USP vai coordenar 26 novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs)

O resultado preliminar da chamada foi divulgado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) no dia 20 de março; no total, 37 projetos foram aprovados em São Paulo

Foto: kjpargeter – Freepik

A USP terá 26 novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), segundo resultado preliminar da chamada divulgada pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq), no último dia 20 de março. No total, foram aprovados 121 projetos, dos quais 37 em São Paulo, que receberão investimento da ordem de R$ 1,45 bilhão e correspondem a 23% da demanda recomendada – 521 das 651 propostas enviadas.

Segundo o CNPq, o investimento da atual chamada é cinco vezes maior que o da anterior, e o valor máximo por proposta dobrou, chegando a R$ 15 milhões. A contratação deve ocorrer até maio, após a fase de recursos e a divulgação do resultado final.

“Esse é um dos programas mais fundamentais de toda a ciência brasileira para fortalecer e aprimorar o nível da pesquisa no país. A chamada foi bastante robusta, um recorde histórico para chamadas em INCT, com uma demanda muito bem qualificada. Esperamos conseguir recursos complementares junto às fundações estaduais de pesquisa para apoiar propostas que, embora muito bem qualificadas, ficaram em segunda prioridade. Isso é muito importante para o fortalecimento da ciência no País”, afirma o presidente do CNPq e professor do Instituto de Física (IF) da USP, Ricardo Galvão.

“A participação da USP, que coordenará mais de 21% dos institutos de todo o Brasil, reflete a qualidade da nossa pesquisa e seu comprometimento com temas estratégicos para o enfrentamento dos problemas sociais. Uma característica importante dos INCTs é que eles formam redes multi-institucionais e interdisciplinares de pesquisadores, o que tem sido uma premissa da nova gestão com a criação de Centros de Estudos ligados à Reitoria e dos Centros de Pesquisa e Inovação Especial, os Cepix”, destaca o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Abrangência nacional

Com as 121 novas contratações, o País passará a ter 221 INCTs, uma expansão de aproximadamente 10% em relação ao total atual de 202 – 102 contratados através da chamada de 2014, que se encerrarão em abril; e outros 100 da chamada realizada em 2022, vigentes até 2027 ou 2028. Atualmente, a USP coordena 73 INCTs – 36 da chamada de 2014 e 37 da chamada realizada em 2022.

Em 2025, o programa conta com aportes de R$ 1 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); R$ 200 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); R$ 150 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj); R$ 100 milhões do Ministério da Saúde; R$ 50 milhões da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); R$ 50 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig); e R$ 10 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

O Programa INCT foi criado em 2008, fruto de uma parceria entre o CNPq e o MCTI, e, posteriormente, contou com a participação das fundações estaduais de amparo à pesquisa. Englobando projetos de pesquisa de temáticas complexas, os institutos são formados por grandes redes nacionais de pesquisa, com grande ênfase na cooperação internacional e voltados ao desenvolvimento de projetos de alto impacto científico e tecnológico.

Nos 16 anos de vigência do programa, foram estabelecidas mais de 1.835 parcerias nacionais e 1.302 internacionais, incluindo 515 cooperações com empresas brasileiras e mais de 139 estrangeiras, além da formação de pessoas com alto grau de capacitação e especialização em todas as áreas do conhecimento.

Participação da USP

O diretor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC), André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, foi um dos contemplados no edital do CNPq com o projeto Inteligência Artificial (IA) para o Bem Social. Segundo ele, o INCT abordará grandes problemas nacionais usando IA, investigando aplicações para resolver questões que afetam as pessoas, a sociedade e o planeta, com foco em abordagens e ferramentas para a prevenção de catástrofes e desastres ambientais, promoção do bem-estar social, cidadania, saúde, inclusão e direitos humanos.

André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho – Foto: Divulgação/CeMEAI

Para isso, de acordo com Carvalho, o projeto reunirá pesquisadores de diferentes regiões do País, principalmente das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, e de várias unidades da USP, como Museu de Arte Contemporânea (MAC), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFMUSP) e Escola Politécnica (Poli). No total, 80 pesquisadores participarão do projeto, dos quais 40% são mulheres.

“Prev-AVC: do controle de hipertensão à busca de biomarcador em biópsia líquida” será o tema do INCT a ser coordenado pela professora da Faculdade de Medicina (FM) Suely Kazue Nagahashi Marie. “Nosso projeto se propõe a implantar um programa de rastreamento da incidência dos fatores de risco de AVC [acidente vascular cerebral] na atenção primária de cinco regiões e implantar protocolo uniformizado de tratamento para estabilização da hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia. Espera-se uma redução da mortalidade prematura por AVC com o melhor controle dos fatores de risco”, explica a professora.

Além disso, complementa Suely, pretende-se buscar novos marcadores associados ao AVC em vesículas extracelulares, estruturas limitadas por uma bicamada lipídica, semelhante à membrana celular, liberadas por diferentes tipos de células, que participam de uma variedade de processos fisiológicos normais, incluindo comunicação entre as células, coagulação sanguínea, imunidade, regeneração tecidual, entre outras.

Mais de 70 pesquisadores brasileiros farão parte do INCT, que contará também com representantes da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos; da Universidade do Sul da Dinamarca; e da Universidade Macquarie, na Austrália.

Veja, na tabela a seguir, a lista completa dos docentes contemplados no edital.

Texto: Adriana Cruz
Arte: Simone Gomes

Por Jornal da USP

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