De 19 a 21 de maio, festival que celebra a ciência volta a ocupar a Praça XV, no centro de São Carlos, com debates embalados por música ao vivo

De 19 a 21 de maio, a partir das 18 horas, a Praça XV volta a se transformar em palco para celebrar a ciência produzida em São Carlos. (crédito da imagem: Ana Luísa Santiago/Fontes Comunicação Científica)
A água é o ingrediente secreto daquele hambúrguer que você tanto gosta. Não está no pão, nem no molho, mas está lá, invisível, na conta ambiental de cada mordida. É esse tipo de conversa, que começa no prato e vai parar nas grandes questões do planeta, que o Pint of Science trará para a Praça XV, no centro de São Carlos, a partir da próxima segunda-feira, 19 de maio.
Na edição que marca os 10 anos da chegada do Pint of Science ao Brasil, o cardápio de temas está mais diverso do que nunca: dinossauros, meteoritos, microchips, ossos impressos em 3D e, acima de tudo, muita gente disposta a ouvir, refletir e trocar ideias com quem faz ciência bem aqui, em São Carlos. As atrações começam a partir das 18 horas e se estendem até 22 horas, de segunda a quarta-feira, 21 de maio, transformando a Praça XV em um palco para celebrar a ciência.
Antes que os debates ocupem o microfone, a música dita o ritmo da noite e convida o público a se aproximar. A Big Boom Orchestra abre os trabalhos no dia 19. No dia 20, é a vez do Coral Afro Soul Jazz tomar conta do palco. E, no dia 21, a cantora Nara Dom encerra a trilha sonora do festival com sua voz poderosa e presença cheia de alma.

A programação do Pint of Science reflete o tema da edição de 2025: Tempos de Mudanças, trazendo um olhar para transformações atuais da nossa sociedade. (crédito da imagem: Pint of Science Brasil)
Programação diversa – A cada edição, o Pint of Science São Carlos se reinventa para refletir as questões que movimentam o mundo e o Brasil. Em 2025, o festival celebra seus 10 anos no país com o tema Tempo de Mudanças, apostando na diversidade de pensamentos, de pesquisas, de vozes e de olhares sobre o futuro. E isso se reflete na escolha dos temas dos bate-papos, que transitam entre o céu, a terra, o corpo e a mente.
Na segunda-feira, 19 de maio, a conversa começa com um tema que convida à escuta e ao acolhimento: a neurodivergência, um modo de perceber, sentir e aprender que escapa dos padrões esperados. Um dos focos do encontro será a experiência de mulheres que só descobriram sua condição neurodivergente na vida adulta.
“As pesquisas mostram que muitas mulheres se camuflam para se adaptar ao meio, porque foram ensinadas desde cedo a socializar e corresponder a expectativas externas. Esse esforço constante para mascarar comportamentos consome uma enorme carga emocional e mental, gerando exaustão, sofrimento e, muitas vezes, uma sensação de inadequação persistente”, explica Danitiele Maria Calazans Marques, psicopedagoga e uma das convidadas da noite. “Falar sobre isso é essencial para promover o autoconhecimento e romper com a invisibilidade que ainda cerca tantas mulheres neurodivergentes”.
Logo depois, às 20h30, o festival vira o olhar para o universo. No bate-papo A vida além da Terra: uma viagem entre mundos, os pesquisadores Carolina Targon Tiberio, Gabriel Gonçalves Silva e Marcelo Adorna Fernandes mostram como microrganismos que vivem em ambientes extremos aqui na Terra podem ajudar a entender as condições para a vida em outros planetas e como ciência e imaginação se encontram na astrobiologia.
Na terça-feira, 20 de maio, a conversa volta ao planeta, ou melhor, ao prato. O pesquisador Julio Cesar Pascale Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, conduz o encontro Água e produção de carne: qual é a conta dessa mistura?, trazendo dados atualizados sobre a pegada hídrica da pecuária brasileira e debatendo os desafios para uma produção mais eficiente e sustentável.
Na sequência, às 20h30, os pesquisadores Gabriel Eduardo Baréa de Barros e Hugo Sarmento, da UFSCar, propõem uma reflexão sobre os impactos das mudanças climáticas, olhando para os eventos extremos do passado da Terra como um alerta para o presente. No bate-papo Extinções e clima: ecos do passado, ameaças no presente, eles discutem o papel da ciência na construção de um futuro mais consciente e na resistência contra a desinformação, marcando a comemoração do 50 anos do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFSCar.
Na quarta-feira, 21 de maio, o foco são as mulheres que constroem e transformam a ciência. No bate-papo Elas e a diferença que fazem na computação e na ciência, as professoras do ICMC, Kamila Rios da Hora Rodrigues e Lina Maria Garcés Rodríguez se unem à pesquisadora Mirlene Fátima Simões Wexell Severo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para compartilhar suas trajetórias e desafios, discutindo a importância da presença feminina em áreas ainda marcadas pela desigualdade de gênero.
Encerrando a programação científica, às 20h30, o encontro Criando ossos e microchips: os bastidores da ciência revela o que há em comum entre a produção de microchips e a criação de biomateriais para reconstrução óssea. “A ideia é unir dois mundos que parecem muito diferentes: de um lado, microchips; de outro, biomateriais para reconstrução óssea. Mas percebemos que os desafios se cruzam, seja no alto nível de controle exigido, nos custos, ou na longa jornada entre a pesquisa e a aplicação real”, comenta a professora Bianca Chieregato Maniglia, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP). “Vamos falar sobre resiliência, sobre como a ciência caminha devagar e com rigor, mesmo quando o mundo cobra pressa”.
Junto com Bianca, estarão no palco os pesquisadores Ana Carolina Soliva Soria, do Departamento de Filosofia da UFSCar; Rafael Vidal Aroca, gerente de inovação do Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun; e Marcos Vinícius Ribeiro Ferreira, mestrando do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências da USP.
Para acolher esse universo de ideias com conforto e inclusão, a Praça XV contará com palco, sistema de som, cadeiras, iluminação especial e áreas acessíveis. Além das conversas e das atrações culturais, quem passar por lá também poderá visitar as barracas da tradicional Feira de Economia Solidária, que também estará presente nas três noites do festival. Tudo gratuito, ao ar livre e aberto a todas as idades, como a ciência deve ser.

