Cineclube CDCC divulga a programação de março

Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de março de 2019:

2 – Não haverá sessão

9 – Tudo que o Céu Permite

All That Heaven Allows, EUA, 1955, Romance, 89 minutos Direção: Douglas Sirk Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead

A protagonista da trama é Cary Scott, uma viúva de 40 anos da alta sociedade americana, mãe de dois filhos, porém ainda atraente. Ela é desejada por vários homens de seu ciclo social, mas há tempos não sabe o que é viver um amor após a morte de seu marido. Sua vida muda quando ela conhece seu novo jardineiro, Ron Kirby, um jovem de 25 anos que desistiu de buscar e desfrutar das regalias do american way of life, abandonando tudo para cuidar de árvores e aproveitar uma vida pacata no meio da floresta.

Sentindo-se atraída por Ron, Cary reluta até aceitar seus sentimentos por ele, dos quais mostram-se recíprocos pelo jovem rapaz. Então os dois passam a viver um romance, mas logo encontram problemas nessa relação: julgamentos. Rapidamente, o caso passa a repercutir na cidade, principalmente dentro do círculo social de Cary, julgando-a por ser muito mais velha do que seu parceiro. Não sendo o bastante, seus filhos também se mostram contra esse relacionamento e todos começam a tentar convencê-la a não aceitar o pedido de casamento de Ron, que se demonstra ser imparcial em relação a diferença de idades do casal. Agora, Cary precisará tomar uma decisão: se importar com o julgamento social e zelar sua imagem ou deixar de dar ouvidos às críticas e viver essa nova paixão.

Nesta trama, Douglas Sirk, que dirigiu diversos e respeitáveis melodramas hollywoodianos durante a década de 50, não deixa a desejar quando se trata de críticas sociais, principalmente no que tange aos preconceitos por parte da classe média americana e do consumismo exacerbado do período pós-guerra, onde o “estilo americano de viver” era o objetivo de vida dessa época. Muitos aspectos dessa crítica são explorados de forma sútil durante o longa, dando a este filme não apenas o status de apenas mais um romance, mas sim uma obra atemporal que abre espaço de análise em como podem ser tóxicas as relações humanas e do que abrimos mão quando queremos viver um verdadeiro amor.

Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Relações humanas

Contém: Diálogo adulto

 

16 – O Lobo do Deserto

Theeb, EUA, 2014, Drama, 100 minutos. Direção: Naji Abu Nowar. Elenco: Jacir Eid, Hassan Mutlag, Hussein Salameh

Em Lobo do Deserto, filme de estreia em longas-metragens do cineasta Naji Abu Nowar, ele busca explorar os aspectos da realidade vivida na região da Arábia Saudita. Ambientado na província de Hejaz, durante a Primeira Guerra Mundial, o filme nos coloca como espectadores da jornada de dois jovens beduínos, Theeb e seu irmão mais velho, Hussein.

O ponto de partida se dá quando Hussein é designado para guiar um oficial britânico até um antigo poço romano. Alertando dos perigos do caminho, Hussein proíbe Theeb de o acompanhar nessa tarefa, porém o jovem garoto desobedece e o segue sem que ele saiba. Chegando ao seu destino, o grupo é atacado por bandidos da região e, a partir daí eles se veem obrigados a lutar pela sobrevivência em meio aos perigos encontrados no deserto.

A trama se baseia principalmente na evolução do personagem principal Theeb, que inicia a história como uma criança comum que pensa apenas em se divertir, mas que, infelizmente, encontrará necessidade de tomar decisões importantes para continuar vivo. Com a espontaneidade do jovem e promissor ator, ele consegue dar vida ao protagonista de forma natural e impactante em todas as situações, expressando tudo o que uma criança sente em tais cenários.

É importante destacar também como o diretor consegue expor aspectos da cultura local, explorando principalmente a supressão da violência e a criação de atmosferas que substituem os poucos diálogos contidos no filme, gerando um clima crescente de tensão e suspense latentes.

Indicado em grandes festivais como o Oscar e ganhador de prêmios relacionados ao cinema estrangeiro, a obra mostra o quão grande e impactante ela consegue ser ao nos colocar na pele de pessoas que vivem em um contexto social totalmente diferente do qual estamos habituados.

Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Relações humanas

Contém: Drogas lícitas e assassinato

 

23 – Agnus Dei

Les Innocentes, França, 2016, Drama, 115 minutos. Direção: Anne Fontaine. Elenco: Joanna Kulig, Agata Buzek, Lou de Laâge

Um convento de freiras polonesas, onde algumas delas estão grávidas, abusadas pelo exército soviético. Esse contexto delicado permeia o dramático filme da diretora Anne Fontaine que conta a história de uma médica que tenta a todo custo ajudar esse grupo de freiras.

Ambientado no ano de 1945, o longa tem enfoque na personagem Mathilde Beauliei. Enquanto ela realiza uma missão pela Cruz Vermelha ao cuidar dos sobreviventes franceses feridos em decorrência da Segunda Guerra Mundial, ela encontra uma freira em busca de ajuda e que a leva para uma comunidade de trinta freiras isoladas da sociedade em função de sua religião.

Chegando no local, ela descobre que parte dessas mulheres se encontra grávidas, vítimas de estupros e prestes a terem seus filhos. Logo, ela se prontifica a todo custo ajudá-las com seus partos, porém encontra dificuldades por conta do puritanismo seguido por elas e do sigilo que deve ser mantido perante o caso.

O longa então se desenrola nesse tema polêmico e pesado, mas que, de maneira sútil, toca em diversas feridas da Igreja Católica e os conflitos que podem ser gerados por conta da fé. Mais do que isso, o filme aborda o assunto sobre violência sexual de maneira que possibilita expor a angústia vivida por essas mulheres que sofreram abusos.

Baseado em fatos reais descritos no diário da Dra. Madeleine Pauliac, uma médica polonesa que presenciou diversos casos de mulheres grávidas vítimas de estupro, a obra consegue externalizar toda a melancolia necessária para tratar deste tema, conduzindo o espectador com sua trilha sonora impecável e suas cenas sombrias que transmitem toda a tristeza ambientada durante a trama.

Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Relações humanas

Contém: Drogas lícitas e violência

 

30 – Sociedade dos Poetas Mortos

Dead Poets Society, EUA, 1999, Drama, 129 minutos

Direção: Peter Weir

Elenco: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Wthan Hawke

Carpe Diem. Uma famosa frase que, de maneira sucinta, significa “aproveite o dia”, mas que esconde um significado muito mais profundo dentro de seu contexto abstrato, podendo ser resumido em “aproveitar o momento presente da melhor maneira mediante da incerteza do futuro”. Essa percepção de mundo, que remonta a filosofia romana da época antes de Cristo, é a principal ideia que permeia o longa de Peter Weir, contando a história de um professor de poesia que busca fugir dos métodos ortodoxos de ensino para incentivar jovens a pensarem por si só.

O filme é ambientado na Academia Welton, onde predominam valores tradicionais, dos quais baseiam-se em quatro pilares: tradição, honra, disciplina e excelência. Indo contra esse conceito, o recém-chegado professor Keating leciona utilizando-se de uma via que encoraja seus alunos a não apenas enxergarem poesias como objetos de estudo e análises, mas como uma forma profunda de externalizar emoções e sentimentos humanos.

Conquistando o interesse dos jovens alunos com seu carisma, Keating incentiva-os a reviver a Sociedade dos Poetas Mortos, um grupo secreto que se encontra periodicamente para recitar poesias. Mais do que isso, ao longo da trama vemos que esse grupo serve de ferramenta para que os jovens se identifiquem e aceitem seus próprios ideais.

No decorrer do longa, de forma profunda e delicada, é explorada a pressão imposta pelo caráter dogmático e autoritário da escola ao interferir na vida desses jovens de forma negativa. Também, a imposição feita pelos pais que desejam moldar o futuro de seus filhos, sem levar em consideração o que eles pensam, gera um problema que muitas vezes encontramos em nosso meio acadêmico e social: jovens desesperados e com doenças psicológicas originadas pelo estresse de não conseguirem ser quem eles realmente são.

Por fim, recheado de imagens metafóricas, a obra exprime precisamente a mensagem principal de que sempre devemos enxergar o mundo de uma perspectiva alternativa, não deixando que ninguém condicione nossa maneira de pensar, para que, assim, possamos encontrar nossa própria felicidade, mesmo que isso signifique revoltar-se e ir contra ao que nos é imposto.

Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Poesia e literatura

Contém: Violência

Trailers:

O CDCC fica na Rua Nove de Julho, 1227, Centro.

Mais informações:
Tel.: (16) 3373-9772

Por CDCC

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