Quer aproveitar a USP ao máximo? Conheça 8 atividades que vão além da sala de aula

Alunos da USP que participam de atividades extracurriculares contam suas experiências e suas motivações

Aproveitem todas as oportunidades, vivam a riqueza da vida acadêmica.” Com essas palavras, o professor Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, abriu o ano letivo, no dia 14 de março de 2022, depois de dois anos de aulas a distância e isolamento social devido à pandemia. Em seu discurso, Carlotti sugere que os estudantes, agora com aulas presenciais, não se limitem às atividades curriculares obrigatórias e que busquem conhecimento fora da sala de aula.

Algumas dessas atividades são chamadas de extensão universitária, que é um dos pilares do ensino superior e busca a interação entre a Universidade e a sociedade. As atividades de extensão promovem a troca de saberes e enriquecem o aprendizado. A USP possui vários grupos de extensão e até uma Pró-Reitoria dedicada a promover ações nessa linha: a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

O reitor também cita outras formas de participação na vida universitária além da sala de aula: em organizações estudantis, grupos culturais e esportivos e laboratórios de pesquisa. Está em dúvida em qual investir? Conheça como são algumas dessas iniciativas pelo relato dos alunos e busque saber quais são os grupos da sua unidade.

 

Empresas juniores e empreendedorismo

Gabriela Ferreira Fernandes, aluna de Editoração e presidente da Com-Arte – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

“Uma grande vantagem de participar de uma empresa júnior é a vivência real do mercado da área, além de já poder contar com uma experiência sem sair da faculdade. Estou tendo a chance de lidar com projetos diferentes e podendo aplicar os conhecimentos do curso de forma concreta”

Gabriela Ferreira Fernandes, aluna do curso de Editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA) e presidente da Com-Arte, empresa júnior do seu curso, conta que uma Empresa Júnior (EJ) é uma organização gerenciada por alunos, em que os membros executam serviços e projetos para clientes, sob a orientação de um professor.

Nela, o estudante tem a oportunidade para aplicar o que é aprendido teoricamente, conhecer diferentes áreas de atuação profissional e desenvolver habilidades nas áreas de negociação, gestão financeira e recursos humanos.

Por se tratar de um negócio, Gabriela explica que as empresas juniores proporcionam habilidades importantes para o mercado de trabalho. “Como o nome já diz, uma EJ é realmente uma empresa, tem CNPJ, licenças, etc. Essa parte burocrática é de responsabilidade dos membros. Além disso, temos vivência com clientes reais, então, aprendemos bastante sobre o funcionamento de um negócio.”

Muitas unidades e cursos da USP possuem suas próprias EJs. Alguns exemplos são a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos  (Qualimentos Jr.) e a Escola Politécnica (Poli Jr.), os cursos de Jornalismo (Jornalismo Jr.) e Gestão e Políticas Públicas (Vertuno). Para participar de uma, Gabriela diz ser importante que o aluno seja comprometido e tenha um olhar interdisciplinar com áreas correlacionadas. Os processos seletivos, a carga horária e as responsabilidades de cada membro dependem da organização da empresa.

Inova USP: para quem tem interesse em empreendedorismo e quer conhecer opções além das EJs, Gabriela recomendou o Inova USP, um espaço no campus Butantã que abriga múltiplas iniciativas voltadas para a pesquisa e inovação.

Na área de empreendedorismo, muitas das iniciativas estão relacionadas ao Núcleo de Empreendedorismo da USP (Neu) que tem a participação de estudantes e apoio de pesquisadores, professores e órgãos da Universidade.

