Cientistas desenvolvem protótipo de uma pulseira com sensor acoplado para identificar a presença no ar do dióxido de nitrogênio, gás nocivo à saúde humana

De cor marrom-avermelhada e odor irritante, dióxido de nitrogênio (NO2) é formado pela combustão de combustíveis fósseis em usinas de energia e motores de veículos e contribui para formação de ozônio, chuva ácida e aquecimento global – Foto: wikimedia – Foto: wikimedia
Como os sensores são aquecidos, o uso diário em acessórios ou roupas não é viável”, diz a pesquisadora. “O foco da pesquisa foi desenvolver um sensor acoplável que fosse de fácil fabricação e baixo custo, para o monitoramento em tempo real do ar atmosférico.”
O dispositivo mede aproximadamente 1 cm por 0,5 cm e foi fabricado com um eletrodo de ouro em um substrato de um material polimérico (PET). “Para obter o sensor é depositado sobre o eletrodo um material com nanopartículas de óxido de grafeno reduzido (rGO) e óxido de zinco (ZnO)”, relata Amanda Akemy Komorizono. “Esses materiais não apresentam toxicidade e o sensor pode ser reciclado após o fim da vida útil.”
“O funcionamento do sensor é baseado na alteração da resistência elétrica do dispositivo. Quando o dispositivo é exposto ao dióxido de nitrogênio ocorre uma redução e, quando o gás é removido do ambiente, ela retorna ao seu valor inicial”, diz a pesquisadora. “Através dessa variação da resistência elétrica é possível identificar quando o ambiente apresenta concentrações do gás acima do limite permitido.”

Sensor mede aproximadamente 1 centímetro (cm) por 0,5 cm; ideia é usá-lo em ambientes expostos a altas concentrações de dióxido de nitrogênio, como indústrias, setor de transporte e agricultura – Gráfico: cedido pelos pesquisadores
Segundo Amanda Akemy Komorizono, a ideia é que o sensor seja empregado por pessoas que trabalhem em ambientes em que possam estar expostas a altas concentrações de dióxido de nitrogênio como, por exemplo, indústrias, setor de transporte e agricultura. “Atualmente, está em fase inicial de desenvolvimento o protótipo de uma pulseira que deverá suportar o sensor mais o circuito elétrico”, anuncia. A pulseira está sendo desenvolvida em parceria com o grupo Minos, liderado pelo professor Eduard Llobet, da Universitat Rovira i Virgili na Espanha. “Em seguida, o protótipo será testado ainda em laboratório antes de iniciar os processos para a comercialização.”
O artigo Flexible gas sensor based on rGO-ZnO for NO2 detection at room temperature é assinado por Amanda Akemy Komorizono, Ramon Resende Leite e Valmor Roberto Mastelaro, do IFSC, Silva De la Flor e Eduard Llobet, da Universitat Rovira i Virgili. O sensor de gás flexível foi desenvolvido através de uma parceria do Grupo de Nanomateriais e Cerâmicas Avançadas (NaCA) do IFSC/USP com o grupo Minos da Universitat Rovira i Virgili. Na Espanha, os pesquisadores Alejandro Santos-Betancourt e Alfonso Romero também participam do desenvolvimento do protótipo.
Mais informações: e-mails amanda.akemy@hotmail.com, com Amanda Akemy Komorizono, e valmor@ifsc.usp.br, com o professor Valmor Roberto Mastelaro
Texto: Júlio Bernardes
Arte: Simone Gomes
Por Jornal da USP