O professor Fernando Catalano, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, e o engenheiro Micael Carmo, da empresa de aeronaves, estão entre os finalistas da premiação europeia de inovação; os estudos envolveram mais de 200 pesquisadores, gerando patentes e contribuições para o desenvolvimento de aeronaves mais eficientes
Os cientistas brasileiros Micael Carmo e Fernando Catalano foram selecionados pelo Escritório de Patente Europeu (EPO) como finalistas da premiação europeia de inovação, o European Inventor Awards, em reconhecimento às suas contribuições para uma aviação sustentável. A indicação é para a categoria de países não pertencentes à Europa. A edição deste ano teve mais de 550 candidatos e o anúncio dos vencedores acontecerá no dia 9 de julho, em Malta. O voto popular está disponível neste link.
Os dois inventores representam respectivamente as equipes da Embraer e dos centros de pesquisa, coordenados pela USP, que participaram dos estudos de soluções e metodologias de engenharia para o desenvolvimento de aeronaves mais silenciosas. As novas tecnologias contribuíram para reduzir o ruído da nova geração de jatos comerciais da Embraer, o E2, em 65% e a emissão de carbono por passageiro em até 25%, quando comparado com a geração anterior. A redução de emissões pode chegar a até impressionantes 85% quando abastecido com 100% combustível sustentável (SAF).
Financiado por meio de uma iniciativa colaborativa entre Embraer, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o programa Aeronave Silenciosa foi liderado pela empresa em conjunto com outros centros de pesquisas do Brasil, Inglaterra, Alemanha e Holanda, envolvendo mais de 200 pesquisadores que geraram diversas patentes e importantes contribuições para o desenvolvimento de aeronaves mais eficientes.
“É uma imensa honra para a Embraer e toda comunidade científica brasileira ser representada pelo nosso engenheiro Micael Carmo e pelo professor Fernando Catalano, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Nós acreditamos fortemente que a colaboração entre empresas e centros de pesquisas pode produzir inovações para melhorar a vida das pessoas e este programa é um grande exemplo disto”, disse Henrique Langenegger, engenheiro-chefe da Embraer. “Parabéns a todos que fazem a indústria aeronáutica brasileira ser globalmente respeitada por sua eficiência e sustentabilidade.”
Como um dos mais prestigiados prêmios de inovação, o European Inventor Awards é organizado pelo EPO para reconhecer pessoas e equipes que desenvolveram soluções para os grandes desafios da atualidade. A indicação destaca as contribuições do programa Aeronave Silenciosa para o desenvolvimento dos jatos E2 da Embraer, que são ideais para operações em lugares com restrição de ruídos, beneficiando as regiões aeroportuárias densamente povoadas, companhias aéreas e impactando positivamente as comunidades locais.
Os finalistas são escolhidos por um júri independente que é composto de profissionais já indicados ao prêmio e que avaliam as contribuições das pesquisas para o progresso científico, desenvolvimento social e sustentável e prosperidade econômica. Todos os inventores devem ter patentes registradas na Europa.
Clique no player abaixo e confira o vídeo sobre o projeto:
Os cientistas
Micael Carmo é graduado em Engenharia Mecânica e mestre em Acústica. Ele atua no departamento de interiores, ruído e vibração da Embraer há mais de 20 anos e é coinventor de sete patentes relacionadas à redução de ruído aerodinâmico. Esteve envolvido no programa Aeronave Silenciosa desde o início, em 2006.
Fernando Catalano possui amplo conhecimento de aerodinâmica desenvolvido por anos à pesquisa e ao ensino. Foi professor e ex-chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, onde iniciou atividades em 1982. Hoje ocupa o cargo de diretor da EESC. Sua pesquisa se concentrou em áreas como projeto de túneis de vento, estratégias de mitigação de arrasto e refinamento da aerodinâmica das asas. Além disso, suas contribuições se estendem ao domínio da aeroacústica experimental.
Aeronave silenciosa
A Embraer iniciou em 2006 o programa Aeronave Silenciosa para estudar e avaliar a geração e propagação de ruído aeronáutico. Financiado pela Fapesp e Finep, as principais ênfases do programa foram no ruído aerodinâmico gerado pelo fluxo de ar sobre e sob as asas, no trem de pouso e na fuselagem da aeronave, bem como nas fontes de ruído do motor e suas partes móveis.
A pesquisa contou com a colaboração da Escola Politécnica (Poli) da USP; Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade de Brasília (UnB); Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além disso, outras quatro instituições internacionais tiveram papel importante no projeto: Universidade de Twente, na Holanda; Imperial College e Universidade de Southampton, ambas na Inglaterra; e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), na Alemanha.
O estudo foi realizado com foco na área de aeroacústica por meio de três abordagens distintas que se complementam, sendo uma frente experimental, com testes em voo e em túnel de vento, uma segunda frente onde são gerados modelos analíticos e empíricos, e uma terceira frente de aeroacústica computacional.
A partir da compreensão do complexo fenômeno da geração de ruído aerodinâmico, a Embraer ajustou a geometria de partes das aeronaves, como asas, flaps, trem de pouso, entre outros, e realizou ensaios em voo na Unidade Gavião Peixoto, interior de São Paulo. Microfones foram instalados em uma das extremidades da pista para registrar o ruído gerado pela aeronave durante os procedimentos de decolagem e pouso.
Como resultado, o extenso programa conseguiu acelerar o conhecimento de especialistas altamente qualificados na área de acústica e combinar outras tecnologias avançadas que apoiaram o desenvolvimento de uma nova geração de aeronaves mais silenciosas, como os jatos comerciais E-Jets E2.
Clique e confira o vídeo de apresentação da premiação:
European Inventor Award
O European Inventor Award (Prêmio Europeu de Inventor) é um dos prêmios de inovação mais prestigiados da Europa. Lançado pelo EPO (European Patent Office, ou Escritório Europeu de Patentes) em 2006, o prêmio homenageia indivíduos e equipes que desenvolveram soluções para alguns dos maiores desafios de nosso tempo. Os finalistas e vencedores são selecionados por um júri independente composto de ex-finalistas do prêmio.
Juntos, eles examinam as propostas quanto à sua contribuição para o progresso técnico, desenvolvimento social e sustentável e prosperidade econômica. Para todos os inventores, deve ter sido concedida uma patente europeia para a sua invenção. Saiba mais neste link sobre as diversas categorias, prêmios, critérios de seleção e cerimônia transmitida ao vivo, que será realizada em 9 de julho de 2024, em Malta.
Com 6.300 funcionários, o Escritório Europeu de Patentes (EPO) é uma das maiores instituições de serviço público na Europa. Com sede em Munique e escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, o EPO foi fundado com o objetivo de fortalecer a cooperação em patentes na Europa. Por meio do procedimento centralizado de concessão de patentes do EPO, os inventores podem obter proteção de patente de alta qualidade em até 45 países, abrangendo um mercado de cerca de 700 milhões de pessoas. O EPO também é a principal autoridade mundial em informações e busca de patentes.
Por Jornal da USP – Com informações da Embraer, EESC USP e EPO