USP São Carlos – O Campus da USP em São Carlos conta com quatro unidades de Empresa Jr., atuando da seguinte maneira:

  • EESC Jr. – Áreas de atuação: Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Mecatrônia e Arquitetura. Tel.:(16) 3373-9280.
  • ICMC Jr. – Áreas de atuação: Desenvolvimento de softwares, websites e banco de dados; manutenção de servidores; criação de redes internas; instalação de sistemas e programas para segurança. Tel.:(16) 3373-9704.
  • IFSC Jr. – Sintec – Áreas de atuação: polímeros, crescimento de cristais e materiais cerâmicos, fotônica, óptica, semicondutores, física computacional, cristalografia, biofisica e ressonância magnética e nuclear. Tel.:(16) 3373-8640.
  • IQSC Jr. – Áreas de atuação: química de alimentos, ambiental e de materiais, gestão de qualidade e segurança química e prevenção de acidentes. Tel.:(16) 3373-8710.

 

Atléticas e grupos de esportes

Lucas Calado, estudante de Biologia e diretor geral dos esportes na ICBIÓ – Foto Cecília Bastos/USP Imagens

“A atlética me dá, diariamente, ferramentas para que eu me torne mais experiente em vários aspectos da minha vida pessoal e acadêmica. Nela, você tem um espaço que te permite se desenvolver em muitos âmbitos, além de ser um dos melhores lugares para se integrar dentro da faculdade”

Lucas Calado, estudante de Biologia e diretor geral dos esportes na ICBIÓ, atlética que representa os Institutos de Biociências, Ciências Biomédicas e Oceanográfico, conta que participar de uma atlética vai muito além de ter vínculo com o esporte. “A gente tem essa ideia difundida de que participar de atléticas é só para atletas, ou mesmo que a atlética só se preocupa com a área esportiva. Mas isso passa longe da realidade.”

Calado explica que, por serem entidades geridas pelos alunos, as atléticas possuem cargos que podem ser ocupados por pessoas com interesse em diversas áreas, como design de produtos, organização de eventos, comunicação, recursos humanos, gestão financeira, etc. Como membro da entidade desde o início do curso, o aluno já passou pelo cargo de presidente da ICBIÓ, e hoje atua na Comissão Organizadora do BIFE, na Liga Atlética Acadêmica da USP (LAAUSP) e é diretor de Modalidade do Futsal Masculino e do Tênis de Campo. Nesses cargos, ele aprendeu a vetorizar imagens, fazer planilhas automatizadas, ajudar em questões de controle financeiro, enviar ofícios e resolver problemas burocráticos.

Com essa vivência, Lucas Calado tem tido oportunidades importantes para a sua trajetória acadêmica:

“Nas próprias reuniões, consegui conhecer dezenas de pessoas incríveis, criar uma rede de contatos grande, conhecer laboratórios e linhas de pesquisa de outros institutos, descobrir disciplinas boas para se fazer dentro da graduação, além de ter contato com pós-graduandos que, nas conversas conosco, explicam como funcionam os programas de pós. Tudo isso me ajudou muito no meu projeto de pesquisa no laboratório do qual faço parte.”

Por isso, ele vê a atlética como um espaço que pode ser frutífero a todos os perfis: “Vejo a atlética, em termos formais, como uma entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo fomentar o esporte universitário. No entanto, acredito que possamos estender essa definição de muitas formas. É também um espaço de integração, de muita troca de conhecimentos, de aprendizado de uma série de habilidades que vão muito além do esportivo. No final das contas, é uma entidade muito completa”.

Os alunos que não desejam se envolver com questões gerenciais podem participar das atléticas por meio dos times organizados para as diversas modalidades esportivas. Entre elas, destaca-se o crescimento das modalidades de e-sport dentro da USP, que têm sido incentivadas tanto dentro das atléticas, quanto por meio de equipes competitivas e projetos sociais. Um exemplo desses projetos, é o USP Cronos, entidade universitária voltada exclusivamente para os e-sports.