As atrações artísticas começam às 18 horas, convidando o público a se aproximar da praça e entrar no clima descontraído do festival. (crédito da imagem: ICMC/USP)
Muitas parcerias – Pela segunda vez, o Pint of Science acontecerá na Praça da XV, o que só foi possível graças às diversas parcerias estabelecidas pela comissão organizadora do evento. Além de apoio e recursos da Prefeitura Municipal de São Carlos, em especial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a iniciativa conta com a colaboração de duas unidades da Embrapa sediadas na cidade (Instrumentação e Pecuária Sudeste), do Instituto Angelim, da empresa PETE, do Calabouço Geek e da SCQ Soluções Laboratoriais.
Há, ainda, a colaboração de centros de pesquisa, laboratórios, núcleos e grupos da UFSCar e da USP, tais como: o Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros (CeRTEV); a EdUFSCar; o Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica da UFSCar; o Observatório Astronômico da UFSCar; o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP; o Centro de Robótica da USP (CRob); o Centro Cultural da USP São Carlos; e o Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária da USP São Carlos (GCACEX). Nacionalmente, o festival também tem o apoio do Instituto Clima e Sociedade.
Texto: Gabriele Maciel, da Fontes Comunicação Científica
Saiba mais
Confira a programação completa: https://pintofscience.com.br/events/saocarlos
Siga o Pint of Science Brasil no Instagram: instagram.com/pintofsciencebr
Conheça a história do festival: pintofscience.com.br/historia
Leia o texto anunciando a chegada ao Brasil: Pint of Science: Festival internacional de divulgação científica chega ao Brasil
Leia mais: Um brinde à ciência: Pint of Science completa 10 anos no Brasil e se consagra como o maior do mundo ao alcançar 169 cidades
Conheça a trajetória do Pint em São Carlos: Dez anos na capital da tecnologia: a trajetória do festival Pint of Science no Brasil
Quer contribuir com a iniciativa, mas não sabe como? Acesse esta apresentação: https://icmc.usp.br/e/16a8a