A iniciativa, promovida pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA) da USP, teve como objetivo fomentar o debate qualificado sobre os instrumentos, critérios e desafios da avaliação institucional e docente no âmbito da Universidade

A reunião foi realizada no auditório da Biblioteca Brasiliana – Foto: Marcos Santos / USP Imagens
O Conselho Universitário promoveu, no dia 23 de junho, uma reunião temática com o tema “Avaliação Institucional e Docente na USP”. O encontro foi realizado no auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária, em São Paulo.
A iniciativa, promovida pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA) da USP, teve como objetivo fomentar o debate qualificado sobre os instrumentos, critérios e desafios da avaliação institucional e docente no âmbito da Universidade. A reunião temática reuniu docentes, dirigentes e especialistas da comunidade acadêmica, promovendo reflexões sobre práticas atuais e perspectivas futuras.
O reitor deu início à reunião falando sobre a proposta da realização de conselhos temáticos, que teve início durante a sua gestão, para a discussão de temas importantes para a Universidade. “A avaliação é fundamental para nos dar um norte, para corrigir rumos, olhar para o passado e projetar o futuro, promovendo melhorias na Universidade”, considerou.
A vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, que preside a CPA, destacou a importância estratégica da avaliação para o planejamento e a excelência acadêmica da USP. “A CPA tem tido papel importante nessa avaliação e instituiu nova prática e novos procedimentos. Nosso sistema de avaliação passou a considerar temas que antes estavam desconectados, como a inovação, por exemplo”, afirmou.

A coordenadora do Egida, Fátima Nunes, discorreu sobre os dados e as análises sobre o posicionamento da USP em rankings e estudos comparativos nacionais e internacionais – Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Cultura de avaliação institucional
Em seguida, o presidente da Câmara de Avaliação Institucional (CAI), Rogério de Almeida, fez uma apresentação sobre o processo de avaliação na USP, com dados sobre a estrutura institucional de avaliação da Universidade e sobre os procedimentos, desafios e aprimoramentos no sistema.
Almeida, que é professor da Faculdade de Educação (FE), fez um retrospecto sobre os ciclos de avaliação na Universidade. O processo de Avaliação Institucional foi estabelecido na USP a partir dos anos 1990, quando foi criada a Comissão Permanente de Avaliação, que conduziu os quatro ciclos de avaliação nos períodos de 1990-2001, 2001-2005, 2005-2009 e 2010-2014.
Em 2016, o Conselho Universitário aprovou um novo regimento da CPA, que estabeleceu uma nova estrutura colegiada, com a criação da Comissão Plenária e de duas Câmaras – a Câmara de Avaliação Institucional (CAI) e a Câmara de Atividades Docentes (CAD) –, e uma nova proposta de avaliação baseada nos projetos acadêmicos das unidades.

Com o tema “Métricas e Sociedade: desafios e perspectivas da avaliação”, o ex-reitor da USP e professor emérito da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências Atuariais (FEA), Jacques Marcovitch, abordou o papel das métricas na avaliação acadêmica – Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Em função dessa mudança, o quinto ciclo de avaliação abrangeu o período de 2018 a 2022. Atualmente, a USP está desenvolvendo o sexto ciclo, que se iniciou em 2023 e se encerrará em 2027.
Almeida afirmou que, em 2024 e em 2025, a CAI apoiou o grupo de trabalho que definiu a Missão, a Visão e os Valores da USP e promoveu ações de orientação aos projetos acadêmicos institucionais das Unidades e planeja, como ações futuras, a formulação da etapa de revisão desses projetos.
“Nossos principais desafios são a consolidação da cultura de avaliação institucional e a gestão de diferentes métricas e indicadores, qualitativos e quantitativos, para o ensino, a pesquisa, a extensão, a inclusão, o impacto social e a gestão. A avaliação deve ser um processo contínuo e formativo, visando à melhoria da qualidade das atividades-fim”, disse.
A presidente da Câmara de Avaliação Docente (CAD) e professora da Faculdade de Medicina (FM), Rossana Francisco, falou sobre a importância do projeto acadêmico docente, isto é, “como o professor vai contribuir para o projeto acadêmico do Departamento e da Unidade”. Rossana explicou que a CAD trabalha com dois processos principais: o acompanhamento das atividades docentes, por meio do projeto acadêmico docente e o relatório de atividades docentes, e a progressão horizontal.
A professora apresentou o resultado das atividades relacionadas à participação dos docentes na entrega de seus relatórios e do processo de progressão horizontal, que deverá ser finalizado em agosto, com a divulgação do resultado entre os dias 15 e 30 do mesmo mês. Segundo ela, do total de 1.975 professores habilitados para a progressão, 1.421 solicitaram a participação no processo.

