Indústria 4.0 põe à prova competências individuais de funcionários

Se a indústria 4.0, com toda a sua tecnologia, trouxe um novo tempo para o setor produtivo, trouxe também aos atores que atuam no segmento a necessidade de buscar e aprimorar algumas competências individuais, de forma a se manter alinhado às novas demandas e expectativas industriais e, assim, garantir continuidade no posto de trabalho. Mas, quais são essas competências individuais? É o que buscou saber um estudo da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP).

O estudo, intitulado “Relações entre promoção da Indústria 4.0 e Competências Individuais”, virou tese de doutorado apresentado pela aluna Marina Teixeira de Souza, sob orientação de Fernando Cesar Almada, professor do Departamento de Engenharia de Produção da EESC.

“Inteligência de mercado, automação de processos, conectividade de sistemas, melhoria contínua e desenvolvimento de pessoas são alguns dos imperativos do contexto atual das organizações. Estar em linha com todos esses elementos é o grande desafio e colocá-los em prática é o grande triunfo das empresas. A indústria 4.0 tem como objetivo integrar as operações de manufatura e tecnologias de comunicação e informação de toda cadeia produtiva da organização – desde fornecedores até a entrega do produto ao cliente – e objetos, máquinas, unidades, robôs passam a integrar um sistema de comunicação em tempo real, viabilizar a tomada de decisão e adaptar às dinâmicas com base em informações globais. Diante desse contexto, é essencial discutir as relações entre essa Indústria 4.0 e as competências individuais necessárias aos funcionários, de modo a identificá-las em termos de grau de domínio e grau de importância”, explica Marina.

Metodologia e achados das competências

Para o estudo, foi realizado um referencial teórico em formato de coletânea de artigos que sustentou a metodologia de pesquisa associando Indústria 4.0 e Competências Individuais. O trabalho envolveu uma pesquisa aplicada, de abordagem qualitativa e exploratória. Para a coleta de dados foi aplicado um estudo de caso transversal em uma empresa utilizada como referência no setor em que atua utilizando como meios de coleta de dados questionário, entrevista, observação não participante e diário de campo. Já para a interpretação dos dados, foram utilizadas análises descritiva e de conteúdo.

“A pesquisa trouxe significativos achados, com a identificação de necessárias competências individuais no contexto da Indústria 4.0, como flexibilidade e adaptabilidade; aprendizagem contínua; iniciativa e disposição; resiliência; liderança; comunicação; pensamento sistêmico; planejamento; resolução de problemas; tomada de decisão; além de inovação e criatividade”, destaca Marina.

Já no estudo de caso, feito com uma empresa com faturamento anual acima de US$3 bilhões, que conta com mais de 15 mil funcionários e tem operações em 16 países, incluindo o Brasil, onde emprega mais de 300 pessoas, o que se viu foi a existência de mudanças positivas em termos de grau de domínio e grau de importância das competências individuais.

“Essa empresa já passou pela fase de planejamento e implementação de tecnologias da Indústria 4.0 e está agora na fase de desenvolvimento, com planos de chegar até o estágio de maturidade da Indústria 4.0, trabalhando para incorporar e consolidar 100% de seus processos nessas tecnologias. De forma prática, o estudo de caso propiciou responder quais são os objetivos, resultados e benefícios viabilizados a partir da implementação de tecnologias da Indústria 4.0 e relação com competências individuais. Com relação aos objetivos de se implementar a Indústria 4.0, observou-se que a empresa se dedica a estar à frente dos concorrentes, sendo utilizada como benchmarking em seu setor, além de objetivar entregar agilidade em seus processos, garantir vantagem competitiva no mercado. Acerca dos resultados e benefícios viabilizados, a empresa destaca significativos ganhos de produtividade, erradicação de reclamações por parte de clientes, aumento da lucratividade, controle de custos, informação precisa e tempestiva e incorporação das pessoas no processo de forma estratégica”, descreve a aluna da EESC.

Para ela, todos esses resultados proporcionam informações relevantes e viabilizam reflexões teóricas e gerenciais acerca da temática. “Tudo isso, além de transformar o conhecimento acadêmico em conceitos práticos que trazem impactos diretos na prática, algo que faz parte do propósito da EESC, instituição que me deu essa oportunidade”, finaliza.

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