Estudantes de cursos técnicos, graduação e pós-graduação podem participar; inscrições vão até 5 de novembro
A moda inclusiva pode ser entendida como um movimento que propõe a criação de roupas, calçados e acessórios levando em consideração as necessidades físicas e psicológicas das pessoas com deficiência, com foco no conforto e na ergonomia de quem veste estas peças. É esse o conceito que norteia a edição 2024 do Concurso de Moda Inclusiva, promovido pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Estudantes de cursos técnicos, graduação e pós-graduação matriculados em instituições de ensino paulistas podem participar do concurso, que está com inscrições abertas até o dia 5 de novembro.
O edital está disponível no site da secretaria e as inscrições podem ser feitas pelo formulário. Ao se inscrever, cada estudante deverá escolher uma categoria para concorrer: Esporte, Infantil, Social Masculino ou Social Feminino. Cada participante poderá concorrer em apenas uma categoria, com a apresentação de um único projeto (croqui) na categoria selecionada. Serão aceitas somente inscrições individuais. Os estudantes interessados deverão enviar seus projetos, com croqui e descritivo, já no momento da inscrição. Todos os estudantes competirão entre si, sendo que o mais importante não é o nível de formação, mas a capacidade em criar peças de vestuário inovadoras e criativas.
“Estamos muito empolgados com os preparativos do concurso, para que os resultados possam atingir nossa principal finalidade, que é promover um importante debate sobre a moda inclusiva, além de incentivar o surgimento de novas soluções e propostas para o vestuário das pessoas com deficiência”, diz Isabel Italiano, professora do curso de Têxtil e Moda da EACH que participa da comissão organizadora do concurso.
Ela explica que o conceito de moda inclusiva, de modo mais amplo, abrange o desenvolvimento de vestuário para todos os tipos de corpos, sejam altos, baixos, gordos, magros, entre outros. “No concurso, porém, nosso foco são as pessoas com deficiência. É importante lembrar que não significa apenas adaptar peças para estas pessoas, mas pensar, criar e desenvolver vestuário a partir de suas necessidades. É isso que nosso concurso quer, a criação e o desenvolvimento de vestuário especialmente desenvolvido para as pessoas com deficiência, que proporcionem conforto e aumentem sua autoestima, já que deve levar em conta as necessidades físicas e psicológicas do usuário, indo além do simples funcionalismo, mas considerando fatores como design, estilo e tendências do mercado de moda”, diz a professora.
O Concurso de Moda Inclusiva terá duas etapas. Na Fase 1, a comissão de seleção e avaliação vai analisar os projetos e a documentação do proponente. Os projetos serão avaliados pelos critérios de adequação à categoria e à deficiência selecionadas, apresentação de soluções inovadoras, criatividade, originalidade e estilo e linguagem de moda. Os cinco melhores projetos de cada categoria avançam para a Fase 2, na qual os estudantes deverão apresentar as peças já produzidas em um desfile público. Nesta etapa, os trabalhos serão avaliados por um júri formado por especialistas na área. Os três primeiros lugares recebem prêmios em dinheiro (R$ 3 mil, R$ 6 mil e R$ 8 mil).
Segundo Isabel, o objetivo do concurso é promover a criação de vestuário inclusivo, destacando a importância da acessibilidade e inclusão social para pessoas com deficiência. “Além de atender às necessidades funcionais, essa moda valoriza a expressão pessoal e a autoestima. A iniciativa também incentiva a inovação na indústria da moda, abrindo espaço para um novo segmento voltado à diversidade. Inserido no contexto de responsabilidade social, o concurso chama a atenção para a inclusão, estimulando empresas e designers a desenvolverem produtos e serviços mais acessíveis e inclusivos, contribuindo para uma sociedade mais equitativa”, afirma a docente.
O concurso já teve várias edições anteriores, mas deixou de ser realizado durante alguns anos. A decisão de voltar a realizá-lo foi do secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, com o apoio de Ignácio Maria Poveda Velasco, professor da Faculdade de Direito (FD) da USP e assessor especial da pasta, e da secretária executiva Ana Paula Nedavaska. Para o secretário, o concurso vem mostrar o potencial das pessoas com deficiência.
“Por meio dessa ação, queremos reforçar nosso compromisso com a inclusão e a promoção dos direitos da pessoa com deficiência. Conscientizar a sociedade e a indústria da moda sobre a importância de atender esse público é fundamental, já que temos no estado de São Paulo cerca de 3,3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência”, diz Costa.
Edições anteriores do concurso tiveram participantes de diferentes estados brasileiros e do exterior. Os desfiles já foram realizados em espaços culturais como o Centro Cultural São Paulo e o Museu Brasileiro de Escultura, ambos na capital paulista. Neste ano, o desfile do Concurso de Moda Inclusiva ocorrerá no Museu do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo.
Acesse o edital do Concurso de Moda Inclusiva – Edição 2024 (em PDF).
Com informações da Assessoria de Comunicação da EACH
Por Silvana Salles – Jornal da USP