Em São Carlos, há a Atlética CAASO – Centro Acadêmico Armando de Sales Oliveira. O Centro de Educação Física, Esportes e Recreação da USP-São Carlos (CEFER) da Prefeitura do Campus (PUSP-SC), assim que tiver suas obras de acessibilidade finalizadas, também voltará a atender toda a comunidade uspiana para a prática de diferentes modalidades esportivas – algumas realizadas em parceria com a Atlética CAASO. O espaço conta com quatro quadras poliesportivas, duas de tênis, uma de peteca, um campo de areia, duas piscinas, campo de futebol, um Ginásio de Esportes com quadra poliesportiva e capacidade para 1300 pessoas e um Salão de Eventos, com 1.405 m².

 

Cursinhos comunitários e ensino

Caio César Pereira dos Santos, aluno de Jornalismo e professor de Geografia no cursinho popular da ECA – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

“Entrar em contato com alunos de baixa renda, da rede pública, e fazer acreditar que eles, assim como eu, também podem chegar à maior universidade da América Latina, é renovar, de alguma forma, uma esperança em uma sociedade tão desigual quanto a nossa”

Caio César Pereira dos Santos é estudante de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA) e participa do ECursinho, o cursinho de preparação para o vestibular popular da ECA. Ele explica que os cursinhos são organizados principalmente por alunos e oferecem  preparação gratuita ou de custo reduzido para pessoas de baixa renda ingressarem na universidade. Com isso, ele diz que “os cursinhos populares buscam democratizar, de alguma forma, não somente a educação, como também a oportunidade de acesso ao ensino superior”.

São cerca de 20 instituições da USP que promovem esse tipo de iniciativa, a exemplo do Cursinho Popular Clarice Lispector, da Faculdade de Farmácia, e o Cursinho da FEA, ambos no campus Butantã; o MedEnsina, da Faculdade de Medicina, na capital; o Cursinho MacVest, da Escola de Engenharia de Lorena, o Cursinho Popular EACH, na USP Leste, e o Cursinho Social Flavi USP, de Ribeirão Preto. No ECursinho, onde Santos participa, os alunos de graduação podem participar tanto da parte administrativa quanto como professores, ministrando aulas nas disciplinas que desejam.

Santos conta que atua como professor de Geografia, sendo responsável pela preparação das aulas, pela resolução de exercícios e atendendo seus alunos com dúvidas e outras demandas. Para ele, esse trabalho tem um grande valor político e pessoal: “Participar de iniciativas como essa é deixar de fazer com que certos posicionamentos fiquem apenas no ‘discurso’; é começar a, de fato, fazer algo mais concreto. Como estudante de escola pública, gostaria de poder auxiliar de alguma forma para que outros estudantes que venham da mesma origem que eu também possam realizar o sonho de cursar a faculdade em uma universidade pública”.

A USP São Carlos também conta com o Cursinho Popular da Licenciatura em Ciências Exatas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e com o Projeto Aprender, um curso preparatório para vestibulares oferecido gratuitamente no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

Além dos cursinhos populares, outros projetos têm foco no ensino, com auxílio a estudantes da rede pública, como o Da Periferia Para o Mundo, que tem participação de estudantes de vários cursos, e o Redigir, dos alunos da Escola de Comunicações e Artes.

 

Projetos sociais

Karoline Santana Oliveira, aluna de Farmácia-Bioquímica e vice-presidente da Farmácia Acadêmica Social (FAS) – Foto: Acervo pessoal

“O aluno que participar de um projeto social vai desenvolver diversas habilidades importantes inclusive para o mercado de trabalho. São elas: trabalhar em grupo, melhorar a comunicação, planejamento, gestão de tempo, tomada de decisão, entre outras. Além disso, muitas empresas veem a participação nessas atividades como um ponto positivo, é algo que chama a atenção”

Karoline Santana Oliveira, aluna de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF), é vice-presidente da Farmácia Acadêmica Social (FAS), entidade estudantil voltada para a realização de campanhas de saúde para a população externa. Na FAS, ela e os demais membros são responsáveis pela organização e execução de projetos sociais, que incluem desde campanhas de conscientização sobre a vacinação até atividades de educação sexual em instituições de ensino da rede pública.

Na sua experiência na FAS, a vice-presidente conta que tem sido possível aprender competências importantes para seu desenvolvimento profissional: ”Na FAS nós trabalhamos diretamente com informação em saúde, então aprendo muito com os palestrantes e professores que fazem parte dos nossos projetos. Além disso, desenvolvi habilidades na organização dos projetos e na convivência com os outros membros, soft skills que certamente me ajudarão muito em um futuro emprego”.

Karoline explica que, assim como os alunos de Farmácia, estudantes de outros cursos da USP se organizam em entidades semelhantes à FAS. “Na USP existem muitas organizações que promovem projetos sociais. Essas entidades são compostas de alunos de uma faculdade específica (ou em alguns casos podem ser formados por alunos de faculdades diferentes) que possuem um objetivo específico e maneira de atuar em ações sociais.”  Alguns exemplos são a FEA Social, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, a Poli Social, da Escola Politécnica, o Sanca Social, de São Carlos, o Projeto Pontes, em Ribeirão Preto, além da Enactus, iniciativa presente em mais de 37 países com projetos de desenvolvimento comunitário, que atua em vários campi: Enactus São Carlos, Enactus EEL, Enactus FEARP, Enactus Esalq, Enactus FZEA, Enactus Cidade Universitária e Enactus São Francisco.

Há também iniciativas em áreas específicas como o Escritório Piloto, que trabalha a engenharia solidária, e o projeto Idoso Amigo de estudantes de Lorena, que atua em asilos.

Em São Carlos, há também o Projeto Pequeno Cidadão, de caráter social, implantado em 1997, e que atende cerca de 220 crianças de comunidades vulneráveis, com idade de 10 a 14 anos, fruto de uma parceria entre a KPMG e a PUSP-SC. O aluno que participar do projeto pode colaborar em áreas como informática, robótica, português e matemática.

 

Inovação tecnológica e programação

Membros do CodeLab em evento realizado pela iniciativa em parceria com o Facebook em 2019 e, no detalhe, Renato Cordeiro, doutorando em Ciências da Computação – Foto: Divulgação/CodeLab

“Além do conhecimento técnico, o CodeLab é uma ótima chance de conhecer pessoas de outras unidades/campi, formando amizades e contatos profissionais”

A USP possui inúmeras iniciativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades específicas nas áreas de tecnologia. Esses projetos são, muitas vezes, organizados por alunos e professores que identificam a demanda por ambientes de estudo sobre assuntos ainda pouco trabalhados nos currículos da Universidade.

Renato Cordeiro conta que, quando estava na graduação em Ciências da Computação no Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME), ele e seus colegas sentiam falta de um espaço para aprender sobre desenvolvimento web e mobile. Com isso, Cordeiro se uniu com outros alunos para criar o CodeLab, um grupo de extensão universitária voltado para o desenvolvimento de sistemas. “Nosso principal tópico de estudo é o desenvolvimento de programas feitos para serem usados por algum público-alvo que se beneficiará de suas funcionalidades.”

No CodeLab, os alunos podem participar, entre outras coisas, de cursos de programação e da criação de projetos para clientes externos. As atividades são organizadas por outros estudantes da graduação e da pós-graduação, com o apoio e orientação de professores.

Hoje, como aluno de doutorado, Cordeiro ajuda a cuidar da administração e das parcerias do projeto. Ele conta que, durante a graduação e o mestrado, o projeto contribuiu tanto para o seu desenvolvimento técnico, quanto para o desenvolvimento de habilidades gerenciais. “Sem dúvida alguma o CodeLab é uma parte integral da minha jornada na USP.”

O CodeLab está presente no IME, no ICMC, em São Carlos, e na EACH, na USP Leste, mas há outras oportunidades nessa área na USP. O Grupo Grace, da USP em São Carlos, desenvolve atividades na área de tecnologia voltadas para o público feminino; o Grupo Tecs, do IME, trabalha focado no impacto social da computação e da tecnologia; o PoliGNU atua na área de software livre e dados públicos abertos; o Pet Computação USP atua com educação tecnológica; e o Data ICMC, na área de ciência de dados e aprendizado de máquina.

Os estudantes da USP também trabalham em duas áreas específicas que envolvem tecnologia: em pesquisa e desenvolvimento de jogos, como por exemplo o USP GameDev e o FoG – Fellowship of the Game, e projetos em robótica como o Grupo Semear e Warthog Robotics, ambos de São Carlos, e o ThundeRatz, da Poli.

 

Competições e Desafios

Além da EESC Jr., do Semear e do Warthog, a Escola de Engenharia de São Carlos abriga também outros grupos que, por meio de atividades extracurriculares, participam de desafios, competições e projetos, com destaques nacional e internacional: TupãBajaAerodesignFórmulaMileageTopus, ADAZenithSemente e GEISA , entre outros. Nesta página, é possível consultar a relação completa das equipes, incluindo as responsáveis pela organização das tradicionais semanas de engenharia, que acontecem no decorrer do ano. 

Debate e argumentação

Jess Peixoto, estudante do 3º ano de Letras e presidente do USP Debates – Foto Cecília Bastos/USP Imagens

“Entrei no USP Debates na minha segunda semana na USP e a minha trajetória dentro da Universidade acabou se pautando por ele. Eu me apaixonei pelo esporte e pela prática da argumentação a ponto de mudar meus interesses de estudo dentro do meu curso”

Algumas atividades organizadas dentro da USP atravessam várias áreas do conhecimento e, por isso, unem alunos de diferentes unidades, que se organizam para compor um espaço de formação em uma área específica. Esse é o caso do USP Debates, um grupo criado por alunos voltado para o desenvolvimento das capacidades de retórica e argumentação.

Jess Peixoto, estudante do 3º ano de Letras do campus Butantã e presidente do USP Debates, conta que o projeto foi fundado e é organizado por alunos de diversos cursos. Além do desenvolvimento em retórica e comunicação persuasiva, os participantes acessam formações em diversas áreas, como Relações Internacionais, Economia, Política e Ciência. Para Jess, o projeto oferece um espaço para o desenvolvimento intelectual e humano dos alunos, podendo ser útil a qualquer profissional.

 

Entidades representativas e coletivos

Live promovida pelos membros do Cefim para apresentação do curso de Física Médica para os calouros em 2021. No detalhe, Kyssylla Monnyelle Araújo Silva, estudante de Física Médica e diretora de Cultura e Extensão do Centro Estudantil da Física Médica (Cefim) – Fotos: Cefim e arquivo pessoal

“Participando dos CAs e dos coletivos, você consegue ter um pensamento mais crítico sobre a sociedade e sobre a Universidade. São espaços para entender os problemas e pensar como você pode interferir para mudá-los”

Nas entidades representativas estudantis os alunos são eleitos para discutir sobre a vida política da Universidade e participar de decisões que influenciam a vida do corpo discente. Alguns exemplos são o Diretório Central do Estudantes (DCE), que representa todos os campi da Universidade, e os Centros Acadêmicos (CAs), que representam os cursos e as unidades da USP.

Kyssylla Monnyelle Araújo Silva, estudante de Física Médica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), é diretora de Cultura e Extensão do CA do seu curso, o Centro Estudantil da Física Médica (Cefim). Ela explica que “os centros acadêmicos são espaços onde você consegue construir luta política para o curso e construir projetos para conectar a Universidade com a sociedade”.

A diretora do Cefim pensa que, mais do que uma escolha, os alunos têm a obrigação de estarem engajados com os centros acadêmicos e as demais entidades estudantis, seja por meio da participação direta, na formação de chapas para gestão, seja na participação indireta, nos grupos de debates e assembleias. Ela destaca a importância das chapas serem compostas de estudantes de escolas públicas, negros, pardos e indígenas, tendo em vista a ampliação das políticas de cotas na USP. “Eu acredito que esses estudantes devem estar nos espaços de luta, pois eles conseguem entender como é ser aluno em um lugar que não foi pensado para eles.”

Além da gestão dos CAs e do DCE, Kyssylla diz que é possível participar de debates políticos por meio dos coletivos, que são grupos formados por pessoas que desejam discutir sobre algum tema em conjunto, sem estar necessariamente atrelados às entidades representativas. “Os coletivos são espaços de trocas de vivências, de acolhimento, onde você também pode pensar nos problemas do curso, da universidade e da sociedade e conectar todos esses espaços juntos, em um espaço para a luta, para a transformação.”

Em conjunto, Kyssylla entende que os coletivos e as entidades representativas conseguem gerar grande impacto na vida dos alunos. “Um exemplo é que, quando você tem um CA e um coletivo ativo dentro da Universidade, você consegue resolver problemas de infraestrutura na moradia estudantil, exigir que um teto caído seja consertado e assegurar os direitos dos estudantes que vivem lá.”

Na USP o estudante encontra coletivos feministas, como o Coletivo Feminista Dandara, da Faculdade de Direito, o Coletivo Feminista Aurora Furtado, do Instituto de Psicologia, Coletivo Feminista Mayumi Watanabe, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, todos da capital. Também coletivos negros, como o Poli Negra, da Escola Politécnica, o Núcleo Ayé, da Faculdade de Medicina, o Escuta Preta, do curso de Psicologia, e o Coletivo Negro da USP Ribeirão Preto. Os que representam LGBTs também são organizados como o Todas as Letras, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, o Poli Pride, da Escola Politécnica, e o Ferros, da Faculdade de Direito. Existem coletivos com outras pautas, como o Coletivo Autista da USP, que acolhe estudantes com autismo que chegam à Universidade.

Coral e atividades culturais

Apresentação do Coral da USP e, no detalhe, Alice Cavallari Vieira, letrista e participante do grupo 12 em ponto – Foto: Cecília Bastos e acervo pessoal

“A pessoa que participa do coral aumenta sua bagagem cultural, aprende a cantar em coro, conhece pessoas incríveis, além de participar de diversas apresentações durante o ano, nos mais diversos e interessantes lugares!”

Alice Cavallari Vieira participa do Coral da USP desde o primeiro ano de graduação de Letras. Ela explica que o Coral da USP é, na verdade, um conjunto de grupos ligados à Universidade e abertos à comunidade externa que organizam atividades de canto. A gestão do projeto é feita pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, e cada grupo conta com seu próprio regente, horário e local de encontro.

Para ela, a formação artística foi importante para a relação com a Universidade. “Logo que ingressei na USP, entrei em aulas preparatórias para o coral e em seguida no 12 em ponto, um dos grupos de canto disponíveis. A formação artística é essencial na vida de todos e sem dúvida me deixou mais ligada à USP.”

Clique aqui e saiba mais sobre o Coral da USP São Carlos.

Na área de cultura também existem grupos que realizam ações de extensão, como a Fea Cultural, da Faculdade de Economia e Administração, e o CineGri, organizado por estudantes de Relações Internacionais para debater Geopolítica por meio do Cinema. Em São Carlos, há o Centro Cultural da PUSP-SC e o Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária (GCACEx) que oferecem atividades de cultura e extensão.

As baterias universitárias também fazem parte das atividades organizadas pelos estudantes, como no caso da BaterEca, da Escola de Comunicações e Artes, e da Bateria Manda-Chuva, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

As ações organizadas pela Universidade estão reunidas no site da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

 

Por Valentina Moreira – Jornal da USP com informações da USP São Carlos

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