os participantes se reúnem em um mesmo lugar. Nesse momento, eles recebem cerca de 10 problemas, que devem ser resolvidos por meio de programação em até cinco horas. Cada equipe tem apenas um computador, o que exige planejamento estratégico e trabalho colaborativo.
Segundo o professor João Batista, o aspecto psicológico desempenha um papel crucial na disputa. Um dos elementos mais marcantes é o uso de balões coloridos para sinalizar as equipes que acertam os desafios. “Conforme os times resolvem os problemas, balões são colocados sobre suas mesas. Isso intensifica a tensão, pois os competidores conseguem visualizar em tempo real quantas questões seus adversários já solucionaram”, explica o professor.
A competição acontece em etapas progressivas. No Brasil, há diversas regionais, com aproximadamente sete sedes só no Estado de São Paulo. Os times com melhor desempenho avançam para a final nacional, que reúne cerca de 45 equipes. As que se destacam garantem vaga na fase seguinte, composta pelas melhores equipes da América Latina. Para avançar à final mundial é preciso superar essa nova etapa, que foi adicionada em 2023. “Antes, o Brasil tinha de cinco a seis vagas garantidas após a maratona nacional”, complementa o coordenador do GEMA.
A partir de 2023, a competição internacional passou a contar com uma etapa latino-americana. Em 2024, a prova foi realizada na Colômbia, onde o GEMA conquistou a 6ª colocação.
Como são os treinamentos – A equipe do GEMA se reúne semanalmente no ICMC para estudar programação competitiva de forma estruturada, combinando teoria e prática. O objetivo é que os participantes desenvolvam domínio sobre algoritmos e estruturas de dados, enquanto aplicam esse conhecimento na resolução de problemas reais.
“Os treinamentos são organizados de acordo com o nível de experiência dos alunos. Ingressantes começam com conceitos básicos de programação e, gradualmente, avançam para desafios mais complexos. Já os veteranos têm encontros aprofundados, com conteúdos sugeridos e ministrados pelos próprios membros. Aos sábados, a equipe realiza simulados que recriam o ambiente das competições oficiais, garantindo uma preparação intensiva”, explica Pietra.
Além das aulas regulares, o GEMA promove competições internas, conhecidas como “Contests dos Bichos”, que simulam o formato da Maratona de Programação. Os três melhores colocados nesses desafios garantem vaga na etapa regional da competição.
O grupo também promove eventos abertos ao público, como minicursos presenciais e online, acessíveis a qualquer interessado. Além disso, atua na aplicação da OBI para alunos do ensino médio da região de São Carlos, incentivando novas gerações a ingressarem no universo da programação.
Como participar do grupo – O GEMA não exige um processo seletivo para novos membros. Qualquer aluno da USP São Carlos pode participar, desde que demonstre comprometimento com as atividades, como aulas, eventos e competições. A única seletiva ocorre para a Maratona de Programação, caso o número de interessados seja maior do que o de vagas disponíveis para a etapa regional. Em 2023, por exemplo, o grupo utilizou a “fase zero” da competição como critério de seleção dos participantes.
Na final nacional, em João Pessoa, participaram cerca de 45 times de todo o Brasil | Foto: Reprodução
Texto: Gabriele Maciel, da Fontes Comunicação Científica
Mais informações
Acesse o site do GEMA: gema.icmc.usp.br
Siga o grupo no Instagram: @gema.icmc
Veja como foi a Maratona Nacional da SBC: maratona.sbc.org.br