Representantes de coletivos da USP e do Ministério da Igualdade Racial vão debater os assuntos
A USP realiza, de 2 a 6 de outubro, a segunda edição do evento USP Pensa Brasil, na Cidade Universitária, em São Paulo.
No segundo dia do seminário USP Pensa Brasil, 3 de outubro, às 19h15, no Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana, o tema da conferência é A cultura e a experiência do comum, que será proferida por Eugênio Bucci, professor titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e superintendente de Comunicação Social da Universidade. Depois, acontece um debate entre pessoas de diversas áreas da cultura: Tiaraju Pablo D’Andrea, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da International Association for the Study of Popular Music – Rama América Latina; Heloísa Teixeira, Professora Emérita de Teoria Crítica da Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL); e Rosane Svartman, escritora, produtora de TV, autora da novela Vai na Fé, da TV Globo, e do livro A telenovela e o futuro da televisão brasileira, além de diretora do melhor longa-metragem infantil do 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
“Fico feliz em poder de alguma forma contribuir para essa conversa premente e necessária sobre uma sociedade fraturada e os laços sociais que permanecem, principalmente na minha área: cultura e conteúdo audiovisual”, destacou Rosane Svartman, por e-mail, ao aceitar o convite do evento.
Antes da conferência, haverá apresentação de fragmentos de textos representativos sobre o País, lidos por estudantes de diversas áreas da USP: Oração de Paraninfo, de Mário de Andrade, Olhos D’água, de Conceição Evaristo; Os Parceiros do Rio Bonito, de Antonio Candido; e Um lugar chamado Maria Antônia, de Marilena Chauí.
Soma de esforços
Entre as sete conferências e debates do evento estão discussões sobre questões identitárias, organizadas pelas Pró-Reitorias de Graduação (PRG) e de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e por dois coletivos da Universidade.
A Inclusão das diferenças: graduação e pertencimento é o título das atividades organizadas conjuntamente pela PRG e PRIP, que serão realizadas de 3 a 5 de outubro, sempre das 14h às 17h, na Sala Villa Lobos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP.
“Decidimos organizar debates conjuntos entre a Pró-Reitoria de Graduação e a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento porque ao apresentar nossas ideias iniciais de debates, os temas eram parecidos. Antirracismo, pertencimento e diferenças; cultura do cancelamento e seu impacto para os direitos humanos no cotidiano das universidades, temas que permeiam o cotidiano das graduações na USP e são muito caros para o trabalho da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento. Diante da afinidade, decidimos somar esforços”, explica a pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lúcia Duarte Lanna.
As discussões começam no dia 3, com a participação de Luís Pedro Polesi de Castro, que apresentará os dados de sua dissertação, defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), sobre evasão na Universidade; e da professora Heloísa Buarque de Almeida, também da FFLCH, que pesquisa os temas sobre gênero, mídia, consumo, família, corpo e violência de gênero. A mediação será de Rosenilton de Oliveira, professor da Faculdade de Educação, que desenvolve pesquisa sobre educação, identidade, religião e políticas públicas com recorte étnico-racial.
No dia seguinte, o tema abordado será Cancelamento e Direitos Humanos, com os professores Ester Gammardella Rizzi, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, e Richard Miskolci, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre os temas estudados por Ester estão, por exemplo, o direito à educação, proteção constitucional e judicialização de direitos sociais; e Miskolci estuda os usos das Tecnologias da Informação e Comunicação e coordena um Núcleo de Pesquisa em Diferenças, Direitos Humanos e Saúde. A mediação vai ser de Felipe de Souza Tarábola, professor da Faculdade de Educação e assessor da PRIP.
“A universidade faz parte da sociedade brasileira. Não é surpreendente que o racismo e a cultura do cancelamento sejam presentes e tão problemáticos no cotidiano da sociedade e também tenham suas versões universitárias. O cancelamento na universidade tem manifestações em portas de banheiro, festas, não adesão ao trote, conflitos em sala de aula e também nas mídias sociais. Na sociedade, seus alvos preferenciais são pessoas públicas em circunstâncias públicas, com reverberação na internet. Pensar as relações sociais na universidade é também pensar nos desafios da sociedade brasileira. Esse é apenas um exemplo”, ressalta Ana Lanna sobre a necessidade de tratar destas questões.
Antirracismo
O último dia de atividades das duas Pró-Reitorias vai tratar de Antirracismo e Desafios na Universidade, com a presença de José Ricardo Ayres, da Faculdade de Medicina da USP, atuante na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Atenção Primária em Saúde e Humanidades em Saúde; e de Márcia Lima, secretária de Políticas e Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial.
A afinidade de Lima com a temática em que atua no governo federal existe há muito tempo, pois faz parte das áreas de pesquisa que a professora da FFLCH desenvolve: desigualdades raciais e relações raciais, com ênfase nos temas de gênero e raça, educação, mercado de trabalho e políticas de ações afirmativas. Ela foi coordenadora do Programa de Acolhimento aos Estudantes Cotistas (Paeco) da faculdade e assessora técnica da PRIP, além de ser coordenadora do Núcleo de Pesquisa sobre Raça, Gênero e Justiça Racial do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Afro-Cebrap). A mediação será de Rogério Monteiro Siqueira, professor da EACH e da Diretoria de Mulheres, Relações Étnico-Raciais e Diversidades da PRIP.
Pela relevância e necessidade de discutir esses assuntos, ele continuará sendo abordado na atividade Coletivos no combate às desigualdades de raça e gênero na USP, promovida pelo Coletivo de Professores e Professoras Antirracismo e pela Rede Não Cala, no dia 6, sexta-feira, respectivamente, às 10h e às 16h, também na Sala Villa Lobos da BBM.
O primeiro coletivo foi criado em 2023 na ECA, com o intuito de executar ações de letramento racial, prevenção e combate ao racismo. E a Rede Não Cala foi fundada em abril de 2016 e possui mais de 200 participantes.
A presença dos dois coletivos na programação tem como objetivo ampliar a discussão de ações afirmativas na Universidade. As duas mesas visam debater modelos e ações de prevenção e combate às discriminações de raça e gênero, partindo da articulação entre docentes, pesquisadores/as e comunidade uspiana.
“Os modelos de ação oriundos da USP têm o potencial de promover a igualdade de raça e gênero para além dos muros da universidade, agregando saberes de forma não hierárquica em uma perspectiva decolonial e feminista. Trata-se, portanto, de um debate contemporâneo com capilaridade em diferentes setores da sociedade”, comenta Ferdinando Martins, membro da Comissão Consultiva do USP Pensa Brasil e professor da ECA, sobre a importância das atividades como promoção do debate entre a USP e a sociedade.
O evento USP Pensa Brasil será realizado de 2 a 6 de outubro, no Espaço Brasiliana (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo), mas há uma variada programação em outros locais. As atividades são gratuitas e abertas a todos os interessados. Serão fornecidos certificados de participação para os inscritos nos seminários e debates. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site USP Pensa Brasil.
https://youtu.be/_eOh7RKJH_M
Texto: Eliete Viana
Arte: Carolina Borin – Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado
Por Jornal da USP
