USP Vida: doações financiando pesquisas que salvam

Testes de diagnóstico, vacinas e equipamentos de suporte respiratório são algumas das pesquisas beneficiadas por doações de empresas e pessoas físicas

Há um ano, quando a pandemia da covid-19 começava a avançar pelo mundo, a USP deu início a uma grande força-tarefa para combater a doença em diversas frentes.

Mais de 250 projetos da Universidade foram elaborados para o enfrentamento do vírus e suas consequências, procurando novos tratamentos e medicamentos, definindo protocolos de atendimento, criando modelos estatísticos para entender a propagação do vírus, produzindo e testando máscaras, criando novos equipamentos, inclusive ventiladores mecânicos, desenvolvendo testes e vacinas, estudando os diferentes efeitos adversos causados pela pandemia.

Sylvio Roberto Accioly Canuto – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

“A pandemia impôs uma necessidade repentina de recursos ágeis, de rápida liberação, para atender à urgência de estudar o vírus sars-cov-2 e a doença covid-19”, explica o pró-reitor de Pesquisa, Sylvio Roberto Accioly Canuto.

Não foi só a Universidade que se mobilizou. A sociedade rapidamente entendeu a importância e o potencial dessas pesquisas e, tanto empresas quanto pessoas físicas, começaram a realizar doações para viabilizar projetos. Com o propósito de sistematizar essas doações e ampliar a captação de recursos, foi lançado o Programa USP Vida, no dia 6 abril de 2020.

O USP Vida é a primeira grande campanha da Universidade para arrecadação de recursos destinados ao desenvolvimento de pesquisas. Neste primeiro ano, a campanha já recebeu mais de R$ 4,3 milhões, que foram aplicados, por exemplo, no desenvolvimento de um equipamento de suporte respiratório emergencial, na realização de testes de covid-19 pela Rede USP para o Diagnóstico de Coronavírus e na pesquisa de uma vacina por spray nasal.

“O USP Vida tem mostrado como a sociedade acredita na Universidade e na ciência por ela desenvolvida e está disposta a investir na pesquisa científica, e como nós somos capazes de atender às demandas e anseios dessa sociedade”, ressaltou Canuto.

Antonio Carlos Hernandes – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A experiência bem-sucedida do USP Vida reforçou a importância da Universidade dispor de fontes alternativas de financiamento e acelerou a criação de seu fundo patrimonial. Assim, em novembro do ano passado, foi lançado o Endowment da USP, um projeto de longo prazo que pretende captar doações da iniciativa privada para a formação de um fundo, cujos rendimentos poderão ser destinados a programas de acolhimento, permanência estudantil e atividades acadêmicas complementares, por exemplo.

Endowment da USP ainda não está recebendo doações, já que o projeto está na fase final de implantação, com a definição do Conselho de Administração. “O sucesso do USP Vida permitiu que incluíssemos a modalidade de doação de propósito específico, na criação do fundo patrimonial. Com isso, o programa USP Vida não se encerrará, pelo contrário, será valorizado e ganhará mais visibilidade”, explica o vice-reitor Antonio Carlos Hernandes.

Dessa forma, por enquanto, o USP Vida continua recebendo doações para pesquisas relacionadas à covid-19 e, posteriormente, deverá ser incorporado pelo Endowment da USP, como uma forma de arrecadar recursos para o financiamento de pesquisas na área de saúde.

R$ 4.396.416 JÁ DOADOS (EM DINHEIRO)
3.414

DOAÇÕES

Doações em dinheiro – Meta: R$ 5 milhões

De doações em materiais

R$ 14.782.105    JÁ DOADOS

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Projeto Inspire

O Projeto Inspire surgiu na Escola Politécnica, em março do ano passado, ainda no início da pandemia da covid-19. O objetivo dos pesquisadores era desenvolver um equipamento para suporte respiratório de baixo custo, livre de patente, de rápida produção e com insumos nacionais, para oferecer uma alternativa e suprir uma eventual demanda emergencial do aparelho.

Aproximadamente 250 pesquisadores e voluntários de diversas unidades da USP e de outras instituições trabalharam no desenvolvimento do Inspire, que também contou com o apoio financeiro de doações da iniciativa privada, que foi decisivo especialmente na fase inicial do projeto.

Foto: Erika Yamamoto

O equipamento foi submetido a testes clínicos, realizados em julho, com pacientes do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e considerado aprovado em todos os modos ventilatórios oferecidos. Em agosto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início da produção do ventilador emergencial Inspire que, desde então, é produzido em parceria com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), e doado a hospitais.

Em janeiro deste ano, 47 ventiladores pulmonares foram enviados para o Amazonas, em meio ao colapso sofrido no sistema de saúde. Todos os hospitais de Manaus que receberam a doação dos equipamentos também receberam treinamento para operá-los adequadamente.

Ao todo, já foram produzidos e doados 300 equipamentos para hospitais nos Estados de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Bahia e Amazonas.

Richarlison, jogador de futebol e embaixador do programa

Richarlison de Andrade – Arquivo pessoal

Eu me lembro que, no início da pandemia, eu estava muito assustado com tudo que estava acontecendo. As imagens que a gente recebia dos hospitais, especialmente da Itália, eram de dar medo. Quando soube que a covid-19 já tinha chegado ao Brasil, eu queria descobrir uma forma de ajudar e fazer alguma coisa pela minha comunidade e pelo meu país.

Eu não estudei tanto quanto deveria, mas aprendi desde cedo que nossa única salvação nesses casos é a ciência e a pesquisa. Por isso, quando surgiu a oportunidade de me juntar à USP nessa batalha, não pensei duas vezes. Sabia que se tratava de uma das maiores universidades do mundo e que essa iniciativa era uma esperança verdadeira para o nosso povo, que, no meio de tudo isso, ainda teve de lidar com tantas notícias falsas e brigas políticas.

Fico muito feliz por poder falar um pouco sobre e divulgar o que os nossos verdadeiros heróis têm feito ao longo do último ano. Sou muito orgulhoso por ser o primeiro embaixador do USP Vida e só tenho a parabenizar todo mundo que fez e faz parte do programa. Juntos, vamos vencer essa batalha, tenho certeza disso.

Gisele Cezar – Foto: Arquivo pessoal

Gisele Cezar, ex-aluna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)

Espero que muitos alunos e ex-alunos se sensibilizem e participem da campanha USP Vida. Nosso país sofre com a falta de investimento em ciência e a desvalorização das universidades públicas pelos governos passados e pelo atual.

Devemos nos mobilizar por um país que invista na educação e na ciência. Estudei na USP, de 1981 a 1985, na FFLCH. Fiz História. Sou muito grata à USP e orgulhosa por ter estudado nesta instituição. Acho que eu e milhares de alunos formados pela USP podemos fazer alguma coisa para que a ciência não morra à míngua.

Maria Rita dos Santos e Passos-Bueno, coordenadora da pesquisa Diagnóstico molecular rápido, eficaz e de baixo custo da covid-19, produção de insumos

O projeto sob minha coordenação teve como objetivos principais desenvolver e adequar o método do RT-LAMP para detecção de sars-cov-2 a partir de amostras de saliva.

Maria Rita Passos Bueno – Foto: Genoma USP

Além do desenvolvimento do método, o projeto inclui a produção parcial de insumos para a realização do teste. A doação do USP Vida foi fundamental para dispormos de mais recursos, o que agilizou significativamente o desenvolvimento do projeto, e para contratar pessoas para o desenvolvimento dos experimentos e aplicação dos testes, e oferecer para a sociedade um teste com boa sensibilidade de menor custo e de acesso mais fácil à população.

A coleta de saliva é simples e dispensa neste caso a necessidade de uma equipe com paramentação. Ainda, facilita a coleta de crianças e idosos, pois é indolor.  Trata-se de um teste de custo mais acessível, que possibilita a triagem em larga escala, de forma a viabilizar a detecção de indivíduos com alta carga viral, que são aqueles com maior chance de transmitir o vírus.

Este tipo de investimento deveria ser mantido e incentivado para o desenvolvimento de pesquisas. Dever-se-ia fazer um esforço em conseguir benefícios, como algum tipo de isenção fiscal de uma proporção dos impostos, para as empresas que tiverem interesse em fazer doações para pesquisas. Este tipo de incentivo poderia alavancar de forma mais ampla a pesquisa nacional.

Marco Antonio Stephano, pesquisador responsável pelo projeto de vacina por spray nasal

Marco Antonio Stephano – Foto: Reprodução/Sindusfarma

Os recursos recebidos a partir das doações para o USP Vida foram usados para o conserto de um equipamento usado para o design e qualificação do processo de liofilização. O impacto da doação do USP Vida foi enorme, a vacina que desenvolvemos, até agora, tem estabilidade de seis meses à temperatura ambiente. O equipamento que foi consertado é responsável pela análise térmica em baixa temperatura (-60°C) da vacina, mostrando temperaturas críticas que são importantes para o processo de liofilização.

