A última edição da revista “Forbes Brasil” inclui a lista anual designada “50 over 50 – 2025”, destacando cinquenta personalidades de nosso país, com mais de 50 anos, distribuídas por diversos setores e que ao longo dos anos – de suas carreiras – elevaram o nome do Brasil para além de suas fronteiras, prestigiando-o.
Da música ao cinema, do empreendedorismo às artes plásticas, da educação à medicina, nessa lista vamos encontrar um pesquisador que representa uma ciência brasileira que se destaca no país e no exterior.
Roberto Kalil Filho (cardiologista do InCOR), Christian Dunker (psicólogo), Jurema Werneck (Anistia Internacional do Brasil), Walter Salles (diretor de cinema), Zezé Motta e Débora Bloch (atrizes) e Francisco Gomes Neto (Embraer), são algumas das personalidades destacadas pela “Forbes Brasil” e, entre elas aparece o cientista são-carlense Vanderlei Salvador Bagnato. Tendo como seu reduto o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato considera que sua atuação é fruto do trabalho coletivo desenvolvido pelos colegas cientistas do IFSC/USP e por todos quantos, de forma extraordinariamente competente, desempenham suas funções na Universidade de São Paulo (USP) e do país.
O despertar para a ciência
Bagnato é fruto de uma classe média baixa, tendo sempre estudado em escolas públicas, com uma excelente base familiar e excelentes professores. Seu pai, entregue à profissão na sua oficina de fundo de quintal onde fazia cromação e niquelação, foi o primeiro mestre de Bagnato, com esse espaço de quintal servindo como um grande laboratório. “Todos aqueles produtos químicos que transformavam, através da eletricidade, peças enferrujadas em brilhantes, era fascinante. Trabalhei com meu pai até pouco antes de entrar para a faculdade. Apesar de não ter formação técnico-científica, ele era capaz de entender coisas do arco da velha”, recorda o pesquisador. Simultaneamente, Vanderlei Bagnato sempre considerou os seus professores de ciências e de matemática como verdadeiros heróis, já que eles permitiam que ele fizesse demonstrações em sala de aula, dentre outras ações. “Ganhei uma coleção de livros – BARSA – de meu pai, que pagou em prestações e aquilo mudou minha vida. Aos quinze anos comecei a participar do evento “Cientistas de Amanhã”, organizado pela extinta FUMBEC (a mesma que fez a coleção “Os Cientistas”, que também foi outro marco em minha vida e até hoje tenho a coleção completa). Para quem desejar, a motivação vem de todos os lados. Até hoje, todos ao meu redor me motivam para observar as coisas. A física, química, matemática, todos esses temas eram meu fascínio. Cursei Física no IFSC/USP e Engenharia de Materiais na UFSCar, simultaneamente e isso também foi um desafio que valeu a pena pois tive a chance de ter uma formação com o rigor da física e a aplicação da engenharia. Desde então, ficou claro para mim que só faz boa aplicação quem sabe fundamentos. Sempre fiz tudo com paixão e dedicação em minha vida… Nem observei a passagem de tantos anos”, comenta o cientista.

(Créditos – Forbes Brasil)
Orgulho no desempenho científico

(Créditos – Forbes Brasil)
Em seu trabalho diretamente relacionado com física atômica e molecular e em biofotônica (uso de luz e foto-efeitos em ciências da vida), o cientista do IFSC/USP considera que são vários os fatores pelos quais sente orgulho. Em primeiro lugar, por ter conseguido construir as primeiras armadilhas de átomos no MIT (EUA), enquanto aluno, e que levaram vários membros desse instituto a conquistarem o “Prêmio Nobel” através de desdobramentos importantes de seu trabalho nessa linha. Em segundo lugar, o fato de ter construído o primeiro relógio atômico brasileiro, que introduziu o país na metrologia científica de tempo e de frequência, tão importantes para navegação e telecomunicações e, mais recentemente, ter detectado, pela primeira vez, a turbulência quântica nos chamados condensados de Bose-Einstein. “Mas, as técnicas que desenvolvemos para o tratamento de câncer e controle microbiológico, inclusive, recentemente, com a demonstração da quebra da resistência bacteriana aos antibióticos, teve, sem dúvida, um grande impacto, pois afeta de forma direta milhões de pessoas e tem colocado nossos efeitos em evidência em todo o mundo. Tenho orgulho de tudo o que fiz até agora, de cada artigo e livro publicados e de cada aluno formado (são mais de 130 alunos de pós-graduação). Tudo isso me dá muito orgulho, pois é meu DNA científico se perpetuando. Cada vez que um ex-aluno é bem sucedido, cresço internamente um pouco mais. Ter recebido diversos prêmios e ter sido eleito para as principais academias de ciências do mundo é algo que orgulhosamente divido com todos meus alunos e pós-doutores”, destaca Vanderlei Bagnato.
O caminho continua
Para o Prof. Vanderlei Bagnato, um cientista não pode estar cansado de ser útil. “Incrivelmente, ainda interajo muito com o time do IFSC/USP onde, agora, teremos um grande centro com prédio próprio: é uma grande motivação. A grande demanda para novas técnicas óticas para a saúde (como elementos básicos nos grandes problemas desafiadores que vivemos), e a grande explosão das aplicações dos fenômenos quânticos em tecnologias de forma ainda mais direta, me coloca em posição especial para contribuir, pois estas são exatamente as minhas formações nessas duas grandes demandas. Sinto orgulho em dizer que os EUA me convidaram para construir, no estado do Texas, um laboratório semelhante ao que possuímos na USP de São Carlos. Isso é internacionalizar nossa ciência. Deixamos de ser filial para ser matriz e isso me dá um orgulho enorme”, finaliza o cientista são-carlense.
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Por Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP