Instituições canadenses financiarão pesquisa da rede AI4PEP para países do Sul Global
O projeto intitulado “AutoAI-Pandemics: Democratizing Machine Learning for Analysis, Study, and Control of Epidemics and Pandemics”, de autoria do professor do ICMC/USP de São Carlos, coordenador do Centro de Pesquisa em IA Aplicada para Cidades Inteligentes IARA e pesquisador principal do CEPID-CeMEAI, André Carlos Ponce de Leon Ferreira Carvalho, e do seu aluno de doutorado, Robson Parmezan Bonidia, foi selecionado em uma chamada da Global South Artificial Intelligence for Pandemic and Epidemic Preparedness and Response Network (AI4PEP) e receberá financiamento da Universidade de York e Centro Internacional de Pesquisa para o Desenvolvimento do Ministério de Desenvolvimento Internacional.
A chamada de pesquisa da rede AI4PEP tinha por objetivo financiar projetos de países do Sul Global para o combate à propagação de doenças infecciosas, utilizando técnicas de Inteligência Artificial.
“Sua proposta foi selecionada dentre as 221 submissões que recebemos. A proposta é bem escrita, científica e metodologicamente sólida e extremamente ambiciosa na integração de medicina clínica, epidemiologia, ciências analíticas e de dados, ciência da computação e bioinformática. A equipe, altamente interdisciplinar, combina de forma única pesquisadores com experiência em ciência da computação, Inteligência Artificial, bioinformática e epidemiologia de doenças infecciosas. É excepcionalmente forte e bem qualificada, com publicações relevantes em revistas de grande impacto, como a Science”, escreveu Jude Kong, Executive Director da AI4PEP.
E ele ressaltou ainda: “Vocês se juntarão a um grupo de dezesseis projetos que promovem a compreensão de como as inovações responsáveis em IA e Ciência de Dados podem melhorar a preparação e a resposta à saúde pública em países de baixa e média renda em todo o mundo. O valor agregado da parceria para todos os parceiros em nossa rede baseia-se em nosso compartilhamento em contextos e situações específicas em relação à geração, gerenciamento, disseminação e formas efetivas de dados digitais e formas de abordar prioridades de equidade para minimização de riscos, amplificando as vozes de comunidades impactadas. Os pesquisadores selecionados envolvidos irão compartilhar ideias em contextos e situações específicas. Os conhecimentos gerados terão a tradução rápida dos resultados da pesquisa AI4PEP para políticas críticas, para garantir que as descobertas sejam significativas para os usuários finais e para levar a mudanças mensuráveis na prática e na política”.
AutoAI-Pandemics e suas contribuições
As doenças infecciosas, transmitidas direta ou indiretamente, estão entre as principais causas de epidemias, ou mesmo pandemias. Apesar das conquistas recentes, existem vários desafios em aberto para prever possíveis epidemias, detectar variantes, rastrear contatos, descobrir novos medicamentos e combater a desinformação.
A Inteligência Artificial (IA) pode fornecer ferramentas para lidar com esses cenários, tendo mostrado resultados efetivos no combate a doenças infecciosas, como por exemplo, a pandemia de COVID-19.
“Embora a IA crie novas oportunidades, seu uso adequado requer conhecimentos avançados de computação, estatística e matemática, limitando seu uso por não especialistas, por exemplo, biólogos, médicos e epidemiologistas. Nosso objetivo é desenvolver uma plataforma integrada e fácil que possa ser efetivamente empregada por não especialistas que trabalham com doenças infecciosas. Esta plataforma, denominada AutoAI-Pandemics, fornecerá soluções robustas usando Aprendizado de Máquina Automatizado (Automated Machine Learning) para análise epidemiológica capaz de detectar possíveis cenários epidêmicos e recomendar intervenções para suprimir com segurança a propagação de doenças, com o mínimo impacto social; análise de bioinformática, ajudando pesquisadores das ciências da vida com a análise do genoma do patógeno e combatendo a desinformação para auxiliar na busca de fontes confiáveis de informação”, descreveram André e Robson no estudo submetido.
Ainda segundo eles, a plataforma poderá trabalhar em vários estágios críticos de uma epidemia/pandemia. “O AutoAI-Pandemics pode ser usado por formuladores de políticas públicas e outras partes interessadas, profissionais de saúde, indústrias farmacêuticas, organizações de vigilância genômica e para combater a desinformação”, explicou Robson Bonidia, que tem a bioinformática como uma das principais áreas de seu doutorado.
Seus trabalhos receberam o Latin America Research Awards (LARA) em 2021, promovido pelo Google e foi finalista (Top 15 de 82), Falling Walls Lab Brasil 2022, promovido pela Falling Walls Foundation, Centro Alemão de Ciência e Inovação.
“A maior riqueza desse projeto está na democratização da IA, de podermos agregar estudos e pesquisadores de várias áreas do conhecimento em uma interface simples e que não necessite embasamento matemático específico para sua atualização, podendo beneficiar milhares de pessoas”.
Sobre o financiamento, Robson lembra que contribuirá na contratação de mais especialistas de universidades brasileiras e do exterior, interessados em trabalhar no projeto que tem duração de quatro anos.
Além dos autores André e Robson, são coautores da pesquisa: Claudio Struchiner, Guilherme Tegoni Goedert e Ulisses Nunes da Rocha. Já foram estabelecidas parcerias com Peter F. Stadler, Maria Emilia Walter, Troy Day, Danilo Sanches, Marcia C Castro e John Edmunds, envolvendo além do ICMC, a Fundação Getúlio Vargas, Universidades de Brasília e do Paraná, bem como a Helmholtz Centre for Environmental Research e University of Leipzig, da Alemanha, Queen’s University, do Canadá, Harvard T.H. Chan School of Public Health, dos Estados Unidos e London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Reino Unido.
“Ficamos muito felizes e honrados pela escolha do nosso projeto pelo comitê da rede AI4PEP de que podemos gerar soluções inovadoras que beneficiem a saúde pública global e fortaleçam a capacidade de resposta diante de futuras emergências de saúde”, comemorou André.
“ Estamos com esse trabalho, barateando o acesso à saúde, melhorando os serviços de saúde e permitindo que mais pessoas tenham acesso a saúde gratuita e de qualidade. Os recursos da ordem de um milhão e trezentos mil reais serão utilizados pela equipe brasileira em bolsas, equipamentos, treinamentos e workshops”.
Sobre o CeMEAI
O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.
O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.
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Por Assessoria de Comunicação do CeMEAI