Alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, as bibliotecas pretendem se transformar em um local de pleno acesso ao conhecimento; funcionamento com horário estendido, ações culturais, jogos, área de descanso e novas formas de pesquisar buscam atrair mais público
“A ciência, a cultura e todas as outras faces do saber residem nas bibliotecas”
“A ciência, a cultura e todas as outras faces do saber residem nas bibliotecas. É por isso que esses espaços são tão essenciais para a elaboração de um projeto inovador de futuro”, pontuou a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, na abertura da XXV Semana do Livro e da Biblioteca da USP, evento realizado na última semana de outubro. “O Brasil precisa se afastar do obscurantismo e da regressão, que beiram a barbárie. Sem as bibliotecas, muito dificilmente seremos capazes de fazer isso”, destacou a professora, evocando o papel fundamental das bibliotecas para a construção de dias mais prósperos.
Com a temática Parceiras Estratégicas da Agenda 2030, as discussões principais do encontro pautaram, justamente, ações que podem ser colocadas em prática pelas bibliotecas para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU. Foram destacadas a importância da implementação da ciência aberta nas bibliotecas, que visa a efetivar a educação básica e combater a desigualdade, ao facilitar o acesso ao conhecimento por meio da disponibilização das informações nos veículos digitais. Entre os exemplos, está a Biblioteca Dante Moreira Leite do Instituto de Psicologia (IP) da USP, uma das bibliotecas universitárias comprometidas com os propósitos da ciência aberta.
O evento, que mobilizou a comunidade acadêmica em prol da adesão ao Selo ODS, sistema que integra os projetos e instituições comprometidos com a implementação da Agenda 2030, também apresentou vários cases, como o horário estendido e o espaço Geofactory na biblioteca do Instituto de Geociências ou o projeto de acessibilidade total implementado nas bibliotecas do campus de São Carlos. Confira abaixo algumas iniciativas transformadoras de bibliotecas da USP, projetadas para os novos caminhos e desafios do futuro:
Inclusiva e acessível: em busca de todos os públicos
Já imaginou uma biblioteca com jogos de tabuleiro, cafeteria e área de descanso? Após a reforma, prevista para ser concluída em setembro de 2023, essa será a realidade da Biblioteca Central do Campus USP de Ribeirão Preto, que também terá salas de estudo individual e empréstimo de notebooks, tablets e fones de ouvido. O espaço é de uso público, para a comunidade USP e externa, da mesma forma que na Seção de Biblioteca da Prefeitura do Campus USP de São Carlos, que empresta materiais, oferece salas de leitura e estudo e recebe escolas públicas para atividades educacionais e de divulgação científica por meio de parcerias com o Centro de Inclusão Social USP São Carlos (CIS-USP SC) e o Projeto Pequeno Cidadão.

Projeto Pequeno Cidadão em biblioteca da USP São Carlos – Foto: Divulgação/IFSC
Além de aproximar o público geral da Universidade, as bibliotecas contam com estrutura e equipamentos que as tornam acessíveis para as pessoas com deficiência.

Itens de acessibilidade na biblioteca do ICMC, na USP em São Carlos – Foto: Divulgação/ICMC
As bibliotecas não são mais tão frequentadas fisicamente quanto eram no passado, e o consumo de informação também não é o mesmo de 30 anos atrás. Tudo mudou.
Era preciso pensar um espaço em que eles tivessem um conforto maior para pôr a criatividade em desenvolvimento, com o uso racional dos recursos.
Os alunos que passam por lá contam das dificuldades e como ter um espaço de acolhimento como esse fez a diferença.
Fala de palestrantes durante a Semana do Livro e da Biblioteca na USP
Eventos e exposições: espaço especial para a cultura
A organização de eventos culturais também é uma atividade das bibliotecas. Para pensar sobre os problemas atuais e mostrar a importância das Humanidades, a Biblioteca Florestan Fernandes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), apresenta no podcast Vem junto 2030 os trabalhos da instituição que se relacionam aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) a partir de explicações de professores e pesquisadores.
Realizada pela Biblioteca Achille Bassi, do ICMC, e pela Biblioteca do IAU, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), a Festa do Livro de São Carlos tem, além da venda de livros e rodas de conversa com autores, uma programação cultural e literária temática, com sarau de poesia, apresentações musicais e oficinas de teatro. O evento ocorre uma vez por ano, em agosto.

Festa do Livro na USP em São Carlos – Foto: Divulgação/USP SC
Já na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), o Serviço Técnico de Biblioteca promove em seu espaço exposições de coleções iconográficas de profissionais da área, com materiais como fotografias, vídeos e desenhos, acompanhadas de seminários, para dar visibilidade às mais recentes doações feitas à biblioteca.
Clique aqui para ouvir um dos episódios do podcast Vem Junto 2030
Divulgação científica
Divulgar o conhecimento é a missão da Divisão de Biblioteca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), que publica já há 25 anos a Série Produtor Rural, projeto de extensão universitária que leva ao agricultor familiar, que compõe a maior parcela dos produtores rurais do Brasil, teses e pesquisas da USP da área explicadas numa linguagem simples e com ilustrações para que ele possa melhorar sua produção. É o conhecimento produzido dentro da Universidade levado até o produtor.
Você pode baixar gratuitamente os volumes neste link ou adquirir a versão impressa.

Série Produtor Rural leva conhecimento da Universidade para pequenos agricultores – Foto: Divulgação/Esalq
E para levar informação para uma plataforma de grande alcance, a Biblioteca Carlos Benjamin de Lyra, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), integra o projeto Glam (Galerias, bibliotecas, arquivos e museus, na tradução do acrônimo em inglês) Bibliotecas da USP, junto da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e o Serviço Técnico de Biblioteca da FAU. O projeto estabelece parcerias educacionais e culturais com a Fundação Wikimedia para que os funcionários da biblioteca criem e mantenham artigos de docentes e pesquisadores de sua unidade na Wikipédia, contando com citações e referências de fontes seguras. A biblioteca também publica conteúdos midiáticos no Wikimedia Commons, de acesso aberto e gratuito, e cadastra a produção científica de sua unidade no WikiData.
Além disso, como forma de promover a alfabetização informacional e midiática, uma das práticas educacionais do projeto é usar a Wikipédia como meio de inserir os alunos de graduação na pesquisa e escrita de textos informativos, de acordo com a linguagem da plataforma.
Organizar a informação de forma qualificada para o público é uma das iniciativas da Biblioteca Lourival Gomes Machado, do Museu de Arte Contemporânea (MAC), que participa de todo o processo de curadoria das exposições do patrimônio bibliográfico documental na temática ambiental no âmbito da arte presente no acervo, com livros e outros documentos históricos. O intuito é não só preservar o patrimônio, mas torná-lo acessível ao público no formato de informação, instigando o interesse pelo estudo das relações entre cidade, arte e meio ambiente.
A Divisão de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Medicina (FM) se dedica a analisar e reunir a produção científica dos docentes e pesquisadores do complexo FM e Hospital das Clínicas (HC) que se relaciona com os ODS na Comunidade Temática ODS do Observatório da Produção Intelectual (OPI) do Sistema HC-FMUSP. A biblioteca também colabora na produção de uma série de vídeos com os especialistas da faculdade que estão desenvolvendo suas pesquisas nas áreas dos ODS. Confira os vídeos clicando aqui.
Esse tipo de mapeamento por diversas bases de dados também é realizado pela Biblioteca Prof. Dr. Sergio Rodrigues Fontes, da EESC.
A Biblioteca Dante Moreira Leite, do Instituto de Psicologia (IP), trabalha em projetos de acesso aberto de periódicos e outros materiais no meio digital a partir de sua biblioteca virtual, da disponibilização de obras no Portal de Livros Abertos da USP e do incentivo à publicação em acesso aberto, essa que é a missão da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP (ABCD), que promove a Ciência Aberta aglutinando e divulgando a produção científica da Universidade.
Clique no player abaixo para conferir um dos vídeos da série com pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP:
Como Universidade, temos a obrigação de compartilhar tudo que aprendemos, de transformar uma linguagem ou uma pesquisa em algo que possa ser assimilado por eles.
A Wikipédia é um dos dez sites mais acessados do mundo, então precisamos ultrapassar um pouco as portas da biblioteca, do nosso catálogo on-line, e ir ao encontro dos usuários onde eles vão buscar a informação.
Fala de palestrantes durante a Semana do Livro e da Biblioteca na USP
Para saber mais sobre as iniciativas de bibliotecas da USP acompanhe a Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais (ABCD) pelo site https://www.abcd.usp.br e nas redes sociais Facebook, Instagram e Twitter.
Por Luisa Hirata e Maria Fernanda Barros – Jornal da USP