Instalações Petrolíferas: Centro de Robótica da USP lidera projeto para o uso de robôs em trabalhos de alto risco

Plataforma da Petrobras – FPSO Sepetiba (Crédito: Imprensa Petrobras)

O Centro de Robótica da USP (CRob), com participação da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), todos da Universidade de São Paulo, lidera o projeto recém-aprovado Infraestrutura para o Desenvolvimento de Ferramentas Robóticas para Inspeção e Manutenção em Instalações Petrolíferas. No total, serão investidos mais de R$ 48 milhões em infraestrutura e R$ 19 milhões em bolsas de estudos, viagens, material de consumo e serviços de terceiros diretamente aplicados no desenvolvimento das pesquisas.

A iniciativa tem parceria da Petrobras e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e pretende, ao final dos estudos, viabilizar o uso de robôs na execução de tarefas que possam colocar em risco a vida de funcionários de trabalham em instalações petrolíferas onshore (atividades em terra) e offshore (atividades em mar), seja em áreas com risco de explosão ou em espaços confinados e de difícil acesso, por exemplo.

“Seja onshore ou offshore, o ambiente de trabalho nesses locais é, inerentemente, de alto risco, haja vista a presença constante de líquidos e gases inflamáveis e explosivos. Quando o assunto é offshore, o que temos são centenas de funcionários petroleiros e terceirizados embarcados nas plataformas, distantes centenas de quilômetros da costa brasileira, trabalhando em regime de confinamento, em geral, sob turnos de 12 horas, durante períodos de 15 dias e sujeitos a um grande estresse. Essas difíceis condições de trabalho estão motivando as empresas do setor de gás e petróleo a procurar maneiras de aumentar a segurança de seus funcionários, reduzir a incidência de acidentes e melhorar as condições de trabalho. Em adição a isso, com a pandemia da covid-19, ficou claro o grande risco de contaminação e transmissão de doenças infectocontagiosas que estão sujeitos os petroleiros embarcados em plataformas offshore”, detalha Marcelo Becker, docente da EESC e coordenador do CRob.

Professor Marcelo Becker (EESC-USP), coordenador do projeto, com robô quadrúpede. Crédito: Divulgação

Os estudos em ambiente cenário que representa as dificuldades encontradas em plantas fabris já tiveram início e, como parte da infraestrutura para análise em campo, estão sendo adquiridos 40 robôs móveis aéreos e terrestres com diferentes configurações, como, por exemplo, robôs andadores, robôs com rodas, robôs híbridos, esféricos e com esteiras, além da construção de ambiente cenário modular realista semelhante ao encontrado em aplicações reais. Isso vai permitir a execução de testes experimentais com segurança e com graus crescentes de dificuldade para movimentação e atuação desses robôs.

A escolha por essa classe de robôs acontece principalmente por sua maior capacidade de locomoção em ambientes não estruturados, facilidade em superar obstáculos e em lidar com a presença de rampas e escadas. “A ideia do projeto, então, é estudar o emprego de robôs móveis trabalhando, em princípio, individualmente, e desempenhando tarefas perigosas. Algumas configurações de robôs terrestres e aéreos podem contar com um braço robótico para que os mesmos consigam interagir com o ambiente e manipular pequenas peças, sensores, instrumentos e até mesmo ferramentas”, complementa Becker.

 

Montagem de imagens com modelos de robôs que vão fazer parte dos estudos em campo

Já em relação aos recursos humanos, o projeto contará com a participação de mais de 50 pesquisadores, entre estudantes de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. As linhas de pesquisa envolvidas estão relacionadas ao uso de técnicas de inteligência artificial, controle e navegação para inspeção autônoma com robôs, entre outras.

Para o professor da EESC, o novo projeto deve-se muito à credibilidade das pesquisas na área da robótica móvel que vem sendo realizadas pela USP e evidencia quão frutífera é essa parceria entre a Universidade e o setor produtivo. Confiante nos resultados positivos, destaca: “O conhecimento gerado e o investimento técnico possibilitarão que seja criada em nossa instituição, em especial no CRob, uma infraestrutura laboratorial única na América Latina na área de Robótica e Automação. E esse potencial vai contribuir significativamente para a formação de startups na área, além de atrair empresas para a região de São Carlos, que já é conhecida nacionalmente como Capital da Tecnologia”, concluiu.

 

Assessoria de Comunicação EESC-USP

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