Nos dias 23, 24 e 25 de setembro, o Reitor da USP, Prof. Carlos G. Carlotti Jr, participou da Reunião Plenária da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, um encontro que foi centralizado em diversos aspectos, com ênfase na Inteligência Artificial (IA) e em seu uso adequado para as grandes questões da atualidade, como sustentabilidade e energia dentro da nova era do Antropoceno.
A apresentação do Reitor incidiu sobre o compromisso que a Universidade de São Paulo (USP) tem com o Brasil, com a América Latina e o mundo nos temas que constituem grandes desafios para a humanidade. Juntamente com o Reitor da USP, a presidente da TWAS (The Word Academy of Science for the Developing countries – UNECO), o secretário geral da Volkswagen Foundation, a editora-chefe da revista Nature e o presidente da AAAS ( American Association for the Advancement of Science) falaram na mesma sessão, tendo abordado aspectos diferentes e importantes dentro do mesmo tema.
A presença de diversos membros da academia – incluindo oito laureados com o Prêmio Nobel – contribuiu de forma marcante para as discussões. A participação da USP demonstra seu papel de referência na América Latina e a responsabilidade que existe com relação aos compromissos educacionais assumidos. As ações da USP para preparar os profissionais, tendo em vistas os desafios futuros que se enfrenta, ficou bem clara e apoiada por todos os participantes.
O Papa Francisco, que tinha uma audiência marcada com os participantes, foi impedido de participar por motivos de saúde, pelo que fez questão de endereçar um texto especial que foi lido na reunião. A posição do Papa com relação à IA fica caracterizada pelo recente pronunciamento do Papa, transcrito abaixo.
“Como sabemos, a inteligência artificial é uma ferramenta extremamente poderosa, empregada em muitos tipos de atividade humana: da medicina ao mundo; da cultura ao campo das comunicações; da educação à política. Agora, é seguro assumir que seu uso influenciará cada vez mais a maneira como vivemos, nossas relações sociais e até mesmo a maneira como concebemos nossa identidade como seres humanos. A questão da inteligência artificial, no entanto, é frequentemente percebida como ambígua; por um lado, gera entusiasmo pelas possibilidades que oferece, enquanto por outro dá origem ao medo pelas consequências que prenuncia. A esse respeito, poderíamos dizer que todos nós, embora em graus variados, experimentamos duas emoções: ficamos entusiasmados quando imaginamos o avanços que podem resultar da inteligência artificial, mas, ao mesmo tempo, ficamos com medo quando reconhecemos os perigos inerentes ao seu uso. Afinal, não podemos duvidar de que o evento da inteligência artificial representa uma verdadeira revolução industrial cognitiva, que contribuirá para a criação de um novo sistema social caracterizado por complexas transformações de época. Por exemplo, a inteligência artificial poderá permitir uma democratização do acesso ao conhecimento, o avanço exponencial da pesquisa científica e a possibilidade de dar trabalho exigente e árduo às máquinas. Mas, ao mesmo tempo, poderá trazer consigo uma injustiça maior entre nações avançadas e em desenvolvimento, ou entre classes sociais dominantes e oprimidas, aumentando a perigosa possibilidade de que uma “cultura do descarte” seja preferida a uma “cultura do encontro”. O significado dessas transformações complexas está claramente ligado ao rápido desenvolvimento tecnológico da própria inteligência artificial… É precisamente esse poderoso progresso tecnológico que torna a inteligência artificial ao mesmo tempo uma ferramenta emocionante e assustadora, e exige uma reflexão sobre se está à altura do desafio que ela apresenta. Nesse sentido, talvez pudéssemos partir da observação de que a inteligência artificial é, acima de tudo, uma ferramenta. E nem é preciso dizer que os benefícios ou malefícios que ela trará dependerão de nós”. (Papa Francisco, com mensagem original endereçada para a Sessão G-7 sobre Inteligência Artificial, realizada entre os dias 13 e 15 de junho do corrente ano).
Confira AQUI o programa que foi estipulado para as reuniões onde o Reitor da USP participou.
Por Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP