Tese de doutorado defendida pela historiadora Camila Belarmino, no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos, mapeia a atuação feminina na arquitetura carioca do início do século 20

Matéria sobre Leila Oneto de Barros na revista Brasil Feminino, de 1932, e Danuzia Palma Dias Pinheiro em matéria de 1930 sobre a emancipação profissional da mulher – Revistas Brasil Feminino e Vida Doméstica / Tese: A mulher na arquitetura e no urbanismo
Mesmo enfrentando um ambiente profissional essencialmente masculino, muitas dessas mulheres encontraram caminhos de resistência e afirmação por meio da prática técnica, do ensino e do ativismo. “Não vou romantizar afirmando que todas as mulheres eram geniais. Não. Mas elas ultrapassaram limites e demonstraram que estavam ali, presentes, e que realmente queriam participar desse mundo majoritariamente masculino, que era o mundo da arquitetura e da construção.”
Em linhas gerais, a tese faz uma crítica incisiva à maneira como se construiu a história da arquitetura no País. Para Camila, “quando a gente escreve uma história onde faltam indivíduos, identidades, representatividades, a gente não está fazendo história. A gente está deshistoricizando”. Essa revisão é baseada em conceitos como campo, habitus, violência simbólica e gênero, a partir de autores como Pierre Bourdieu e Joan Scott.

Mulheres estudantes da Escola Nacional de Belas Artes em exposição de trabalhos em 1935 – Foto: Reprodução / Tese: A mulher na arquitetura e no urbanismo

Formatura da turma de Maria Adelaide Rabello Albano e Estephania Ribeiro Paixão em 1944 – Foto: Revista Arquitetura, 1994 /Tese: A mulher na arquitetura e no urbanismo
Diante das atuais discussões sobre igualdade de gênero e cidades mais inclusivas, Camila reforça que revisitar o passado é essencial. “Se começarmos a falar sobre a presença dessas mulheres no campo da arquitetura – e até observar isso em outros campos – vamos perceber que as mulheres sempre trabalharam.” Para ela, reconhecer esse protagonismo é parte fundamental de qualquer transformação urbana. “Elas já estavam presentes desde o momento inicial”, conclui.
A tese de doutorado A mulher na arquitetura e no urbanismo: trajetórias profissionais entre as décadas de 1910 e 1960 no Rio de Janeiro, pode ser acessada neste link
Mais informações: milabelarmino@hotmail.com, com Camila Belarmino
Texto: Denis Pacheco – Jornal da USP