O maior benefício que a pesquisa traz para a sociedade é a de termos mais uma vacina para o combate ao coronavírus, que já será incorporada com as novas variantes. É uma vacina destinada principalmente a crianças, gestantes e portadores de doenças crônicas e degenerativas. O coronavírus, com todas as mutações que podem ocorrer, ainda será responsável por muitos casos de covid-19 nos próximos cinco anos, e uma nova variante no Brasil pode fazer com que laboratórios multinacionais não tenham interesse em produzir uma nova vacina somente para o Brasil.

Na atualidade, com os recursos se tornando cada vez mais escassos para a pesquisa, principalmente de cunho tecnológico, e também para o desenvolvimento de pesquisas não programadas, ou seja, emergenciais, torna- se importante a participação da sociedade em responder com prontidão às diversas necessidades a que a população ficou exposta. Foi isto que a pesquisa científica com o projeto USP Vida concretizou, a independência de insumos importados.

Átila Alexandre Trapé, coordenador do projeto AEROBICOVID

Átila Alexandre Trapé – Foto: Reprodução/USP Vida

Sou docente recém-contratado e, juntamente com um grupo de colaboradores da Espanha, Chile e Brasil, desenvolvemos a ideia do projeto AEROBICOVID nos primeiros meses da pandemia. O projeto poderia ter sido uma boa ideia que não sairia do papel, mas o USP Vida possibilitou que ele fosse desenvolvido ainda em 2020. Conseguimos comprar todo o material de segurança e de consumo para a realização das avaliações e treinamento físico dos participantes da pesquisa.

Os resultados ainda preliminares sugerem que o exercício físico pode ser um importante aliado no tratamento de pessoas convalescentes da covid-19. Mesmo após a recuperação dos principais sintomas durante o ciclo da doença, tem sido bastante comum os sintomas persistirem. O que estamos percebendo é que o treinamento físico pode acelerar a recuperação destas pessoas e proporcionar melhoras na função pulmonar, capacidade cardiorrespiratória, aptidão física, composição corporal, marcadores inflamatórios, entre outros aspectos. Nossos resultados sugerem ainda um efeito complementar na condição de saúde destas pessoas quando o exercício é associado à condição de hipóxia (simulação de altitude).

Em tempos em que ouvimos falar diariamente sobre os cortes de investimentos para a ciência e a pesquisa, o USP Vida viabilizou diversos projetos de pesquisa e contribuiu para que a Universidade se fizesse presente na sociedade neste momento difícil que estamos vivendo. Nossa gratidão a todos os envolvidos no Programa USP Vida.

Lucia Helena Faccioli, coordenadora do projeto Avaliação prospectiva da produção de mediadores lipídicos na resposta imune contra covid-19

Lucia Helena Faccioli – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em nossas pesquisas, identificamos uma molécula denominada de TREM-1, que pode ser um marcador de gravidade da covid-19 e, portanto, ser utilizada como marcador da evolução da doença. Também identificamos que pacientes graves e críticos têm aumento significativo do neurotransmissor acetilcolina e de mediadores lipídicos como o ácido araquidônico, e seus metabólitos 5-HETE e 11-HETE. Identificamos que o tratamento com corticoide inibe somente a liberação de acetilcolina, sem impactar na liberação dos mediadores lipídicos e citocinas.

Assim, sugerimos que na fase inflamatória da covid-19, além do tratamento com corticoide, os pacientes seriam beneficiados pelo tratamento adicional com inibidores do metabolismo do ácido araquidônico. Nossos resultados, além de ampliarem o entendimento da resposta ao sars-cov-2, abrem novas possibilidades de tratamento. Em outros estudos, estamos investigando fatores que tornam as mulheres mais resistentes ao sars-cov-2, a produção de subtipos de anticorpos e fatores genéticos relacionados à gravidade da doença.

A contribuição do USP Vida foi extremamente importante neste momento e é muito interessante a continuidade do programa, que viabiliza projetos importantes, que sofrem com financiamento restrito.

Maria Angélica Miglino, pesquisadora do projeto Efeito protetor da matriz extracelular descelularizada

Maria Angélica Miglino – Foto: Capes

Esse projeto constituiu um dos desafios de um projeto temático financiado pela Fapesp, que tinha previsão para ser encerrado em 2020. Então, no meio do ano passado, ainda sem resposta da agência sobre a possibilidade de prorrogação, não teríamos conseguido comprar mais materiais se não fosse pela ajuda do USP Vida. Com o apoio que recebemos, compramos anticorpos para imunocitoquímica e western blotprimers e soluções para RT-qPCR, kit de detecção para espécies oxidativas de oxigênio e reagentes para quantificar colágeno, que foram essenciais para obtermos resultados valiosos nos nossos modelos in vitro e in vivo. Isso nos permitiu continuar a pesquisa, com resultados promissores.

A Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é um dos tipos de doença intersticial pulmonar e é caracterizada pela alta geração de espécies reativas de oxigênio com ativação de miofibroblastos, deposição de matriz extracelular em excesso e desorganização da arquitetura pulmonar. Os tratamentos disponíveis para a FPI não oferecem cura e têm custo elevado. Já foi demonstrado que o hidrogel derivado de matriz extracelular tem propriedades benéficas contra alguns fatores que contribuem para a fibrose, como a redução na geração de espécies reativas de oxigênio. Com isso, nossa hipótese é que o hidrogel produzido a partir de pulmões suínos descelularizados pode reduzir o avanço da fibrose pulmonar e servir como um potencial tratamento. Quando a pandemia começou, tivemos relatos de pacientes que se recuperaram da covid-19 e tiveram como sequelas a fibrose pulmonar.

A covid-19 nos pegou de surpresa por sua rapidez de transmissão mundial e suas sequelas na saúde. Estudar uma doença nova é sempre um desafio científico para todos. Esse tipo de investimento feito pelo USP Vida é essencial para inovar e adaptar projetos de forma rápida e eficiente. Modificar um projeto para receber financiamento das agências de fomento é demorado e pode causar a perda do timing do problema atual. Por isso, investimentos auxiliares são a chave para resolver gastos imediatos e obter resultados relevantes.

Projetos beneficiados com doações do programa USP Vida

PROJETO COORDENADOR UNIDADE
Desenvolvimento de vacina contra covid-19 Jorge Kalil Filho Faculdade de Medicina
RUDIC- Rede USP para o Diagnóstico de Coronavírus Roger Chammas Faculdade de Medicina
Hospital Universitário Paulo Francisco Ramos Margarido Faculdade de Medicina
Hospital Universitário
Respire! Máscaras seguras Vanderley Moacir John Escola Politécnica
INSPIRE Ventilador Emergencial Raul Gonzalez Lima
Marcelo Knörich Zuffo
Escola Politécnica
Estudo de Processos Antivirais Esper Kallás Faculdade de Medicina
Desenvolvimento de Medicamentos para covid-19 Edison Luiz Durigon Instituto de Ciências
Biomédicas
Avaliação prospectiva da produção de mediadores
lipídicos na resposta imune contra covid-19:
busca de biomarcadores e novos alvos
terapêuticos na evolução da doença
Lucia Helena Faccioli Faculdade de Ciências
Farmacêuticas
de Ribeirão Preto
Reposicionamento e descoberta de novos fármacos
para covid-19 usando ensaios de alto poder
translacional
Lucio Freitas Junior Instituto de Ciências
Biomédicas
Efeito protetor da matriz extracelular descelularizada Daniele Evangelista Leite da Silva
Maria Angélica Miglino
Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia
Efeito do treinamento de moderada intensidade
associado à hipóxia normobárica sobre a função
pulmonar, parâmetros hematológicos, imunológicos,
autonômicos e relacionados à aptidão física em
pessoas convalescentes da covid-19 (AEROBI-COVID)
Átila Alexandre Trapé Escola de Educação Física
e Esporte de Ribeirão Preto
Avaliação das concentrações plasmáticas de
angiotensina II e aldosterona em indivíduos obesos
com covid-19
Evelin Capellari Cárnio Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto
Vacina de “delivery” nasal para o covid-19 Marco Antonio Stephano
Jorge Kalil Filho
Faculdade de Ciências
Farmacêuticas
Faculdade de Medicina
Fisiopatologia da covid-19 nos pacientes obesos Mayra Gonçalves Menegueti Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto
Análise sistêmica e integrativa dos mecanismos de
exaustão dos linfócitos T de pacientes com covid-19
Otavio Cabral Marques Instituto de Ciências
Biomédicas
Diagnóstico molecular para teste da covid-19 Maria Rita dos Santos Passos Bueno Instituto de Biociências
Mecanismos de resistência à covid-19:
Estudo de variantes genéticas protetoras em
indivíduos expostos ao SARS-CoV-2
Mayana Zatz Instituto de Biociências
Contribuição do dano tecidual causado pela
cetose e cetoacidose na patogênese da covid-19
e desenvolvimento de estratégias de intervenção
para reduzir a morbidade da doença
Maria Regina D’Imperio Lima Instituto de
Ciências Biomédicas

 

Texto: Adriana Cruz e Erika Yamamoto
Arte: Moisés Dorado

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