E-books mostram a diversidade do patrimônio cultural da USP

Em segunda edição ampliada, obras gratuitas foram produzidas pelo Centro de Preservação Cultural Casa de Dona Yayá (CPC)

Capas de dois livros com desenhos abstratos.

Capas dos livros lançados pelo Centro de Preservação Cultural Casa de Dona Yayá (CPC) da USP – Foto: Divulgação/CPC

 

Dois livros disponíveis no Portal de Livros Abertos da USP dão uma boa ideia da diversidade e da importância do patrimônio cultural da Universidade de São Paulo. Produzidos pelo Centro de Preservação Cultural Casa de Dona Yayá (CPC) da USP, as duas obras são intituladas Guia do Patrimônio Tombado da Universidade de São Paulo e Guia de Museus e Acervos da Universidade de São Paulo. Elas foram lançadas em segunda edição ampliada.

Guia do Patrimônio Tombado da Universidade de São Paulo reúne 32 bens tombados, entre edificações e acervos, situados na capital, no litoral e no interior do Estado. Cada um deles é acompanhado de fotografias, um texto curto e uma ficha com informações básicas, em que constam dados como ano de construção e de tombamento, características arquitetônicas e forma de utilização atual. “Revela-se, assim, uma lista de bens de naturezas tão variadas quanto é possível imaginar por sua abrangência histórica”, como se lê na introdução da obra. “Com origens entre os séculos 16 e 20, são representativos dos modos de criar, construir, viver e representar dos distintos grupos que os conceberam.”
Tome-se como exemplo um dos bens citados no guia: o Edifício Vilanova Artigas, na Cidade Universitária, em São Paulo, que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU). Conforme consta no livro, essa obra terminou de ser construída em 1968, com projeto dos arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. “Caracterizado por amplos espaços abertos e pela ausência de barreiras entre o interior e o exterior, trata-se de um edifício cuja concepção vai ao encontro da renovação pedagógica do curso de Arquitetura e Urbanismo, liderada pelo arquiteto e professor Vilanova Artigas no início dos anos 1960, da qual resultou um novo currículo, crítico e socialmente comprometido”, informa o guia. “Apesar das tensões sociais e da repressão política das décadas de 1960 e 1970, materializou-se nesse edifício o projeto estruturado em torno do grande Salão Caramelo, pátio interno dedicado ao encontro e à livre apropriação — onde ‘todas as atividades são lícitas’, segundo seu autor. Ao seu redor se organizam oito andares em meio nível ligados por rampas e escadas, nos quais distribuem-se espaços de ensino, pesquisa e convivência.”
O acervo artístico da Capela do Hospital das Clínicas (HC) é outro patrimônio citado no guia. Instalado no último andar do edifício principal do HC, na capital paulista, esse acervo é composto de dois afrescos de Fulvio Pennacchi, duas esculturas em bronze e um conjunto de esculturas em terracota e madeira de autoria de Victor Brecheret e ainda 15 vitrais inspirados em desenhos de Emiliano Di Cavalcanti. As atividades religiosas realizadas nesse ambiente estão sob a responsabilidade da Ordem dos Padres Camilianos. “Ainda que a concepção arquitetônica da Capela do Hospital das Clínicas corresponda ao projeto original do edifício principal do complexo hospitalar, construído entre 1938 e 1944, não existem informações sobre o responsável pela escolha dos artistas ou da temática das obras de seu interior”, lê-se no guia. “Acredita-se que a finalização das peças artísticas tenha se dado em 1947, de quando datam os afrescos executados na parede do altar.”
Um monumento funerário também integra a lista de bens tombados da USP. Trata-se do Túmulo de Júlio Frank, localizado na Faculdade de Direito. Ele guarda os restos mortais do professor de origem alemã que, entre 1832 e 1841, lecionou História, Geografia e Inglês no Curso Anexo da antiga Academia de Direito do Largo São Francisco e foi fundador da Bucha, uma associação secreta de cunho liberal, abolicionista e republicano. “Seu enterro não pôde ser realizado nos cemitérios de São Paulo por desautorização da Igreja Católica, posto que Frank era protestante”, informa o guia. “Após mobilização de alunos e amigos, decidiu-se enterrá-lo em um dos pátios internos da escola e homenageá-lo com esse monumento funerário, construído em 1842 e reconstruído na década de 1930, juntamente com o novo edifício da Faculdade de Direito, projetado pelo engenheiro-arquiteto português Ricardo Severo.”
 As coleções do Museu Paulista, o Fundo Mário de Andrade – mantido pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) – e o edifício da Faculdade de Medicina são outros dos 32 bens tombados da USP listados pelo guia.

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