Evento reuniu especialistas no campus da USP em São Carlos para discutir impactos, potencialidades e aspectos éticos do uso da inteligência artificial na graduação universitária
Das questões éticas ao potencial das ferramentas, dos modelos de regulação à didática crítica e ao desenvolvimento docente. Esses foram tópicos abordados durante o 8º Congresso de Graduação da USP, que, neste ano, teve como tema Inteligência artificial na graduação: um convite ao debate.
Realizado no campus de São Carlos, o evento reuniu dirigentes, presidentes de Comissão de Graduação, professores, funcionários e estudantes durante os dias 31 de outubro e 1º de novembro. A programação diversificada contou com mesas-redondas, apresentação de especialistas, sessão de pôsteres digitais, exposição e atividades culturais. Os vídeos estão disponíveis no Canal da PRG no Youtube, no final da playlist.
A vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, destacou em sua mensagem de abertura que o congresso já firmou tradição na Universidade e tem trazido contribuições fundamentais para o desenvolvimento e modernização da graduação. “Fornecemos uma formação altamente qualificada para os nossos estudantes, no entanto, formar hoje é também absorver os novos temas e problemas do mundo contemporâneo. Esse é um tema fundamental, porque envolve não só a questão de como nós vamos nos apropriar do avanço das tecnologias de ponta, mas como a formação de estudantes ultrapassa a transmissão de conteúdos.”
A mesa de honra foi composta com os professores Aluisio Augusto Cotrim Segurado, pró-reitor de Graduação, Marcos Garcia Neira, pró-reitor adjunto de Graduação, Fernando Martini Catalano, diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), e Luís Fernando Costa Alberto, prefeito do campus.

Aluisio Segurado, pró-reitor de Graduação da USP – Foto: Umberto Patracon
“O tema abordado é da mais alta relevância. Vivemos no mundo atual a revolução das tecnologias de informação e comunicação, que perpassam todas as dimensões da nossa vida, impactam as relações sociais, interferem em todos os processos organizacionais e, sem dúvida, tem relação profunda com os processos pedagógicos e educacionais”, destacou Segurado, ao lembrar o Consenso de Pequim, documento publicado pela Unesco que aborda as possibilidades de utilização da inteligência artificial em prol da educação, estabelecendo recomendações sobre o seu uso, com vistas à consecução dos objetivos propostos pelas Nações Unidas na Agenda 2030.
Representando o campus, o diretor da EESC lembrou os 70 anos da graduação da USP em São Carlos, iniciada com os cursos de Engenharias Civil e Mecânica. “Eu entendo que, para implementar novas tecnologias de ensino, como a IA e outras ferramentas, a gente precisa formar docentes, o que passa pela pós-graduação, e modernizar a nossa graduação com olhar no protagonismo dos alunos”, complementou.
A coordenação do congresso prestou uma homenagem à professora sênior Selma Garrido, que atuou como pró-reitora de Graduação entre 2005 a 2009. Em suas palavras, Segurado disse que a PRG reconhece a contribuição da docente ao longo dos anos, sendo uma inspiradora da pedagogia universitária e a responsável pela formação de gerações de uspianos.

Palestrante e a homenageada durante o evento, Selma Garrido – Fotos: Edmilson Luchesi e Umberto Patracon
Confira na íntegra as cinco abordagens temáticas e reflexões ocorridas no congresso:
IA na Graduação: impactos e potencialidades no ensino-aprendizagem
IA na Graduação: implicações psicológicas e sociais
IA na Graduação: investigações exploratórias no ensino
IA na Graduação: aspectos éticos
Mesa temática: Programa de Desenvolvimento Profissional Docente (PDPD): formar-se e formar

Exposição sobre a Campanha de Recepção aos Calouros da USP e o público no evento – Fotos: Edmilson Luchesi e Umberto Patracon
O pró-reitor também considerou que as apresentações e reflexões cumpriram a proposta de atender aos anseios da comunidade universitária em debater o tema “inteligência artificial” e buscar compreender melhor possibilidades e limites das ferramentas.
“Nós consideramos a interação professor-aluno em sala de aula um momento imprescindível do espaço de formação, no entanto, as tecnologias podem ajudar a complementar e reforçar essa relação, eventualmente tirando alguns conteúdos meramente expositivos que podem ser tratados a distância, de forma assíncrona, e preparando os estudantes para o momento valioso de interação com os professores para a solução de questões, baseadas em conhecimentos e pressupostos teóricos que eles podem adquirir usando o apoio da tecnologia.”
Segurado lembrou que a Pró-Reitoria de Graduação tem um grupo de trabalho dedicado à incorporação de tecnologias como ferramentas de auxílio e suporte ao processo de ensino-aprendizagem. “Esse é um momento fecundo para essas discussões. A visão crítica e os assuntos debatidos trarão possibilidades de aproveitamento para o GT e vão auxiliar particularmente num momento em que estamos fazendo a revisão de todos os projetos pedagógicos dos nossos cursos de graduação”, concluiu.
Por Edmilson Luchesi – Assesssoria de Comunicação da EESC
Jornal da USP