No último dia 23 de junho, a Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) reuniu ex-alunas, alunas de graduação e pós-graduação e professoras no evento “Elas na Engenharia – Trajetórias que inspiram”, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. Por meio de relatos, o encontro serviu para enaltecer a presença feminina nessa área do saber e fortalecer a rede de mulheres, além de destacar os desafios e as vivências acadêmicas e profissionais das participantes.
Ao abrir os discursos e destacar a importância do evento, Fernando Martini Catalano, diretor da EESC, ressaltou a necessidade de impulsionar a presença das mulheres na engenharia. “A participação das mulheres deve ser incentivada, continuada e perseguida. Nesses 70 anos, avançamos, mas precisamos melhorar bastante, de modo a buscar um ambiente com isonomia e equilíbrio dessas forças que são tão importantes, ampliando cada vez mais a presença feminina na área”.
Catalano aproveitou o espaço também para divulgar a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, criada pela nova reitoria da USP, “onde cada unidade terá a sua Comissão de Inclusão e Pertencimento, um canal importante para que as mulheres, as pessoas pretas, pardas e indígenas possam participar e ter inclusão e pertencimento a uma universidade que é do povo e patrocinada pelo povo”.
O evento também contou com a participação de Luciana Montanari, professora de Engenharia Mecânica da EESC e coordenadora do projeto Elas na Engenharia, que em sua fala destacou a importância da iniciativa para trazer à universidade e para a engenharia o público feminino. “O projeto Elas na Engenharia pode servir como porta de entrada das mulheres nessa área. Fico muito feliz em observar que algumas meninas que antes não vislumbravam sequer ingressar numa universidade, conseguiram entrar em uma instituição pública, inclusive escolhendo carreira na área de exatas. Trata-se de uma conquista importante do nosso projeto, nos motiva a dar sequência e nos mostra uma boa perspectiva de mudança”.
O público presente à ocasião pode ainda entender melhor o cenário com uma breve apresentação de números das mulheres no mercado de trabalho, trazido por Alessandra Rachid, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e ex-aluna do curso de Engenharia de Produção da EESC, e ouvir relatos de mulheres que se formaram na EESC e construíram carreiras de sucesso.
O encontro “Elas na Engenharia – trajetórias que inspiram” é parte integrante da série Alumni, trajetórias que inspiram – Campus USP São Carlos – que está inserida nas comemorações pelos 70 anos da EESC. A íntegra do evento pode ser vista neste link.
“O espaço e o caminho de sucesso das mulheres na engenharia cada vez mais é conquistado por meio do conhecimento. Espero que possamos ter mais mulheres atuantes na área, e em especial no saneamento, um mercado enorme e que lida diretamente com vidas.” – Angela Di Bernardo Dantas, ex-aluna da Engenharia Civil da EESC, diretora da Hidrosan Engenharia SS LTDA.
“Era a única mulher numa classe com cem alunos. Mas, sempre fui bem acolhida e na EESC pude me formar e construir a carreira na engenharia, onde atuei até assumir o desafio de ocupar a direção comercial da empresa da família. Entrei em 1963 na EESC, hoje vejo que há mais mulheres e essa vivência me preparou para lidar bem diante dos desafios que apareceram nessa minha trajetória.” – Liliane Alfiero, presidente da Lupo.
“Temos que ir atrás de nossos objetivos com muita determinação. As resistências vão sempre existir, sempre vai ter o que tente nos parar. É cada uma de nós que vai decidir parar ou seguir adiante com nossos objetivos” – Cilene de Cassia Garcia, ex-aluna da EESC e engenheira do campus da USP de São Carlos
“Os números da Poli ainda não são animadores. Temos 18% de meninas na graduação, 26% na pós e apenas 13% na docência. A mudança cultural ainda é muito lenta, e precisamos de ações afirmativas e de maior mobilização nossa para acelerar a paridade de gênero. Há ainda muito por fazer, de modo a não perder mais tantos talentos femininos na engenharia.”– Marly Monteiro de Carvalho, ex-aluna de Engenharia de Produção da EESC, professora titular da Escola Politécnica da USP
“Devemos acreditar naquilo que a gente é, na capacidade que a gente tem e enfrentar os desafios que nos apresentam. Nós podemos, basta querer que nós podemos e depende da vontade e do que cada uma de nós procura colaborar numa sociedade.”– Helena Maria Cunha do Carmo Antunes, ex-aluna e ex-professora da EESC, aposentada, tendo atuado na engenharia por mais de 60 anos.
“Espero que cada vez mais possamos apresentar motivos de sucesso na carreira de mulheres e que eles sejam inspiradores para lutar contra essa disparidade com os homens. Espero que a EESC seja pioneira em estabelecer ações afirmativas para que possamos reduzir essa grande disparidade existente.” – Janaína Mascarenhas, professora da EESC, ex-aluna de mestrado e doutorado da Engenharia de Produção.
“Agradeço a oportunidade da juventude poder falar. Me formei na EESC no ano passado. Participei intensamente das atividades de extensão e pesquisa da universidade e agora estou dedicada na construção do Instituto Regeneri, focado no fomento de projetos de pesquisa, ensino, extensão e inovação regenerativos dentro das universidades públicas.” – Adriele Fonseca –Engenheira Civil, ex-aluna da EESC, empreendedora social e idealizadora do Instituto Regeneri
“Temos várias oportunidades aqui na universidade para nos desenvolvermos. Esse apoio é fundamental para nós estudantes e esses eventos de afirmação também são fundamentais para entendermos que aqui também é nosso lugar e não estamos sozinhas no campus. É assim que eu inspiro minha família e que as mulheres da universidade me inspiram para continuar e ver que nessa carreira eu também tenho um futuro para alcançar” – Brena Marques, aluna de Engenharia Elétrica da EESC e estagiária no Instituto Eldorado
Por Denis Dana (Ex-Libri) e
Assessoria de Comunicação EESC-USP