O diálogo sobre questões urgentes também será feito através de atividades de arte e cultura como filmes, música, dança e exposições
A USP realiza, de 2 a 6 de outubro, a segunda edição do evento USP Pensa Brasil, na Cidade Universitária, em São Paulo.
Na sexta-feira, 6 de outubro, o tema debatido será “Por uma economia com distribuição de renda”, que pretende avaliar se o Brasil possui atualmente instrumentos suficientes para enfrentar as desigualdades do país.
A conferência vai ser ministrada por Leda Paulani, professora da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), da USP, que integra o grupo de intelectuais e economistas que fundaram o projeto Brasil-Nação e a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED). Para debater a questão, os convidados serão: Marcos Nobre, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Nath Finanças, influenciadora digital, criadora de conteúdos focados em educação financeira para pessoas de baixa renda.
Acostumada a participar de várias palestras e eventos, Nath ressalta que é “muito importante ter a possibilidade de falar de finanças de forma real. Acredito que será muito produtivo poder ter essa troca e normalizar essa conversa sobre dinheiro”.
Antes da conferência, haverá a apresentação de fragmentos de textos representativos sobre o país, lidos por estudantes de diversas áreas da USP: Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado, O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, O Ornitorrinco, de Chico de Oliveira, e Cidade de Deus, de Paulo Lins.
Diálogo através da arte e cultura
Além do debate e diálogo sobre questões urgentes no seminário, nas conferências e debates, não poderiam faltar atividades de Arte e Cultura, organizadas por órgãos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), que participam com uma programação variada: o Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp), o Coral da USP (Coralusp), a Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) e o Teatro da USP (Tusp).
O Cinusp exibirá a mostra Cinema pensa o Brasil, que traz uma programação especial de filmes brasileiros que contribuem para as discussões urgentes do país. No dia 3, serão exibidos o clássico curta-metragem Mato Eles? (1983), de Sérgio Bianchi, às 14h, e o filme indígena Thue Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando (2022), às 14h35. No dia 5, às 14h, é a vez do recém-lançado Indianara, que aborda o ativismo de pessoas trans e soropositivas.
Dois grupos do Coralusp marcam presença no evento. No dia 3, às 18h30, o grupo Feminino apresenta o projeto Mulheres na Música, cuja proposta é apresentar um programa formado por peças compostas por mulheres, que falem sobre elas ou ainda que tenham sido marcadas pela interpretação feminina. A regência é de Paula Christina Monteiro. E, no dia 4, às 12h, o grupo 12 em Ponto, com a regência de Eduardo Fernandes, apresentará o projeto 6X80, com a teatralização das canções compostas pelos compositores que completaram 80 anos em 2022, uma série de tendências seminais da MPB, como a tropicália, o samba rock, a soul music brasileira, o samba carioca e o sotaque.
A Osusp receberá a maestra cubana Yeny Delgado, no dia 6, em um concerto que enfoca a diversidade. E, com solo de Gabriel Marin, o público terá contato com a sonoridade húngara moderna do Concerto para Viola de Bela Bartok, os ritmos cubanos de Gonzalo Roig e, soando pela primeira vez no Brasil, a Sinfonia n. 4, escrita em 1853 pela compositora alemã Emilie Mayer.
E, na nova sala do Tusp na Cidade Universitária, será apresentado o espetáculo de dança Mama sy yiá, que aborda questões relacionadas à maternidade, com direção e coreografia de Sofia Tsirakis. Nos dias 5 e 6, as apresentações serão às 20h, e, no sábado e domingo, às 16h.
Todas essas atividades serão realizadas no Centro Cultural Camargo Guarnieri, com exceção do concerto do Coralusp Feminino, que se apresentará no Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana.
“A programação que a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária traz para o USP Pensa Brasil diz respeito a temas muito discutidos no Brasil atual, dialogando com os temas da atualidade por meio do conhecimento artístico O Coralusp, por exemplo, apresenta dois temas socialmente relevantes para sociedade brasileira: a importância da mulher na música, apresentando música de mulheres por mulheres e a questão do etarismo, lembrando e festejando compositores octogenários. Os filmes no Cinusp falam da violência contra povos indígenas e questões de gênero. E a Osusp também toca a questão da diversidade pela música erudita, por intermédio de uma composição de uma mulher alemã, do século 19”, destaca a pró-reitora Marli Quadros Leite sobre a importância da realização destas atividades na Universidade.
Alerta sobre destruição do meio ambiente
Outro órgão da PRCEU presente no evento é a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), com apresentação de duas exposições e uma instalação.
Na Sala Multiuso da BBM, a exposição Graciliano Ramos 70-90: De Caetés a Memórias do Cárcere, ficará em cartaz até 8 de dezembro. Ela foi idealizada como desdobramento do seminário internacional sobre o autor, que foi realizado nos dias 25 e 26 de setembro, para comemorar os 90 anos de publicação das obras Caetés (1933) e São Bernardo (1934), bem como os 70 anos de publicação de Memórias do cárcere e também da data de morte do escritor (1953).
Entre os materiais apresentados ao público, estão itens provenientes dos
acervos uspianos: originais da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) e fac-símiles do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), tais como manuscritos, datiloscritos, provas tipográficas, dedicatórias endereçadas a grandes nomes da cultura, primeiras edições, obras literárias e críticas contemporâneas ao autor, traduções de seus livros, além de documentos pessoais como fotografias e cartas.
A curadoria é assinada pelos docentes do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH) da USP: Erwin Torralbo Gimenez, Fabio Cesar Alves e Simone Rossinetti Rufinoni.
Já a exposição Garimpo e a instalação O Carvão e o Ouro, 2019/2023 são do artista brasileiro Siron Franco, com curadoria do professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) Luiz Armando Bagolin e do pesquisador Fabrício Reiner.
Essa mostra tem uma instalação inédita na Praça Central do Espaço Brasiliana, em alusão à destruição do habitat em prol da exploração em busca de ouro, reunindo toneladas de pedaços de madeira carbonizada e folhas de ouro. A instalação dialoga diretamente com os eventos divulgados no início deste ano sobre a invasão ilegal da terra indígena ianomani, em Roraima, e da destruição do meio ambiente, dos recursos naturais e dos meios de sobrevivência do povo nativo, configurando uma série de crimes contra o mesmo, incluindo o estupro e o assassínio.
A exposição se completa na Sala BNDES da BBM, que contém um móbile suspenso por cabos de aço, com ouro e braços e mãos de manequins; e três mesas de concreto bruto no qual são incrustados uma variedade de objetos (peixes de resina, cartuchos vazios de espingarda, bolas de bilhar, bonecos e partes de brinquedos, restos de cerâmicas indígenas etc.) de modo a montar grandes assemblages horizontais que também refletem sobre a ruína e os despojos deixados para trás pela atividade predatória do garimpo, do tráfico e da pesca ilegais.
Tanto a instalação quanto a exposição poderão ser visitadas pelo público até o dia 3 de novembro.
As programações serão realizadas no Auditório István Jancsó, na Sala BNDES e na Sala Multiuso da BBM, localizadas no Espaço Brasiliana (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). O evento USP Pensa Brasil será realizado de 2 a 6 de outubro, no Espaço Brasiliana e em outros locais da Cidade Universitária, em São Paulo. As atividades são gratuitas e abertas a todos os interessados. Serão fornecidos certificados de participação para os inscritos nos seminários e debates. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site do USP Pensa Brasil.
Texto: Adriana Cruz
Arte: Gabriela Varão – Estagiária sob supervisão de Moisés Dourado
Por Jornal da USP
