Evento organizado por grupo de pesquisa do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP em São Carlos nos meses de agosto, outubro e novembro debate a cidade como realidade e ideia em constante transformação
Em sua 11ª edição, o ciclo de filmes Urbanicidades tem como temática Mundos humanos, mundos urbanos, promovendo discussões sobre a cidade, seu espaço urbano e suas relações sociais e espaciais, que colocam em perspectiva seu processo de construção física e cultural até suas implicações atuais: o debate sobre o Antropoceno e suas consequências. A exibição dos filmes, seguida de debates, acontecerá nos dias 22 e 29 de agosto, 3 e 10 de outubro e 7 de novembro, a partir das 18h30, no Auditório Paulo de Camargo e Almeida, na Avenida Trabalhador São-Carlense, 400, em São Carlos, São Paulo. A entrada é gratuita e o evento é uma iniciativa do Laboratório de Estudos do Ambiente Urbano Contemporâneo (Leauc), vinculado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP.
“Por anos, a corrida pelo desenvolvimento e pelo progresso absoluto foi, e continua sendo, pautada pela exploração máxima dos seres humanos e dos recursos naturais disponíveis. Diante da urgência do debate, o novo ciclo do Urbanicidades busca contribuir com reflexões críticas a partir de filmes que perpassam a temática do Antropoceno, sobretudo aquelas que abordam as relações entre os seres humanos, a natureza, o tempo e o avanço das tecnologias, para que possamos construir novas perspectivas e olhares sobre o futuro e para a humanidade”, explica o professor Manoel Rodrigues Alves, coordenador do Leauc, que está organizando o evento.
Segundo o coordenador, o laboratório está promovendo, neste semestre, uma série de atividades conjuntas sob a temática Antropoceno e cidade contemporânea, com objetivo de introduzir esse novo tema de estudo e promover debates sobre “as possíveis consequências e desdobramentos para e na cidade que conhecemos”. O Antropoceno é um conceito em discussão por cientistas para definição de uma nova época geológica moldada pela humanidade e que está em andamento. A tese central do Antropoceno é que a humanidade impactou a natureza a ponto de ser responsável pelo novo estrato no registro geológico. Nessa perspectiva, as pessoas se tornaram mais um fator de influência no sistema global. Os debates acontecem em consonância à disciplina Tópicos Especiais – Antropoceno, Arquitetura e Cidade do Sul Global e à VII Jornada Científica do Leauc, como informam os participantes do grupo.
Sessões de filmes e debates
Em agosto, acontecem duas sessões, nos dias 22 e 29, às 18h30, no Auditório Paulo de Camargo e Almeida do IAU. Na abertura (22 de agosto), será exibido o documentário Koyaanisqatsi – Uma Vida Fora de Equilíbrio (1982), de Godfrey Reggio, que reúne imagens de arquivos em câmera lenta e em time-lapse, mostrando paisagens naturais, imagens de cidades e de pessoas. A trilha sonora canta Koyaanisqatsi, um termo indígena (Hopi) que significa “vida em desequilíbrio”. É um filme sem atores e nem diálogos, que mostra os efeitos da modernização da humanidade. Na sequência, o debate traz como convidados os professores Paulo Castral (IAU) e Eliana Kuster, professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES).
No dia 29 de agosto, o filme é Marte Um (2022), dirigido por Gabriel Martins e que trata da história de uma família negra de classe média baixa que vive nas margens de Contagem, Minas Gerais. Após a eleição de um novo presidente de extrema-direita no país, a família Martins busca seguir com seus sonhos apesar de sentir a tensão de sua nova realidade, que representa o contrário de tudo o que eles são. Participam da discussão os professores Marcel Fantin (IAU) e Lúcia Leite, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O ciclo segue com exibições nos dias 3 e 10 de outubro, com os filmes O Show de Truman – O Show da Vida (1998), de Peter Weir, e Frágil Equilíbrio (2016), de Guilhermo Garcia López, respectivamente; e dia 7 de novembro, Antropoceno: A Era Humana (2018), de Nicholas de Pencier, Jennifer Baichwal e Edward Burtynsky.
Urbanicidades
Segundo informações do grupo, “o ciclo Urbanicidades – termo que recupera noções como urbano, urbanidade e cidade – propõe, desde 2015, a observação da cidade como uma realidade e ideação em constante transformação. Nesse sentido, tendo a relação arquitetura-cinema como ponto de partida, o projeto Urbanicidades objetiva ampliar o escopo das ações do IAU-USP e da Universidade, promovendo a reflexão em um grupo mais amplo e buscando uma maior integração com a sociedade”.
O Urbanidades possui uma curadoria interna que define os eixos temáticos e as obras de cada ciclo, sendo que as sessões contam com debates de convidados após a exibição do filme. Alguns dos ciclos do Urbanicidades foram Território e cinema de Belém do Pará; Patrimônio cultural e ambiental de Minas Gerais; Fronteira(s) Sul do Brasil e, em 2022, Repensando Brasis.
Mais informações na página do grupo ou pelo Instagram em @leauc.iau.
Com informações de João Pedro Dispósito, da Assessoria de Comunicação do IAU
Por Jornal da USP