O ingresso e a carreira de docentes na USP foi o tema da última mesa da reunião do Conselho temático -Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Indicadores e métricas de avaliação
No período da tarde, com o tema “Métricas e Sociedade: desafios e perspectivas da avaliação”, o ex-reitor da USP e professor emérito da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências Atuariais (FEA), Jacques Marcovitch, em palestra gravada, abordou o papel das métricas na avaliação acadêmica, suas limitações e impactos sociais e científicos.
Marcovitch coordena o Projeto Métricas.edu, desenvolvido pelas três universidades públicas paulistas, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e que tem o objetivo de tornar mais acessível o conhecimento público sobre metodologia e métricas; apresentar processos de monitoramento e internalização dos indicadores; fomentar uma política pública sobre indicadores de desempenho; e aprimorar a governança das instituições.
O professor falou sobre métricas e indicadores que têm como foco o impacto – social, econômico e ambiental – da Universidade na sociedade e elencou como os principais desafios das universidades estaduais paulistas para os próximos cinco anos a defesa da autonomia universitária frente à reforma tributária; a inteligência artificial; a ciência aberta e a construção da identidade universitária frente à educação a distância pós-covid e a diversidade.
“Processos de avaliação responsável aumentam a capacidade de diálogo e transparência entre as universidades e a sociedade por incorporar valores como a flexibilidade e a representatividade da avaliação das atividades científicas”, sublinhou Marcovitch.
A coordenadora do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida), Fátima Nunes, discorreu sobre os dados e as análises sobre o posicionamento da USP em rankings e estudos comparativos nacionais e internacionais. Hoje, a USP monitora 24 rankings internacionais e três nacionais. “Nossa principal preocupação é: nosso desempenho institucional está de acordo com a missão da USP?”, questionou.
“Essas classificações têm metodologias e indicadores próprios e eles mudam sem a opinião dos participantes. Precisamos ter um olhar crítico sobre esses indicadores para analisar e refletir sobre o que é importante para a Universidade, tendo em mente que os rankings exercem influência em políticas e reputação”, ponderou.
Para Fátima, é possível utilizar os dados levantados por esses rankings para a avaliação institucional, principalmente em indicadores como reputação, por exemplo, mas essa utilização deve ser criteriosa no que se refere à metodologia utilizada.

A avaliação institucional na USP foi discutida durante a sessão – Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Avaliação docente e carreira
O ingresso e a carreira de docentes na USP foi o tema da última mesa da reunião do Conselho temático. O debate foi conduzido pela presidente da Comissão de Atividades Acadêmicas (CAA) do Conselho Universitário, Patrícia Gama, e pela presidente da Comissão Especial de Regimes de Trabalho (Cert), Anna Helena Reali Costa. Tanto a CAA quanto a Cert fazem parte da Comissão Permanente de Avaliação (CPA).
As professoras falaram sobre a avaliação docente em diferentes etapas da carreira na Universidade, passando pelo estágio probatório constitucional de três anos e todos os níveis da carreira – doutor, associado e titular -, com destaque aos critérios de avaliação e suas repercussões na trajetória acadêmica.Patrícia explicou que a CAA, juntamente com a Câmara de Avaliação Institucional (CAI), analisou os projetos acadêmicos elaborados pelas Unidades e, a partir daí, definir perfis dos docentes de acordo com o nível da carreira. “Os objetivos para cada nível devem ser revistos a cada ciclo”, mencionou.
A professora também falou sobre a importância da inclusão da Declaração sobre Avaliação de Pesquisa (Dora) nesse processo. Trata-se de uma iniciativa mundial que reconhece a necessidade de aprimorar as formas como os resultados da pesquisa acadêmica são avaliados. A declaração foi desenvolvida em 2012, durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Biologia Celular, em São Francisco.
A presidente da Cert fez uma exposição sobre como o trabalho da Comissão e como é feito o fluxo de avaliação, dando ênfase ao credenciamento para atividades simultâneas, que permite que, em circunstâncias especiais, docentes em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) exerçam atividades simultâneas remuneradas. Segundo ela, são feitos, em média, cerca de 1.200 credenciamentos por ano e, atualmente, cerca de 39% dos professores em RDIDP estão credenciados.
“A avaliação deve incentivar a evolução contínua do professor universitário e contribuir para a melhoria da instituição e da sociedade como um todo. A Cert é uma parceira dos docentes e dos dirigentes da USP”, ressaltou Anna.
Assista, a seguir, à íntegra da reunião.
Texto: Adriana Cruz
Arte: Jornal da USP
Jornal da USP